CAPITULO 2
Mayara Gomez
Nem acredito que cheguei até aqui! Quem não me conhece não acreditaria se eu contasse uma parte que seja, da minha trajetória. Mas nunca deixei de acreditar que tudo que realmente queremos, conseguimos! Apenas precisamos estabelecer metas e prioridades, e dependendo das dificuldades que enfrentamos, os nossos sonhos podem atrasar, mas um dia chegaremos lá, e poderemos enfim respirar e dizer "eu consegui ".
Mas para um lutador, os seus sonhos nunca terminam, eles apenas se renovam, e hoje estou concluindo uma parte e começando a outra.
Nasci em Lá Plata, região Norte da Argentina, uma cidade pequena, conhecida por suas ruas é diagonais, a cada quatro ruas, tem uma diagonal, mas é muito acolhedora.
Cresci a andar descalça na terra vermelha, terra linda que quando chovia o cheiro do barro era ainda melhor que a vista, um verde esplêndido, decorado com as mais maravilhosas plantações, onde eu adorava passear e colher os legumes e frutos, direto do pé, quem viveu isso sabe dizer que não precisa de mais nada.
Mas infelizmente a minha família não teve tanta sorte, pelo fato da nossa condição financeira ser muito baixa, passamos por muitos desafios e dificuldades que algumas vezes quase me fizeram desistir, mas deixava a fome de lado para poder pagar a passagem do ônibus para ir para a escola, mas eu não queria parar por aí, o meu sonho ainda era o mesmo, de um dia ser uma veterinária, para eu poder ajudar todos os animais que estiverem no meu alcance.
Escolhi essa faculdade pelo fato de que um dia precisei de um veterinário, e não consegui a tempo de salvar a nossa égua Zila, que adoeceu e não resistiu por falta de atendimento. Ela era minha paixão, aprendi a montar nela mesmo pequena, eu falava com ela e ela ouvia-me, o seu olhar não me dizia outra coisa, ela era branca e sempre bem penteada, mas foi infelizmente tirada de mim.
Os meus pais trabalhavam na roça, colhendo e plantando para o patrão, mas como somos cinco irmãos, não era fácil manter uma casa com tão pouco.
Quando comecei a faculdade, o meu irmão mais velho me ajudava com alguns custos, e eu sempre ajudei na roça para não faltar em casa, Rodrigo pagava o meu material, já que eu ganhei uma bolsa de estudos, e eu pagava as passagens, mas nem sempre o dinheiro dava. As vezes sentia-me egoísta, nenhum deles se formou e eu insisti em conseguir o meu diploma, mas minha mãe sempre dizia do orgulho de todos por mim.
— Este lugar é realmente lindo! Quantas luzes diferentes! — Diz a minha irmã Louise. Ela tem dezenove anos, é bem agitada e sorridente, morena com olhos azuis, linda!
— Sim, Louise! Mas, me ajuda a ficar de olho na Tamires e no Murilo, pois a mamãe não está bem, e o papai está ajudando ela no banheiro! — Digo olhando para os lados procurando o Rodrigo.
— Tá bom, o Rodrigo sumiu né? — Pergunta, fazendo cara feia para mim.
Apenas assinto, pois já imaginava que ele iria aproveitar. Fiquei um pouco perdida no começo, agora estou mais acostumada, eu não tenho costume de ir a festas e bares, fui apenas uma vez, e tive que dar uns, tapas no idiota do Diogo, ele me beijou sem permissão e levei um susto, bati nele até entender que comigo não se brinca, sou pequena, mas não sou burra não! Não vou deixar ninguém tirar farinha!
A formatura foi incrível, a minha família está muito feliz por mim, só estou preocupada com a minha mãe que não passou bem hoje. Desci do palco e fui andando pelo corredor estreito na lateral, preciso encontrar com os meus irmãos, mas do nada sinto um impacto.
— Porque não olha por onde anda? — Pergunto para o rapaz parado na minha frente, que mais parecia um armário, bem mais alto que eu, loiro com olhos azuis, muito bonito, "bonito e descuidado" penso.
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