Raed
Estou no jato particular indo em direção à Londres. Vou participar de uma reunião organizada pela OPEC (Organização dos Países Exportadores de Petróleo).
Sempre gostei de viajar, mas ultimamente o mundo perdeu as cores e, o pior, estar aqui me resgata lembranças de Isabela. Estarei no mesmo país que ela reside. Tão perto e tão longe. Dois investigadores e ainda não descobriram o paradeiro dela.
Solto o ar com angústia. O comissário nessa hora se aproxima de mim e me oferece uma bebida, mas eu recuso com a cabeça.
Meu rosto se volta para a janela.
Incrível como ela despertou em mim sentimentos tão profundos. Fecho os olhos quando sinto aquela velha dor, como se uma mão apertasse meu coração. A lembrança do corpo quente dela me invade e domina minha mente. O cheiro de maçã de seus cabelos. A visão dos seus seios com bicos rosados que cabem perfeitamente na palma da minha mão. Allah! Como sinto falta de tê-los na minha boca, excitá-los fazendo-a gemer de prazer. Só de pensar nisso me deixa duro, salivando.
A saudade se junta com a frustração pela minha impotência e raiva por ela ter me deixado. O certo seria desistir, virar as costas para tudo isso. Mas não consigo.
Quando irei encontrá-la? Quando vou deixar de sofrer?
Isso virou uma obsessão.
Isabela
Eu já estou acostumada com as excentricidades de minha tia. Com o som tocando Save A Prayer de Duran, saio de casa em direção ao Hilton. Um hotel que estou fazendo um serviço temporário.
O meu chefe do restaurante Sultão, em que trabalho, me indicou. O mês de experiência passou, acredito que, por esses dias, eu serei registrada. O salário não é lá grande coisa, mas foi a única oportunidade de emprego que me surgiu. Por isso estou pegando também esses trabalhos temporários.
Caminho até a área de funcionários e coloco meu uniforme. Hoje a noite será cheia. Todo o local foi preparado para a festa beneficente. Eu me sinto apreensiva. É a primeira vez que trabalharei em uma festa desse porte como hostess.
O gerente, um senhor de sessenta anos, se aproxima de mim.
—Os cardápios estão aqui. Você já sabe o que fazer?
—Sim senhor. Eu verificarei a numeração no convite e levarei o convidado até a mesa correspondente. Depois entrego o cardápio e lhe desejo um boa noite.
—Exatamente. Fique atenta às necessidades dos convidados.
—Está certo.
—Karina ainda não chegou?
—Não.
O senhor grisalho aperta os lábios contrariado.
Nervosamente, ajeito a pilha de cardápios ao lado de um volumoso buquê de rosas vermelha que está em cima do aparador ao meu lado.
Eu me viro e observo todo o salão amplo de tapete vermelho, com seu pé direito alto onde um lustre maravilhoso, gigantesco pende dele projetando uma infinidade de luzes no chão.
Papéis de parede creme e branco. Quadros abstratos com molduras douradas espalhados. As lindas cadeiras feitas com madeira escura trabalhada onde seus assentos são forrados com estofo vermelho, mesas revestidas com toalha de linho branco com vasos de flores vermelhas.
No fundo do salão, uma tela grande exibindo slides anunciando o propósito da festa anual dada pela Fundação Toliel.
Eu li sobre eles na internet. Eles ajudam países vítimas de desastres ambientais.
Volto a minha posição e respiro fundo. Como estou próxima a entrada, sinto a brisa fresca que cheira à chuva de primavera que está caindo lá fora.
A garota que trabalhará comigo se posiciona ao meu lado.
—Está um trânsito, quase não chego a tempo.
—Ainda bem que está aqui. Roger perguntou por você.
—Sim, já recebi meu puxão de orelha. Acabei de conversar com ele.
Logo começam a chegar as primeiras pessoas. Com um sorriso as recebo faço o meu trabalho.
Nunca vi pessoas tão atraentes. Homens de smoking chegam a todo tempo acompanhado com suas lindas e elegantes-glamorosas mulheres. Nessa hora vejo de relance um homem alto e moreno.
Meu coração dispara.
Fico execrada a imobilidade, apesar de todos os sentidos ordenarem que eu saia correndo. Estremeço e perco o fôlego. Ele se aproxima mais e vejo então que não é Raed.
Relaxo.
—Hum, você é árabe?
—Descendente. Meus avós por parte de pai eram árabes.
Novamente vejo algo diferente em seu sorriso. E antes que eu os direcione para a mesa, minha companheira pega o cardápio na mão e quase me atropela dizendo quando Luke para à nossa frente.
