Casada com a Fera romance Capítulo 39

Eu tinha perdido todo auto controle que sempre acreditei ter, naquele momento eu só queria quebrar a cara dos dois homens que fizeram minha Sophie sofrer, dos dois babacas que estavam acabando com a nossa noite perfeita.

Mas então no meio de toda minha loucura uma voz se sobressaiu, eu soube que era Sophie me tirando daquelas trevas e dos pensamentos assassinos e trazendo de volta para ela.

— Patrick! — meu olhar focou nela e no mesmo instante eu soube que tinha algo de errado com ela.

O rosto estava ainda mais pálido e o corpo dela parecia oscilar, foi o tempo de meus dedos soltarem o colarinho do tio dela, para que Sophie fechasse os olhos desmaiando. Por sorte John estava perto dela e agarrou seu corpo impedindo ela de cair no chão.

Em dois passos eu estava ao seu lado a puxando para o meu colo antes de correr entre as pessoas buscando a saída.

— Sophie! Amor, fala comigo! — repetia incessante enquanto o incomodo no meu coração só crescia, eu sentia que ia sufocar se não visse seus olhos abertos de uma vez.

— Por aqui Patrick! — meu pai gritou correndo pela lateral do salão, que daria nos fundos. Ele estava certo, era o melhor, sairíamos muito mais rápido sem enfrentar a horda de jornalistas.

Assim que alcançamos o lado de fora eu avistei John chegando com o carro. Meus pais nos seguiram com o motorista deles atrás de nós, o que eu agradeci, pois nesse momento só queria ficar sozinho com Sophie.

Eu era culpado por isso também, me deixei levar pelo ódio que me consumiu e esqueci que deu estado de saúde era crítico e que eu deveria manter a calma e evitar que ela passasse por qualquer estresse.

Deslizei meus dedos pelo rosto delicado, sentindo a pele macia e fria, os olhos fechados dela e a falta de movimentos me deixava ainda pior. Não era assim que deveria acabar nossa noite, não foi isso o que eu planejei.

— Sophie, acorda querida. — murmurei pegando uma das mãos dela e a levando até meus lábios.

Beijei repetidas vezes, sentindo o anel que tinha acabado de lhe dar cutucar minha boca, como um lembrete irônico de que mesmo que eu tentasse o certo, as coisas sempre davam errado. Mas Sophie era a única coisa certa na minha vida.

Virei a palma da mão dela para cima e deslizei meus lábios por cada pedacinho, descendo até alcançar seu pulso, os batimentos fracos eram um conforto de que ela estava viva, mas ao mesmo tempo um soco no estômago saber como ela estava.

Não demorou para que chegassemos ao hospital e logo Sophie foi levada de mim, e eu fiquei lá paralisado na porta por onde tinham levado ela. Não sabia como ela estava, como nossos filhos estavam, meu estômago se revirou de forma feroz e eu quase vomitei.

A única vez que tinha me sentido assim foi quando tiraram meu filho de mim, me senti impotente, sem força, um inútil que deixou uma vida inocente ser destruída.

— Filho, ela vai ficar bem. — mamãe deslizou a mão por minhas costas tentando me confortar, mas não tinha nada que fosse me trazer conforto a não ser ver os olhos de Sophie abertos e o sorriso em seus lábios.

— Porque não vamos até o banheiro Patrick? — a voz do meu pai soou imperiosa atrás de mim e eu o olhei em confusão. — Suas mãos estão cobertas de sangue.

Só então me dei conta de que o sangue dos dois vermes continuava em minhas mãos, suspirei sabendo que não tinha para onde fugir e o segui até o banheiro. Quanto mais eu lavava minhas mãos menos efeito parecia fazer, os nós dos dedos estavam esfolados mostrando o tamanho da minha fúria. Ergui meus olhos para o espelho e me deparei com os olhos opacos, totalmente sem brilho me lembrando do estado miserável que eu estava antes de Sophie aparecer na minha vida. Percebi só aí que minha máscara tinha caído em algum momento durante a briga e eu nem tinha me importado, só queria faze-los pagar.

— Porque fez aquilo filho? Eu ouvi o que o babaca disse, mas antes mesmo dele xingar Sophie você já estava o socando com ódio.

Meus pais não sabiam por tudo o que Sophie tinha passado naquela casa, eu tinha me limitado em contar a eles sobre a fraude do tio. Mas talvez esse foi meu erro, esconder deles todo o resto.

— Aqueles desgraçados não deveriam ter sido convidados pra começo de conversa. — falei lembrando do que eu precisaria dar um jeito, riscar aqueles dois infelizes de qualquer evento que a Carter estivesse envolvida. E pelo espelho vi meu pai acenar concordando. — Sabia que Sophie dormia com uma faca em baixo do travesseiro? — a cara de confuso dele me mostrou que não, ninguém sabia é claro. — Ela passou a dormir com uma faca depois que o desgraçado do primo tentou abusar dela quando ela tinha quinze anos, ninguem na casa fez nada, só quando ela conseguiu se virar e atacar o bastardo foi que apareceram.

— O que? Isso não... Aquele merdinha filho da puta! — meu pai rosnou esfregando os dedos no cabelo grisalho e saindo da pose de certinho.

— Sophie levou uma surra de cinta, que machucou as costas dela por dias, tudo porque ela acertou a cara do babaca. — rosnei fechando minhas mãos em punho com a lembrança de tudo o que ela me contou. — Ela tinha que conviver com aquele demônio todos os dias então decidiu se proteger. Ela era só uma menina pai! Ninguém tinha que passar por isso na vida! E agora eles vem como se nada tivesse acontecido e querem fingir ser uma boa família porque ela tem dinheiro?

