Casada com a Fera romance Capítulo 2

— Você vai casar com o senhor Carter e não tem mais discussão, Sophie! — aquela era a palavra final de Charles.

Eu já deveria ter desistido de discutir e tentar convencê-lo do contrário, mas não podia desistir tão facilmente, era minha vida e eles já tinham destruído ela todos esses onze anos.

— Mas eu não posso me casar com um homem que nem conheço! Não sei nem quem são os Carter’s.

— Isso só mostra o quanto você é desinformada queridinha. — Magie a esposa do meu tio falou com puro deboche, jogando o cabelo loiro para trás. — Eles são simplesmente a família mais rica do país, as joias deles vendem ao redor do mundo todo.

— Porque um homem assim iria querer se casar comigo? Ele pode ter qualquer mulher no mundo, tem que ter outra forma de fechar esse acordo! — bati o pé e Charles deu a volta na mesa ficando de frente para mim.

Eu tinha aprendido a temer o homem com o passar dos anos, aprendi a baixar a cabeça e engolir as coisas que ele falava, pois isso significava menos surras e castigos.

— Escuta aqui fedelha, te criamos esses onze anos mesmo depois que aqueles seus pais ladrões fugiram e morreram no processo, te demos de tudo, então agora é hora de você retribuir! — engoli em seco, querendo gritar que não acreditava em suas palavras sobre meus pais, mas fiquei quieta. — Vai casar com Patrick Carter, dar todos os herdeiros que ele quiser e vai fazer isso sorrindo!

Justo agora quando faltava apenas um ano para que eu conseguisse minha independência isso não podia acontecer, logo quando eu finalmente me veria livre daquele inferno, daquelas pessoas sem coração, agora eu seria jogada nos braços de um homem que eu nem conhecia.

— Sim senhor. — respondi a contragosto.

— Se anima priminha. — Louis disse rindo do sofá enquanto virava mais um copo de whisky. — Ouvi dizer que ele é um deformado, que vive recluso em uma casa nas montanhas, tenho certeza que vai ser como nos seus livros bobos.

Queria socar e xingar, ou arranhar a cara daquele desgraçado como fiz anos atrás, mas só de lembras as marcas em minhas costas um arrepio gelado subia por minha coluna, me lembrando que manter a boca fechada ali era questão de sobrevivência.

— O casamento é amanhã, o tabelião virá até aqui e você vai assinar os papéis, depois disso eu e o pai dele resolveremos o restante dos detalhes.

— Ele não vai vir? Não vamos casar na igreja? — perguntei perplexa que até mesmo isso estivessem tirando de mim.

Meu sonho de entrar na igreja de véu e usando o vestido da minha estava mesmo indo por água a baixo e eu nem podia fazer nada.

— Não seja tola garota! Isso não é um casamento cheio de bobagens e frescura, isso aqui é uma transação comercial.

Meus olhos se encheram de lágrimas com a constatação que eu era uma mercadoria de troca, eles levavam uma mulher para dar herdeiros ao filho e meu tio levava muito dinheiro para a empresa.

— Odeio vocês! — juntei toda minha raiva e joguei para cima a ideia de ser uma boa menina, se ele estava me vendendo não tinha porque continuar com aquilo.

Charles ergueu a mão pronto para me bater, mas Magie gritou o parando.

— O casamento é amanhã, quer mesmo que ela tenha o rosto marcado e eles desistam do acordo?

— Tem razão linda, bem lembrado. — ele olhou para ela comendo a com os olhos, antes de me dispensar com um aceno de mão. — Vá para o seu quarto e não saia de lá até a hora de assinar os papéis, não quero ver essa sua cara mais!

Sai de lá pisando duro deixando que as lágrimas escorressem por meu rosto e me tranquei no meu quarto.

Chorei por muito tempo, até pegar no sono, tinha me acostumado a passar os dias trancada dentro do quarto e dormir para esquecer a fome, eles sentiam prazer em me dar aquele tipo de castigo.

Uma batida na porta me acordou e eu peguei a pequena faca que deixava em baixo do meu travesseiro, tinha sido assim desde o dia que acordei com meu primo em cima de mim me tocando.

— Quem é?

— Sou eu menina, a Rosa, abre aqui. — suspirei aliviada quando ouvi a voz familiar de uma das minhas pessoas preferidas naquele mundo. — Rápido, fecha rápido pra ninguém me ver.

A mulher baixinha e rechonchuda entrou carregando uma bandeja com o que deveria ser meu jantar.

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