Como odiar um CEO em 48 horas romance Capítulo 294

Não entendi o motivo de Heitor ter pego três exames exatamente iguais. Acho que era para ter certeza mesmo, caso desse positivo.

Abri a porta da cabine do banheiro do hospital da recepção, com cheiro forte de cloro. Eu, a rainha do cloro, senti um embrulho no estômago com o odor. Respirei fundo e tentei seguir com o plano de fazer xixi nos “termômetros” que tinham dentro das caixinhas. Acho que o certo era fazer aquilo no conforto de casa. Mas como eu era muito ansiosa, claro que não conseguiria esperar.

Sentei e urinei sobre o primeiro teste. Estava escrito que duas listras vermelhas significavam positivo, ou seja, grávida. Uma linha, negativo. E poderia demorar até cinco minutos para aparecer as tais listras.

Mas não levou mais de um minuto para aparecer as duas listras. Fiquei olhando para aquilo com um sentimento que não conseguia descrever naquele momento. Um misto de medo, emoção e amor sem explicação. Ok, Heitor acertou em cheio de trazer mais dois. Realmente um não era suficiente.

Mas minha bexiga estava vazia. Não tinha mais uma gota de xixi.

- Ei, rim, sempre digo orgulhosa que você está em bom estado. Não faça isso comigo agora. Preciso de mais xixi.

Sim, eu era a louca que conversava com meu rim. Mas então, será que não seria uma conversa séria com a bexiga, neste caso?

Levantei do vaso sanitário, arrumei minha roupa e fui ao corredor, servir-me de um copo de água, que tomei até a última gota. Tomei mais um, só para garantir.

Voltei ao banheiro e refiz os outros dois testes, todos positivos. Alisei meu entre, ainda sem nenhum volume e senti as lágrimas escorrerem, sem nenhuma permissão:

- Salma, como eu entendo exatamente tudo que você sentiu pela nossa pequena... Realmente não tem explicação. Tem um bebezinho dentro de mim... Uma vida, gerada da minha vida, fruto do amor entre mim e o desclassificado Mor. Malu vai ter um maninho ou uma maninha, minha amiga.

Respirei fundo, limpei as lágrimas e saí do banheiro. Peguei o celular e disquei o número que de cor:

- Oi, minha linda!

- Oi, meu lindo. Desculpe sair daí deste jeito... Mas estamos com Allan no hospital.

- Eu soube... Não se preocupe. Tudo acontece com a gente, não é mesmo Babi? O Casavelha deixou para morrer justo no dia do meu casamento? Porra, isso não é muito justo!

- Ben... Eu... Eu...

- Só um minuto, Babi, vou sair um pouquinho daqui que tem muito barulho...

Percebi que ele foi para um lugar mais silenciosos e conseguiu ouvi-lo realmente de forma mais clara.

- Pode falar... O que está acontecendo?

- Ben, eu descobri uma coisa, bem importante.

- Ah, meu Deus, não me deixa curioso deste jeito, Babi.

- Acabei de fazer o exame. Estou grávida.

Houve um breve silêncio do outro lado da linha, antes de ele dizer:

- Que porra! Isso é magnífico, Babi. Heitor deve estar radiante.

- Eu ainda não contei para ele. – Senti as lágrimas voltarem, tamanha emoção que eu sentia naquele momento. – Mas queria que você soubesse, afinal... Vai ter um afilhado ou afilhada.

- Ah, quer me matar no dia do casamento, isso? Já não basta Casavelha, quer outra morte?

- Ben, ele não morreu ainda.

- Ah, Babi, mas sabemos que isso vai acontecer. E eu lamento... Porque eu gostava um montão do velho.

- Ele soube da gravidez antes de mim... Allan é simplesmente incrível. Sou tão grata a Deus... Por tudo.

- Serei o melhor padrinho do mundo. E não vou falar palavrões.

- Avisa Anon... Que ele vai ter um afilhado. Porque sinceramente, eu acho que vai ser um menino.

- Eu amo você, Babi.

- Amo você, Ben. Lamento não estar aí... Desculpe.

- Babi, você está no meu coração, onde quer que vá. Nossa amizade é muito mais que presença física e sabe disto, não é mesmo? E eu estou aí com você... E se acontecer o pior, sinta minha mão junto da sua.

- Boa lua de mel. Seja feliz, meu amigo.

- Seremos... Juntos. Jamais vamos nos separar. Não vivo sem você, Babi, sua louca.

Eu ri e desliguei. Voltei para a recepção. Tinham poucas pessoas por ali, mas me senti completamente nua com aquele vestido rasgado e o blazer de Heitor cobrindo o corpo, mas não as pernas. Transpassei a roupa dele e cruzei meus braços, me sentindo tão estranha.

Vi Heitor vindo pelo corredor. Os olhos dele estavam tristes e parecia que ele havia chorado.

- Fez o teste? – ele me encarou.

- Eu fiz os três.

- Fez três xixis?

- Sim... Um pouquinho de cada vez.