Abri o verbo contando tudo o que ela me contou, sobre cada vez que foi espancada, deixada com fome e machucada, por todo abuso fisico e psicólogico que ela passou, quando terminei vi o rosto transtornado e o sangue nos olhos dele, o desejo de matar alguém gritando em sua expressão.

— Então você fez pouco! Aquele verme tem que morrer e já sei quem vai dar um jeito nisso...

— O que você vai fazer pai? — questionei quando ele abriu a porta da parecendo ter uma missão nas mãos.

— Eles vão pagar filho! — ele sacou o celular do bolso e eu o segui, surpreso por meu pai ter algum plano maluco de sequestrar alguém. — Vou chamar Cris e vamos dar um jeito neles.

— Pegue o Louis! — afirmei sabendo que precisávamos do tio dela vivo. — O velho vai responder todos os processos e devolver a dignidade ao nome dos pais dela!

— Ela acordou! — minha mãe gritou para nós assim que chegamos a sala de espera e eu não esperei que falasse de novo.

Corri para o quarto em que Sophie estava com desespero, meu coração disparou no peito com a mera ideia de vê-la acordada e bem, saber que nada de grave tinha acontecido a ela e aos nossos filhos. Era tudo o que eu desejava.

Atravessei a porta assutando ela e a enfermeira que terminava de arrumar o soro, meus olhos focaram nela abatida e pálida, encolhida naquela cama, mais uma vez sendo furada e monitorada. Sophie abriu um sorriso pra mim e eu desmoronei ao lado da cama, caindo de joelhos e pegando a mão dela.

— Me perdoa! Me perdoa por te fazer passar por isso! — beijei incessantemente os dedos dela enquanto deixava a lágrimas molharem sua mão.

— Patrick? Do que você está falando? — ela questionou se mexendo na cama e tentando me ver melhor. — Amor levanta! Você não tem que me pedir perdão por nada.

— Tenho sim, se eu simplesmente tivesse chamado os seguranças e ordenado que tirassem eles de lá você não estaria nesse hospital agora. Eu fiz aquela cena horrível na sua frente e te causei isso...

— Só cale a boca e levante daí antes que eu te arraste! — Sophie ordenou perdendo a pose doce e delicada, me surpreendendo totalmente e me fazendo levantar. — Eu amei o que você fez, você me defendeu. — a mão dela envolveu meu rosto com delicadeza, acariciando a parte marcada do acidente. — Eu estava prestes a cortar a mão do desgraçado que me tocou quando você o pegou. Adorei ver que você me defendeu de todos eles, não se importando com etiquetas e regras. Eles me causaram isso quando apareceram, não você. Pelo contrário, eu ouvi Suzie dizer que você está encrencado depois daquilo.

Coloquei minha testa contra a dela encarando aqueles olhos magníficos e beijando brevemente os lábios dela.

— Eu te amo tanto mulher! Você não tem ideia do quanto! — fiquei feliz que ela pensasse assim, mesmo que eu não tirasse a minha culpa nisso, saber que Sophie apreciou o que fiz me deixava mais relaxado ao lado dela.

— Boas notícias... que casal pra se amar vocês dois, não é? — a doutora entrou animada falando. — Mas vamos ao que interessa, nossa mamãe está bem, os exames estão ótimos, foi só um desmaio por estresse, muita emoção pra um dia só.

— E os bebês? — Sophie fez a pergunta por nós dois, porque agora eu não tinha coragem de perguntar mais nada.

— Era sobre isso que eu queria falar com voces. — meu coração se afundou no peito e eu sabia que não suportaria perder mais um filho, isso arrebentaria minha alma e me lançaria naquele poço escuro de novo. — Aparentemente está tudo ótimo, e a boa notícia é que vamos ouvir esses coraçõezinhos.

— Porra... — suspirei soltando o ar e ouvi Sophie rir ao meu lado. — Eu não tenho mais idade pra isso, vou acabar infartando desse jeito!

Mas eu finalmente estava respirando aliviado, saber que Sophie estava bem e que com certeza nossos filhos também, tirava uma tonelada das minhas costas e trouxe um alívio ao meu coração.

Nao o demorou para que os aparelhos fossem colocados e nos esperávamos em expectativa. Minha pequena agarrou minha mão com firmeza, sorrindo de orelha a orelha e até nossos pais tinham invadido o quarto aquela altura, a família estava reunida pronta para ouvi-los.

Então aquele som maravilhoso e duplicado preencheu a sala, olhei pra minha mulher não me importando se as lágrimas embaçavam a minha visão, Sophie já estava se debulhando e soluçando. Aquele som preencheu todas as lacunas escuras que ainda restavam dentro de mim, mudando completamente tudo e enchendo com luz, amor, esperança.

Era um misto de coisas boas que eu estava sentindo naquele momento e nada mais importava, nehum problema, os escândalos, as brigas e dificuldades que Sophie e eu enfrentamos e iríamos enfrentar. Nada mais importava por que nós tínhamos eles dois!

Algumas horas depois Sophie estava dormindo contra o meu peito, ainda estávamos no hospital pois ela precisava de muito descanso antes de uma viagem. Eu respondia as últimas mensagens de Suzie, que estava lidando com todo o escândalo que ocupava a boca do povo no mundo todo, quando uma mensagem de um número desconhecido apareceu na tela.

"Vejo que está feliz, mas espero que esteja pronto para chutar essa mulher ou os Carter vai perder mais herdeiros."

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