Cativa do Sheik E quem é você, o guru da felicidade, agora?

Estou na cama ainda, a pessoa racional e sensata se foi nesses últimos dias. Estou vivendo um dia de cada vez e isso tem me deixado feliz. Mas seria uma grande mentira se eu dissesse que não me preocupo com Raed. Tenho medo do que o Sheik possa fazer. A fúria está nele, afinal, ele me culpa. Eu sou a mulher que foi responsável pela morte de Zein e ele pode prejudicar Raed no trabalho. Ameaçar deserdá-lo... não sei.
Respiro fundo e resolvo tomar um banho. Depois visto um vestido novo, que Raed comprou para mim na Itália. Ele é lindo, branco com babados no busto e acinturado. Modelo tomara que caia. Mas decente para os padrões árabes.
Na sala de jantar eu me sento na grande cadeira estofada, em frente a grande mesa arrumada, especialmente para mim. Hamira coloca a taça de salada de frutas na minha frente.
—Hum, que delícia.
Ouço então uma gritaria na sala. Tremendo me levanto. Hamira me segura pelo braço para não ir até lá. Mas eu nem preciso ir, a tempestade entra na sala de jantar. É Camily, a ex de Raed.
Ela deve ter visto as fotos tiradas de mim e de Raed no aeroporto.
—Então é você a ordinária que está se aproveitando da bondade de Raed.
—Camily, saia! Você não é benvinda nessa casa. O príncipe... —Hamira diz exaltada.
—Cale a sua boca, sua velha. Eu não quero falar com Raed, mas com essa idiota egoísta.
—Vou chamar os seguranças! —A voz de Hamira é segura demonstrando um cuidado comigo que me aquece por dentro.
—Deixe, Hamira. —Digo e me levanto com toda classe, mesmo que meus nervos estejam em frangalhos. — Vamos até a biblioteca, e conversamos.
Ela sorri desdenhosamente.
—Ótimo, eu conheço o caminho.
Eu aperto as mãos com vontade de tirar aquele sorrisinho à tapa. Entramos na biblioteca. Eu fecho a porta. Camily solta o ar.
—Olha, primeiro, não quero brigar com você. Sinceramente não é essa a minha intenção.
Duvido!
Eu respiro fundo.
—Bem, então diga o que tem a dizer e saia.
—Você não faz o tipo de Raed. Então saiba que a única razão pelo qual Raed se casaria com você é por estar grávida.
—Não é isso que ele tem demonstrado.
—Allah! Você acha mesmo isso? Raed é bom e é homem. Claro que ele vai querer sexo-free. Ele te falou de sua infância infeliz?
Eu fungo, me sentindo mal com as palavras dela.
— Raed fez uma escolha, você deveria ter amor-próprio e seguir adiante. Nós temos nos dado muito bem.
—Digo e repito, sexo querida, é que ele unirá o útil ao agradável, e você não é feia.
—Olha, já deu seu recado. Agora cai fora!
Eu abro a porta para ela sair.
—Se insistir nessa relação demonstra o quanto você é egoísta. Só pensa em si mesma.
Allah! Como se fosse eu que tivesse insistido nisso tudo!
—Escuta aqui. —Fecho a porta. —Raed que fez questão de assumir esse filho. Eu nunca quis que ele se unisse a mim por causa dessa criança.
Ela sorri.
—Pois é. E não duvido. Pois Raed é bom. Ele tem um coração de manteiga. Não percebeu isso? Ele é um amor de pessoa, ele deve ter te visto você como esses cãozinhos abandonados na chuva.
Eu pisco ante as palavras dela.
—Pense nisso. Não faça Raed infeliz e não seja infeliz.
Eu ofego.
—E quem é você, o guru da felicidade, agora?
—Não querida, só estou querendo evitar uma tragédia. A começar pelo sheik. Sabia que ele está hospitalizado? Por sua causa?
Minha expressão chocada diz tudo.
—Não! —Sussurro.
—Sim. O Sheik quase morreu infartado. —Eu me sento no sofá quando o sangue foge do meu rosto.
Ela continua:
—Não vê o quanto está fazendo essa família infeliz? Pense nisso.
Eu estou tão triste com essa informação que só consigo ficar parada, olhando para Camily esquecida de mim mesma. A garganta está seca, e meu coração pulsando descontroladamente.
Camily passa por mim, abrindo a porta, sai da biblioteca. Suspiro, me sentindo infeliz, sem forças. Meu peito doí horrivelmente.
Allah! Passo a mão nos olhos limpando minhas lágrimas. Pior que tudo que ela me disse faz sentido. Todas as minhas inseguranças vêm com força total.
E agora? Eu me pergunto.
Fico sentada por um tempo, tentando me recuperar de suas palavras ferinas.
Digo então para mim mesma:
Sem dramaticidade.
Sem olhar para trás.
Você já passou essa fase.
Você está feliz com Raed e ele parece feliz.
Calma! É isso que ela quer, te deixar assim, perturbada.
Volto para a mesa de jantar com a cabeça erguida. Hamira me olha
—Tudo bem?
Forço um sorriso.
—Tudo.
—O príncipe ligou, ele disse que chegará mais tarde do que o combinado. O Sheik Youssef está hospitalizado.
Eu respiro fundo.
—É, Camily me disse. Você contou a ele que Camily estava aqui?
Ela apertou os lábios.
—Não, eu achei melhor não. Ele pareceu muito abatido ao
Eu assinto tristemente.
fale nada para ele. Não quero que ele se preocupe
foi o que pensei. Isso é dor de cotovelo, não ligue para Camily. Ela queria ter sido escolhida para ser noiva dele. Quer mais
Eu forço um sorriso.
—Não, obrigada Hamira.
do dia se arrasta. À tarde consigo descansar um pouco. Durmo durante uma hora. Depois tento ocupar a minha mente lendo.
horas da noite, estou deitada na cama quando a porta se abre e Raed surge por ela. Quando ele me vê tenta sorrir, mas é claro que está arrasado com a doença do pai. Sua expressão é tão grave que ele parece até
levanto da cama. Raed me abraça, e apoia seu queixo na minha cabeça. Ficamos assim por um tempo. Eu ergo meu olhar para
—E seu pai?
se recuperando. —Ele suspira. —Vai passar por uma operação delicada. Terá que colocar pontes de
muito. Posso ajudar em
não diz nada e me dá um beijo na testa.
habibi. Não há nada a fazer sobre isso. Agora é pedir a Allah para que essa operação dê certo. Foi difícil vê-lo entubado. Ele sempre foi tão forte. Sempre exerceu aquele poder feudal, mesmo em pleno século vinte e um. Ao contrário da maioria dos líderes políticos orientais, ele não foi educado no ocidente. Ele seguiu o mesmo caminho dos nossos ancestrais. Foi militar, fez exercícios no deserto com forças especiais, com uma habilidade nata de conduzir os nossos súditos em combates se fosse preciso.
explicado o porquê ele não me aceitou para a sua vida. Ele mantém ainda o estilo conservador.
mandíbula de Raed tremer, ele respira de maneira lenta e
não vamos falar sobre isso. —Ele me beija na testa e começa a tirar a roupa.
—Desde quando ele está hospitalizado?
se vira para mim desafivelando o cinto. Vejo a expressão de culpa em seu
—Há dois dias.
—Eles não tentaram te avisar?