—Senhor Luke, é um prazer tê-lo conosco. Queiram me acompanhar. —Ela diz sem olhar seu convite.
Luke faz um gesto de cabeça com um sorriso nos lábios os coloca no bolso novamente. A senhora que falava comigo sorri para ela e antes de acompanhá-la, me dá uma olhada estranha.
Quando eles caminham em direção à mesa, percebo que eles se tornam o centro das atenções. Volto minha atenção para um casal que chega e os recepciono.
Karina se demora um pouco lá, depois se posiciona ao meu lado.
—Ah, que homem. Ele é o sonho de toda mulher. Um deus! Sabia que ele administra um castelo? Agora ele está em uma mansão aqui perto, por causa das eleições. Lindo, não? Ele é um democrata. Um forte candidato a câmera. Solteirão convicto.
Ah! Agora entendo o interesse das mulheres. Examino-os na mesa. Realmente, o homem se sente. Senta-se como um rei bajulado por seus súditos.
—Sabia que ele tem uma filha?
Eu respiro fundo.
—Nossa! Você realmente sabe tudo sobre ele.
Ela ri.
—Hum, se sei.
Eu dou de ombros, estou na gaiola do amor. Homem nenhum tem graça para mim e me questiono se algum dia terá.
—Quem é a mulher que o acompanha?
—Aquela senhora é Kate Windsor Monroe, relações públicas.
O trabalho corre bem. Com um sorriso no rosto, faço meu papel direitinho. Todos agora estão nos seus devidos lugares, eu já posso relaxar. Fico apenas atenta à necessidade dos convidados, transitando entre eles e perguntando se está tudo bem.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Cativa do Sheik
➡️ São 2 EXTREMOS OPOSTOS... 🌎 No Ocidente as pessoas dizem se casar pelo "sentimento" amor, mas na verdade se casam por paixão, pois o amor verdadeiro não é um sentimento e sim uma AÇÃO ativa e comprometida... Aí obviamente os casamentos não duram, pois as pessoas se divorciam por tudo e por nada, basta um novo interesse pessoal surgir, alguém mais interessante aparecer, uma nova paixão começar, o tédio se manifestar... Tudo depende dos interesses pessoais, não há comprometimento real na maioria dos relacionamentos, apenas desejo fugaz... 🌏 Já no Oriente árabe as pessoas se casam meramente por convenções e conveniências, por interesses familiares, sociais, financeiros ou político-religiosos. E há poucos casos de divórcio, mas não porque os casais são comprometidos e felizes, mas sim porque os homens geralmente não querem romper com o que foi convenientemente estabelecido e as mulheres não tem direito de escolha. Ou seja: se é obrigado a suportar a união mesmo que seja tóxica. Além disso, o homem tem a opção de assumir a amante como segunda esposa, impondo-a para a esposa legítima, que não tem poder de negar. Assim é muito fácil dizer que poucos casais se separam... São dois extremos, ambos negativos, ambos com resultados nefastos......
😒 Aff, já começou a apelação... Do nada, sem qualquer lógica, as pessoas começam a agir como cães no cio nesses livros, como se fossem adolescentes sem cérebro conduzidos pelos hormônios e não adultos maduros com sendo crítico e objetivos além do desejos carnais... Nesse contexto árabe, então, fica tudo ainda mais surreal, como se fossem atores ocidentais fingindo ser personagens árabes caricatos num teatrinho de escola... Tudo muito forçado, tudo muito inverossímil, tudo muito superficial e fútil... Puramente com o objetivo de inserir sexo e tensão sexual na estória, mesmo que nem caiba... 🙄 O QUE VOCÊ ACHA QUE JANE AUSTEN DIRIA SOBRE O GÊNERO ROMANCE DE HOJE EM DIA? "Acho que ela ficaria chocada com o que pode ser escrito e publicado em um livro hoje em dia [... ]. Imagino que ela desejaria histórias de amor mais elevadas e menos focadas no carnal, como nos romances de hoje". (Julianne Donaldson, autora premiada de Edenbrooke)....
* Uai, mas que homem sério e decente gosta de mulher fácil? E que homem (decente ou não) valoriza uma mulher dessa, que não se valoriza? Ninguém que se preze - homem ou mulher - valoriza gente fácil. Os que não valem nada e só estão a fim de tirar proveito podem até gostar pela facilidade de uso, mas valorizar? Só se for pra rir... Nada que é fácil tem valor na vida, seja bens de consumo ou pessoas. É uma verdade lógica e cientificamente provada, só os tolos não perceberam ainda... 🙄...
Muito bom mesmo esse livro!...
To gostando desse livro... bem leve e interessante....