Contos Eróticos: O Ponto I romance Capítulo 109

—Agora me digam, como as quatro maiores mentes de meu curso de Tecnologia da Informação foram parar em uma briga de bar? Ou melhor, não respondam a isso, é irrelevante. A pergunta real é como permitiram que algo assim acontecesse? – refletira a diretora andando em torno da mesa com as mãos para o alto – E me digam, como posso expulsar vocês sem afetar o futuro do colégio e seus próprios futuros?

Todos continuavam em silêncio. A ex-militar inglesa estava de costas para eles, observando um enorme quadro na parede quando Isa voltara a falar. Dessa vez todos os outros se viraram para a encarar.

—Você já sabe para onde vamos, não é? – indagara, percebendo que a pergunta alcançara a mulher não muito distante na sala – Já sabe tudo sobre nós desde que nascemos, sabe no que somos melhores, onde nos encaixamos com melhor efetividade. Nossos pais sabem nossas ambições e com isso, nosso futuro já está planejado. É esse futuro que teme abalar nos expulsando, não é?

—Temer? – respondera a mulher com outra pergunta, ainda de costas. Isadora havia feito uma má escolha de palavras – Não seja tão presunçosa em superestimar sua importância, senhorita Jimenez. Pode ser uma jovem genial e ter um pai influente, mas está andando sobre cascas de ovos aqui. Você, assim como cada um nessa sala não é insubstituível. Porém, devo dizer, estou encantada com suas habilidades. Mesmo sob pressão ainda consegue enxergar um passo à frente. Seria uma incrível analista militar.

—Com o risco de ser ainda mais presunçosa, vou ousar arriscar outro palpite, se me permitir… – sussurrara a garota.

—Já começou a falar – respondera a diretora – Acredito que já aceitou a ideia de arcar com as consequências pelos seus atos. Continue.

—Toda essa explicação sobre o Delphine’s, sua importância, a razão pela qual tudo é assim. A alcance de sua influência e controle – dissera a nerd – Quer que entendamos onde estamos porque não quer nos expulsar. E não vai.

Miss Wingates se virara para os estudantes novamente. Usava luvas de seda brancas e as retirara para bater palmas.

—Brilhante dedução – comentara a mulher, agora atraindo a atenção de todos – Não seria viável para ninguém perdermos mentes como as suas e eu não seria digna de minha posição se aceitasse isso. Minha tarefa é não decepcionar a todos que mantém esse colégio, mas sim os educar para que entendam a importância do que fazemos. Agora que, graças à senhorita Jimenez, já sabem que não serão expulsos ainda, devo voltar à pergunta de antes. Entendem que as regras do colégio são absolutas, certo? – dessa vez todos responderam que sim rapidamente – E entendem que não posso permitir que continuem sem uma punição adequada.

Todos concordaram acenando com a cabeça. Isadora sentia que iria se mijar toda a qualquer momento, mas precisava resistir. A pior parte, depois de toda aquela pressão psicológica, estava por vir.

—Vejam bem – dissera a diretora – Com o devido respeito, para meus mais talentosos estudantes de Tecnologia da Informação, vocês são bem burros. Me permitam esclarecer que cobrir seus erros custou muito caro para o colégio e pagarão por isso. Para começo de conversa, subornaram uma policial, que agora sabe suas identidades. Ela poderia os chantagear com isso futuramente e seria um grande problema. Felizmente a convenci em assinar um acordo que a impedirá de fazer isso. E acreditem, custou muito mais do que o senhor Stormfield pagou por suas liberdades.

Leonel e Trixie voltaram o olhar em direção a Josh, se recordando da noite em que o sujeito os ajudara a escapar da cadeia. O rapaz não havia mencionado nada sobre pagar pela fuga, mas Leonel já desconfiava. Mais tarde falaria com o sujeito a fim de retribuir o que tinha feito.

