Raed
Gostaria muito que esse muro de frieza ruísse entre nós. Penso irritado.
—Vem, vamos voltar aos nossos lugares.
Ao nos sentarmos um de frente para o outro, Isabela se ajeita melhor e fecha os olhos. Eu respiro fundo e pego o jornal que o comissário me ofereceu. Tento me distrair com as notícias, mas quando vejo uma nova matéria sobre a morte de Zein o afasto em desgosto.
A imagem de Zein sempre sorrindo, ostentando seus belos carros esportivos me vem à mente.
Eu e ele nunca fomos unidos. Tínhamos uma relação um tanto conturbada. Isso começou na infância. Meu irmão se sentia o centro do universo e meu pai e minha madrasta contribuíram muito pra isso.
Ele fazia questão de passar aquela imagem de bom filho, mas só eu sei como ele agia quando meus pais viajavam. Aí ele tirava sua máscara de bom moço muçulmano que nunca batia de frente com o Sheik e ia em festas clandestinamente. Vivia sua vida como bem entendia. A bronca sempre ficou para mim que sempre fui eu mesmo.
Desde o casamento de meu pai com a minha madrasta vi meu mundo murchar diante de tamanha indiferença. Ela sempre me olhou como uma pedra em seu sapato, e meu pai não fez muita questão de mudar isso. Ele viveu sua nova vida, mas era como se eu tivesse em seus planos. O casamento de meu pai com a minha mãe não foi algo que aconteceu naturalmente. Ela foi separada para ele. Acredito que ele nunca a amou.
Estremeço e encaro Isabela.
Um dia ela me amará?
Estou dando murro em ponta de faca?
Isabela
O percurso transcorre tranquilo, mas para mim está sendo uma mescla de mal-estar e infelicidade. Eu procuro Raed com os olhos. Ele está relaxado, de olhos fechados, mas não parece dormindo. Eu abro o meu cinto. Ele abre os olhos.
—Você está pálida. O que foi?
—Eu não estou passando bem.
Raed retira o cinto e me ajuda a me levantar.
—Venha!
Ele me segura pela cintura, estremeço. Sou conduzida ao banheiro.
Graças a Allah! Digo já transpirando. Abro a tampa do vaso sanitário e agacho-me. As mãos tremendo ao me inclinar e vomitar. O ácido queimando minha garganta, mas nada compara a dor no meu coração pela minha imprudência.
Eu me ergo e encaro Raed me olhando preocupado, ele é tão grande que tampa toda a entrada. Alto, ombros largos, a expressão séria.
Quando nos sentamos novamente ele pede um copo de água para o comissário. Eu a bebo com alívio. Raed tem essa qualidade, ele é sensível às coisas que acontece ao seu redor.
Sim, ele tem um coração bom. Sou muito grata a ele. Todo esse tempo ele me ajudou no trabalho com as traduções dos termos técnico que ele fazia questão de participar. Toda vez que eu o avistava, eu me sentia aliviada por ele estar presente me passando segurança.
Estou muito focada no meu problema. Preciso relaxar.
Olho para Raed ele está checando as mensagens no celular. Então seus olhos procuram os meus. Uma aura de constrangimento vem sobre nós. Eu tento relaxar com ele, mas não consigo. Sua presença sempre foi inibidora, magnífica. Eu o coloquei num pedestal e está difícil de tirá-lo dali.
—Está melhor?
—Sim, obrigada.
—Descansa agora. Ainda temos uma hora de voo.
Assinto para ele e fecho os olhos, tentando espantar aquele nervosismo que surge quando vejo seu olhar profundo sobre os meus me lembrando que por trás de seu terno elegante e do verniz, habita aí um homem do deserto.
Respire. Apenas respire.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Cativa do Sheik
➡️ São 2 EXTREMOS OPOSTOS... 🌎 No Ocidente as pessoas dizem se casar pelo "sentimento" amor, mas na verdade se casam por paixão, pois o amor verdadeiro não é um sentimento e sim uma AÇÃO ativa e comprometida... Aí obviamente os casamentos não duram, pois as pessoas se divorciam por tudo e por nada, basta um novo interesse pessoal surgir, alguém mais interessante aparecer, uma nova paixão começar, o tédio se manifestar... Tudo depende dos interesses pessoais, não há comprometimento real na maioria dos relacionamentos, apenas desejo fugaz... 🌏 Já no Oriente árabe as pessoas se casam meramente por convenções e conveniências, por interesses familiares, sociais, financeiros ou político-religiosos. E há poucos casos de divórcio, mas não porque os casais são comprometidos e felizes, mas sim porque os homens geralmente não querem romper com o que foi convenientemente estabelecido e as mulheres não tem direito de escolha. Ou seja: se é obrigado a suportar a união mesmo que seja tóxica. Além disso, o homem tem a opção de assumir a amante como segunda esposa, impondo-a para a esposa legítima, que não tem poder de negar. Assim é muito fácil dizer que poucos casais se separam... São dois extremos, ambos negativos, ambos com resultados nefastos......
😒 Aff, já começou a apelação... Do nada, sem qualquer lógica, as pessoas começam a agir como cães no cio nesses livros, como se fossem adolescentes sem cérebro conduzidos pelos hormônios e não adultos maduros com sendo crítico e objetivos além do desejos carnais... Nesse contexto árabe, então, fica tudo ainda mais surreal, como se fossem atores ocidentais fingindo ser personagens árabes caricatos num teatrinho de escola... Tudo muito forçado, tudo muito inverossímil, tudo muito superficial e fútil... Puramente com o objetivo de inserir sexo e tensão sexual na estória, mesmo que nem caiba... 🙄 O QUE VOCÊ ACHA QUE JANE AUSTEN DIRIA SOBRE O GÊNERO ROMANCE DE HOJE EM DIA? "Acho que ela ficaria chocada com o que pode ser escrito e publicado em um livro hoje em dia [... ]. Imagino que ela desejaria histórias de amor mais elevadas e menos focadas no carnal, como nos romances de hoje". (Julianne Donaldson, autora premiada de Edenbrooke)....
* Uai, mas que homem sério e decente gosta de mulher fácil? E que homem (decente ou não) valoriza uma mulher dessa, que não se valoriza? Ninguém que se preze - homem ou mulher - valoriza gente fácil. Os que não valem nada e só estão a fim de tirar proveito podem até gostar pela facilidade de uso, mas valorizar? Só se for pra rir... Nada que é fácil tem valor na vida, seja bens de consumo ou pessoas. É uma verdade lógica e cientificamente provada, só os tolos não perceberam ainda... 🙄...
Muito bom mesmo esse livro!...
To gostando desse livro... bem leve e interessante....