Já passava das seis horas da noite quando chegamos a uma linda residência majestosa, cercada por varandas com jardineiras floridas. Gerânios, jasmins. Primaveras roxas se agarram a um pergolado de madeira vermelha que fica em frente à entrada.
Raed estaciona o Camaro vermelho alugado em frente à casa. A porta da frente logo se abre e uma senhora idosa rechonchuda de cabelos grisalhos sai dela, detendo-se no topo da escada.
— Vem vamos conhecer Donatela, a governanta. — Raed diz pegando a minha mão.
— Vossa excelência, que bom vê-lo novamente. E você minha querida, seja bem-vinda. — Saúda Donatela com um perfeito árabe. Suas palavras denunciam que a casa pertence a sua família.
—Obrigada. —Digo afetuosa.
— Vou mostrar o quarto para ela e então jantaremos.
Por onde eu ande, vejo beleza, riqueza, beleza e elegância. Estremeço quando sinto a mão quente de Raed tocar minhas costas. Ele então me guia até uma das suítes com uma linda cama de casal king size com dossel. Uma criada já está no quarto desfazendo minhas duas malas.
—Vem, vamos no terraço. —Raed diz pegando minha mão e me surpreendo quando sinto uma sensação boa com seu gesto.
Raed afasta as cortinas e desliza a porta de vidro. Eu prendo o ar quando dou com um lindo espaço com espreguiçadeiras e o mar abaixo de nós. Agora que percebi que a casa é construída acima do mar, que arrebenta nas rochas lá embaixo. O sol vermelho indo embora, deixando as águas avermelhadas. Avanço encantada com o lindo espetáculo.
Eu me apoio no parapeito e respiro fundo sentindo o cheiro da maresia e o vento fresco no rosto. Sinto Raed ao meu lado.
—Te apresento o mar Ligúria.
Eu fecho os olhos e os abro ainda encantada com o espetáculo. Olho para ele com os olhos brilhantes.
—Allah! É lindo Raed.
Raed sorri de um jeito tão...tão feliz que eu me confundo.
—Agora fique à vontade. Tome um banho se assim desejar. Eu te espero na sala.
Seus olhos então vão para o meu decote, eu percebo que o botão do vestido se abriu.
—Está certo. —Digo ofegante, o fechando sem graça.
Ele dá um sorrisinho de canto e sai.
Respiro fundo.
Estou numa casa linda, está um fim de tarde gostoso, e Raed tem sido uma boa companhia. Vou me inspirar nisso para me animar.
Vamos lá.
O vento forte traz meus cabelos para frente. Os olhos de Raed ficam mais intensos enquanto ele ergue a mão para tirá-lo do meu rosto. Meu coração dispara e eu ofego e meu reflexo é de me afastar de maneira brusca, perturbada com estranha intimidade e o que isso me leva a sentir.
Raed breca seu gesto e abaixa sua mão. Ele respira fundo. Eu o olho sem falas. Eu estou confusa, nervos à flor da pele e com o estômago revirado, sem falar no meu coração que está agitado com seu simples gesto.
Ele me estuda por um tempo e girando sob seus calcanhares, se afasta, saindo do meu quarto.
Allah! Quase o chamo de volta, pois sei que ele ficou chateado, afinal, ele ia só fazer um gesto simples, mas minha voz não sai, fica presa, engasgada.
Ele sempre teve o poder de embotar meus pensamentos. Lá estava ele me confundindo novamente. Toda vez que ele está perto fico desorientada, meu mundo parece do avesso. Sempre enxerguei em Raed um homem dono de si mesmo. Sério, centrado. E agora isso? Seu comportamento chega a ser um tanto peculiar. Visto que ele sempre me tratou profissionalmente.
Allah! Não consigo relaxar, tudo é muito complicado, e ainda por cima, estou grávida do irmão dele e mais, meu corpo desavergonhadamente reage violentamente ao seu toque.
Sei que ele está se esforçando, fazendo tudo para que tudo dê certo entre nós. Não sei muito de sua vida, seus traumas, mas a escolha de ir contra seu pai, com certeza está ligado ao seu passado.
Entro no quarto e fecho a porta de vidro, para ajudar no bom funcionamento do ar-condicionado ligado numa temperatura amena. Resolvo tomar um banho. A empregada, uma garota mais jovem, ainda está no quarto guardando minhas roupas. Ela sorri para mim. Ela parece não saber a minha língua. Eu retribuo seu sorriso e pego um dos vestidos que ela ainda não guardou. Ele é branco com detalhes em preto, o tecido é algodão.
Raed não comprou vestidos de gestante. Se ele está tão focado no meu filho, é incrível que ele tenha se esquecido desse detalhe. Tomo um banho gostoso, mas não demoro muito tempo no jato forte. Coloco um vestido longo com pequenas flores e sandálias rasteiras. Seco meu cabelo superficialmente e deixo os fios caírem soltos nas minhas costas e nos ombros. Faço uma maquiagem leve. Apenas para não ficar com cara de doente, visto que estou um pouco pálida.
Inspiro fundo para me acalmar. Endireito meus ombros e vou em direção a sala. A mansão está com todas as luzes acesas, com certeza foi feito ali algum estudo de iluminação. O ambiente tem uma aparência muito aconchegante.