—Tem mais – continuara Miss Wingates – A pior parte, devo ressaltar, é que não pensaram no quanto foram expostos durante sua façanha no bar. Diversos celulares gravando seus rostos, vídeos expostos em redes sociais e pessoas que os conhecem comentando. Entendem em que tipo de merda conseguiram se meter?

De fato, aquele era um grande problema. Vídeos virais inundavam as redes sociais e as pessoas envolvidas nem sempre viravam celebridades. As pessoas, no geral, adoravam fazer críticas.

—Felizmente já cuidei disso também – voltara a falar a mulher – Vamos dizer que seus talentos em TI são notáveis, mas não passam de crianças perto dos verdadeiros mestres – Isadora se lembrara do pai e concordara. Praticamente todo o conhecimento que tinha devia a ele e sempre que se encontravam o sujeito tinha quase um universo de novidades que ela nem sonhava serem possíveis – E creio não precisar dizer o quanto isso custou caro ao colégio. Tudo graças à indiscrição de vocês.

Os quatro mantinham silêncio. Aquela mulher era ainda mais perigosa que os rumores entre os estudantes. Miss Wingates podia definir o futuro de qualquer aluno do colégio de acordo com sua vontade. E o que ela faria dependia das ações que cada um tomasse.

E eles tinham ferrado com suas chances.

—Qual… – sussurrara Isadora – será nossa punição?

Era a pergunta de ouro. Se por um lado cada um naquela sala estava aliviado em não ser expulso, por outro, a punição não seria coisa leve. A hora da verdade estava finalmente chegando.

—É admirável como os culpados sentem uma necessidade intensa de caminhar rapidamente em direção à forca – comentara Miss Wingates com sarcasmo na voz – No entanto, tenho coisas importantes para cuidar. Não apenas eu, claro, vocês também têm suas atividades e creiam, terão muito mais – emendara – Levarão esses envelopes para casa hoje – dissera ela apanhando quatro envelopes brancos e grandes da mesa, desses usados para enviar documentos – Leiam apenas quando estiverem em casa. Não quero que se distraiam. Cada carta é pessoal, não devem comentar o que há nelas entre si, nem com outras pessoas. Quero esses envelopes com os documentos neles assinados em minha mesa amanhã pela manhã. Em cada um deles há, além das novas condições que aceitarão para continuar estudando em nossas instalações, uma quantia que deverão doar para fins filantrópicos do Delphine’s.

Após entregar os envelopes para os quatro estudantes, Miss Wingates voltara para sua cadeira, que mais parecia um enorme trono atrás de sua mesa. Ninguém se levantara, aguardando que ela os dispensasse.

—Vou ressaltar parte do que há em comum nas cartas que lerão. Não se esqueçam que esses termos são inegociáveis – dissera a diretora. Seu olhar parecia mais frio que o da estátua na sala – Primeiramente, até o fim desse curso, estão terminantemente proibidos de saírem juntos. Espero não os ver sequer conversando fora desses portões até terem se formado. Além disso, na próxima segunda se iniciam as duas semanas de recesso dos professores. Com isso, os alunos ganham duas semanas de férias. O que, a partir de agora, não diz respeito a vocês. O Delphine’s continua com suas portas abertas durante essas duas semanas para que alunos possam usar nossa maravilhosa biblioteca e ter um recanto de estudos tranquilo. Vocês irão trabalhar no colégio em tempo integral nessas duas semanas. Espero os ver aqui na parte da manhã, tarde e noite todos os dias. Suas tarefas serão fornecidas no dia, podem ser requisitados para lecionar em grupos de reforço ou solicitados para reparar falhas na manutenção. Não serão recompensados por isso. Pensem nisso como um agradecimento por não serem expulsos. Sei que vocês têm suas vidas e tarefas pessoais, empresas, blogs, banda e sinceramente não me importo nem um pouco. Atrasem um dia e não verão o último módulo do curso qual estão.

Fui clara?

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