Residência Jimenez, domingo, por volta das 19hs…
Isadora encarava o celular tinha mais de uma hora. Não havia como evitar o que estava por acontecer e não sabia como lidar com aquela situação. Nunca se sentira tão perdida. Em sua mente já havia formulado dezenas de discursos, mas não sentia que seria convincente em nenhum deles.
Aquele era o momento mais tenso e difícil de sua vida. Já havia calculado inúmeras variáveis e não entendia como as coisas tinham chegado aquele ponto. Suspirara fundo com os olhos fechados. Mordera o lábio inferior, nervosa.
Era irrelevante. Mesmo que entendesse o passado, não podia mudá-lo.
Retirara os óculos e os colocara bem de frente com o teclado iluminado. Não podia esperar mais, tinha de resolver aquilo se quisesse seguir em frente.
Colégio Delphine’s Spencer, segunda, 19hs.
A nerd estava sentada com Leo e Katie à mesa do refeitório do Delhpine’s. A princípio, a dupla de amigos a enchera de perguntas sobre como tinha sido sua noite com Josh. Em seguida ambos tinham começado a contar sobre a noite que tinham passado. Cada um tinha uma versão diferente de uma história regada a sexo e muitos orgasmos.
Enquanto ouvia os detalhes, em sua mente, a mulata viajava por lembranças tão boas quanto as cenas que ouvia, memórias de um amanhecer na cama com um casal de amigos com quem gozara muitas vezes.
No entanto, esses não eram os únicos pensamentos que tinha em mente. A cena onde as algemas frias eram apertadas em seus pulsos continuavam como se aquele pesadelo ainda não tivesse acabado.
Era algo bem sério para assimilar. Sua mente e seu coração ainda absorviam aquelas informações. Desejava que tudo não passasse de um sonho, porém, era a realidade fria, nua e cruel.
Talvez agora estivesse realmente entrando em choque pelo que acontecera. Lidara com tudo tentando ser o mais sensata possível. Tinha funcionado até ali, entretanto, agora entendia o quanto tinha estado apavorada.
E ainda continuava.
Contudo, não podia contar aos amigos o que havia acontecido. Não naquele momento. Explosivos como eram, havia a possibilidade de irem até Trixie tirar a história a limpo. Isso acabaria resultando na expulsão de todos do colégio e tão logo fosse mencionado que estava envolvida, estaria na lista de expulsos.
Bar do Hank, domingo, 16hs.
—Se sente desconfortável por nos encontrarmos em segredo, querido?
O casal havia escolhido uma mesa ao fundo do bar, um lugar discreto e de onde podiam ver todas as entradas sem serem notados. Era a primeira vez que se encontravam ali. Era, na verdade, a primeira vez que se encontravam.
Mas não seria a última.
—Não – respondera Josh entrelaçando os dedos das duas mãos enquanto admirava a linda mulher diante de si – Na verdade, prefiro assim. Fiquei surpreso quando disse ao telefone que preferia que nos falássemos pessoalmente, mas concordo que é melhor termos essa conversa dessa forma.
Josh tinha os cabelos ainda molhados, indício de quem havia saído do banho havia pouco tempo. Vestia uma camisa de seda negra bem justa ao corpo. Os três primeiros botões estavam abertos, deixando parte do peito e uma corrente prateada que usava à mostra. Parecia mais sério que na noite anterior.
A mulher diante do sujeito esboçara um sorriso discreto nos lábios carnudos. Não tinha o costume de sair no meio da tarde de forma sigilosa, ainda menos a fim de se encontrar com os amigos da filha. No entanto, aquela era uma chance que não poderia deixar passar.
—Pessoalmente as pessoas são mais sinceras. É mais difícil olhar nos olhos e negar o que realmente está pensando – comentara Lúcia – Isadora não precisa saber que nos encontramos aqui, concorda? Se perguntar, apenas diga a ela que nos falamos por telefone e tudo foi esclarecido.
—Por mim tudo bem – respondera o rapaz – Já sabe o que gostaria de falar com você, não é? Acredito que Isa já tenha lhe falado.
Lúcia arqueara as sobrancelhas como se indagasse se ele tinha mesmo feito aquela pergunta. Que tipo de mulher ela seria se não soubesse o que acontecia com a própria filha?
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