Eu surjo na sala e dou com Raed muito casual. Engulo em seco, nunca me deparei com ele tão casual. Camiseta branca e uma calça jeans. Tento não o encarar, como se ele fosse de outro planeta.
Ele se levanta do sofá e vem na minha direção. Controlo minha vontade de lhe dar uma risada nervosa. Ele então para na minha frente, parece desconfortável, diferente do homem seguro que eu sempre enxerguei nele.
—Podemos jantar?
Eu assinto para ele. Ele então, me pega pelo cotovelo e me guia até a mesa.
— Sente-se — Ordena, afastando a cadeira para mim. Agora sim é o Raed que conheço.
Ele me estuda sem sorrir.
—Sei que ri disso agora, mas não dever ter sido fácil para você perder seus pais.
Eu respiro fundo e fico séria.
—Não, não foi. Você também perdeu sua mãe cedo, com dois anos de idade, não é isso? —O questiono, louca para ouvir mais sobre ele. Para entender essa vontade de enfrentar todos por causa da criança.
Agora é a vez de Raed olhar para frente. Dá para perceber que isso mexe com ele.
—Sim. —Ele diz de forma concisa. Como se não gostasse de tocar no assunto.
—É por isso que não quer que meu filho tenha o mesmo destino? —Insisto.
Ah Isabela, eu te desejo. É duro reprimir tudo o que sinto. Como confessar o que sinto se você se esquiva de mim o tempo todo? Sempre tão tensa, tão retraída....
Eu simplesmente travo. Os pensamentos me perturbando pois querem sair. Por fim respondo a sua indagação:
—Sim. O filho que você espera será muito amado. Terá um pai e uma mãe. —Eu respiro fundo. —Mas, não vamos falar disso. Fale-me um pouco de você.
O meu celular toca. Eu não o pego da mesinha. Antes de eu pegá-lo para desligá-lo, ela atende:
—Só um minuto, por favor.
Ela me estende o celular e fica olhando para mim. Se eu desligar é suspeito, se eu atender e ela ouvir é pior. Eu atendo entrando para dentro.
—Raed! —É a voz de Camily.
Eu fico tenso. Mas que droga!
Vou para um lugar seguro.
—Pensei que estivesse tudo resolvido entre nós. Por favor, não me ligue.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Cativa do Sheik
➡️ São 2 EXTREMOS OPOSTOS... 🌎 No Ocidente as pessoas dizem se casar pelo "sentimento" amor, mas na verdade se casam por paixão, pois o amor verdadeiro não é um sentimento e sim uma AÇÃO ativa e comprometida... Aí obviamente os casamentos não duram, pois as pessoas se divorciam por tudo e por nada, basta um novo interesse pessoal surgir, alguém mais interessante aparecer, uma nova paixão começar, o tédio se manifestar... Tudo depende dos interesses pessoais, não há comprometimento real na maioria dos relacionamentos, apenas desejo fugaz... 🌏 Já no Oriente árabe as pessoas se casam meramente por convenções e conveniências, por interesses familiares, sociais, financeiros ou político-religiosos. E há poucos casos de divórcio, mas não porque os casais são comprometidos e felizes, mas sim porque os homens geralmente não querem romper com o que foi convenientemente estabelecido e as mulheres não tem direito de escolha. Ou seja: se é obrigado a suportar a união mesmo que seja tóxica. Além disso, o homem tem a opção de assumir a amante como segunda esposa, impondo-a para a esposa legítima, que não tem poder de negar. Assim é muito fácil dizer que poucos casais se separam... São dois extremos, ambos negativos, ambos com resultados nefastos......
😒 Aff, já começou a apelação... Do nada, sem qualquer lógica, as pessoas começam a agir como cães no cio nesses livros, como se fossem adolescentes sem cérebro conduzidos pelos hormônios e não adultos maduros com sendo crítico e objetivos além do desejos carnais... Nesse contexto árabe, então, fica tudo ainda mais surreal, como se fossem atores ocidentais fingindo ser personagens árabes caricatos num teatrinho de escola... Tudo muito forçado, tudo muito inverossímil, tudo muito superficial e fútil... Puramente com o objetivo de inserir sexo e tensão sexual na estória, mesmo que nem caiba... 🙄 O QUE VOCÊ ACHA QUE JANE AUSTEN DIRIA SOBRE O GÊNERO ROMANCE DE HOJE EM DIA? "Acho que ela ficaria chocada com o que pode ser escrito e publicado em um livro hoje em dia [... ]. Imagino que ela desejaria histórias de amor mais elevadas e menos focadas no carnal, como nos romances de hoje". (Julianne Donaldson, autora premiada de Edenbrooke)....
* Uai, mas que homem sério e decente gosta de mulher fácil? E que homem (decente ou não) valoriza uma mulher dessa, que não se valoriza? Ninguém que se preze - homem ou mulher - valoriza gente fácil. Os que não valem nada e só estão a fim de tirar proveito podem até gostar pela facilidade de uso, mas valorizar? Só se for pra rir... Nada que é fácil tem valor na vida, seja bens de consumo ou pessoas. É uma verdade lógica e cientificamente provada, só os tolos não perceberam ainda... 🙄...
Muito bom mesmo esse livro!...
To gostando desse livro... bem leve e interessante....