Contos Eróticos: O Ponto I romance Capítulo 108

Lady Athena, que até aquele momento estava entretida com os papeis em sua mesa enquanto falava com os alunos, erguera a cabeça, fitando a nerd, que ainda evitava contato visual. Isadora sentira o frio lhe correr pela espinha quando o olhar da diretora repousara sobre ela.

—E não é que alguém dedicou algum tempo a estudar a história de nosso colégio? Sempre disse que seria bom manter aquele histórico em nosso banco de dados. Não vou fingir que estou surpresa, afinal, não poderia esperar menos de alguém em sua posição – comentara a mulher – A cereja no bolo de palavras em todas as conversas que já tive com Diego Jimenez. Criança prodígio, gênio desde o jardim de infância, memória eidética, curiosa por natureza, alguém com a mente à frente do seu tempo. Imagino o que seu pai diria se estivesse conosco nesse momento, senhorita Jimenez.

Realmente, Miss Wingates sabia jogar com as palavras. Sua língua era afiada como a lâmina de uma espada. Cada palavra que pronunciava tinha um propósito único, hora suave como a tez na pétala de uma rosa, hora mortal como o fio de uma navalha. Naquele momento claramente tinha a intenção de ferir. E suas palavras atingiam a nerd na própria alma.

—Mas o que disse está correto – continuara a diretora – Um único caso onde a penalidade máxima tivera de ser aplicada. Um episódio lastimável em nosso histórico. Ainda assim é importante lembrarmos o passado para que erros como esses não sejam repetidos. Embora, mesmo dizendo isso, aqui estamos. Nos fale mais sobre o caso da senhorita Brooks, por favor.

Josh e Leonel voltaram o olhar discretamente para a nerd. Trixie ainda mantinha a indiferença. Leonel torcia para que Isadora não dissesse nada que viesse a irritar Miss Wingates. Abrir a boca ali havia sido um erro.

—Os registros da época não eram tão precisos como os de hoje, mas o caso repercutiu nos jornais locais. Estranhamente, a maioria das cópias desapareceu na mesma semana que foram às bancas – respondera a nerd – Nas poucas cópias que restaram os artigos diziam que fora expulsa para servir como exemplo aos outros estudantes por ser um período de rebeldia estudantil no país. Não creio que queira ouvir tudo – acrescentara.

Miss Wingates deixara os papeis que mexia e se levantara, avançando até a frente da mesa. Vestia um sobretudo verde musgo que cobria quase todo o corpo, deixando à mostra apenas as botas negras e uma pequena parte das calças da mesma cor.

Isadora por fim erguera a face para encarar a mulher em pé a menos de três metros diante de si. Miss Wingates causava certo impacto apenas por sua presença, pois parecia ser mais alta que Leonel devido ao salto alto das botas. Na real, sem as botas era, no mínimo, da mesma altura.

—Querida – dissera a mulher com sua voz harmoniosa e calma – Acho que me entendeu errado. Vamos ignorar os boatos e sensacionalismo que a mídia cria. Compartilhe conosco a verdadeira razão da senhorita Brooks ter sido dispensada de suas atividades em nossas instalações.

Não havia escapatória. Isadora havia começado a falar e agora ignorar a diretora era impossível. Por dentro, a nerd imaginava estar bem próximo de um infarto. O coração batia mil vezes por minuto, a cabeça parecia que ia explodir, a vontade de fazer xixi era tanta que a qualquer minuto poderia perder o controle e escorrer pelas calças.

Pior que tudo isso era a ansiedade, aquele demônio impiedoso e cruel que morava dentro de si e ficava apunhalando seu coração, lhe dizendo a cada segundo que ela e os demais presentes seriam os próximos da lista de dispensados do colégio.

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