- Porra, como conseguiu?

- Meu rim realmente está em bom estado. E ele vale muito, desclassificado.

- Eu não quero saber sobre o seu rim, Bárbara. Quero saber sobre o teste...

- Deu positivo... Três vezes.

Ele ficou sem reação, me olhando sem dizer nada. Meu coração batia tão forte que eu conseguia ouvi-lo fora do peito.

- Você... Ficou feliz? – Perguntei, já incerta da resposta dele, tamanha demora em dizer qualquer coisa.

- Feliz? Não existe palavra para o que estou sentindo neste momento, desclassificada.

Ele me pegou no colo e girou-me, no meio da recepção do hospital, como se não houvesse ninguém ali, a não ser nós dois e nosso bebê.

- Eu amo você, Heitor... Muito.

- Amo você, sua doida, razão da minha vida!

Não levou cinco minutos e nossa felicidade foi interrompida pela notícia da morte de Allan Casanova.

Confesso que a notícia do nosso bebê amenizou um pouco a dor da perda do homem que tomou meu coração por completo, o meu sogro e o amor da vida da minha mãe, Allan Casanova. Ele sempre foi bom e gentil comigo. Jamais me julgou, me aceitando do jeito que eu era. E parece que sempre soube que eu havia sido feita para Heitor e ele para mim. Apostou em nós quando nem nós mesmos sabíamos que o ódio poderia se transformar em amor.

Ao mesmo tempo, creio que poderíamos ter comemorado muito mais a gravidez, mas o momento não nos permitia, porque sentíamos tristeza. Foi um momento de vida e morte, juntos, andando lado a lado.

Já no caminho de volta para casa, fui surpreendida pela pergunta:

- Acha que Malu vai receber bem a notícia do bebê?

- Se eu acho? Tenho certeza. Ela vai amar.

A assessora pessoal de Heitor, uma senhora já aposentada em outro emprego, muito experiente, bilingue, casada, com filhos e netos, escolhida por mim mesma, foi orientada a providenciar os trâmites de velório e enterro do grande CEO da Noriah Norte, fundador da maior empresa de comércio de bebidas do país.

Não chegamos a dormir naquela noite, que foi a do casamento de Ben, do descobrimento da gravidez e da morte de Allan. O CEO pai enterrado, pois seu desejo era não ser cremado.

Naquele final de tarde, no lugar onde, para mim, era um dos mais lindos pôr de sol de Noriah Norte, olhei para o céu, num misto de tristeza e alegria.

Senti um beijo no rosto e pelo cheiro bom sabia que era ela:

- Vó!

Mandy colocou um casaco sobre meus ombros e disse baixinho:

- Está frio. Precisa se cuidar agora.

Levantei os ombros, sentindo uma brisa mais fresca:

- Obrigada... Por sempre se preocupar comigo.

- Eu... Vou indo. Não quero atrapalhar vocês na despedida. – Ela me deu outro beijo.

- Amo você. – Falei, deixando-a ir.

Respirei fundo e enlacei meus dedos nos de Heitor. Ele olhava para a lápide, tão longe que temi não conseguir resgatá-lo. Deixei-o ficar ali, me mantendo em silêncio, apertando sua mão, deixando claro que eu estava ali.

- Ficou chateado com a minha ideia? – Perguntei, incerta da minha proposta.

- Eu... Não fiquei chateado. Mas estou tentando assimilar que meu pai está morto junto da sua mãe. – Ele deu um sorriso confuso.

- Eu tentei reparar um erro do passado... Sei que eles não estão mais vivos, que são só corpos... Mas enfim, estão lado a lado. Ele foi o único e verdadeiro amor da minha mãe.

- E ela o amor da vida dele... North Beatriz... – Ele sorriu, balançando a cabeça.

- Não estranha o fato de o pôr do sol mais lindo de Noriah Norte ser visto de um cemitério?

Ele riu:

- Eu não acho que o pôr do sol mais lindo seja visto daqui.

- Vai dizer que era da sua cobertura?

- Claro que sim – ele me enlaçou pela cintura, aconchegando ao corpo dele – Sem bebemorar a morte, desclassificada.

- Ok. Até porque... Acho que estes dois tem muito que comemorar longe de nós. – Olhei para a foto nítida da minha mãe, como se a visse na minha frente.

Heitor me pegou no colo, surpreendendo-me:

- Já resgatei uma bêbada exatamente neste lugar. E eu estava louco por ela. Lembro de cada detalhe daquele dia.

- Quem diria que tempos depois... Seríamos quatro e não mais dois fujões de sentimentos...

- Sentimentos profundos... – Ele gargalhou, me dando um beijo no rosto.

Enlacei minhas mãos no pescoço dele, que seguiu comigo no colo pelo trajeto até o carro:

- Vai cansar... Estou acima do peso...

- Vou levá-la para parir nosso filho no meu colo. – Os olhos verdes encontraram os meus.

- Vou cobrar isso, desclassificado.

Assim que chegamos no carro, ele disse, suspirando:

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