Contos Eróticos: O Ponto I romance Capítulo 117

Esclarecer dúvidas? – pensara a nerd ao ouvir os amigos. Quando era ela tentando fazer com que se focassem nos projetos, tudo que queriam era acabar o quanto antes para saírem e se divertirem. Pareciam outras pessoas ao lado de Diego. Isadora esperava ter esse talento para inspirar os outros um dia.

—Aproveite e traga Annabelle de volta – dissera Ashley, sentada à mesa – Ela foi ao banheiro assim que você começou a falar com a Trixie.

A nerd apenas concordara acenando com a cabeça, saindo de cena. Anna estava no banheiro? Torcia para não a encontrar sozinha. A cena na mesa tinha sido constrangedora para as duas, não sabia como reagir com a menina sozinha.

Sem contar o fato de Anna ser realmente linda. E na última vez que ficara sozinha em um banheiro com uma mulher linda, havia rolando um clima e tinham se beijado. Sem contar tudo que acontecera depois.

Ao entrar no toalete tudo parecia silencioso e tranquilo. Aparentemente não havia mais ninguém no local. Anna talvez tivesse saído e seguido para o balcão a fim de pegar mais alguma coisa e elas não tinham visto.

Isadora se sentara para fazer xixi e fechara os olhos relaxada, se lembrando do primeiro encontro com Candy em um banheiro como aquele. Depois de suas experiências com Candy e Katie, ironicamente duas beldades loiras, não tinha mais dúvidas sobre seu lado bissexual e o forte magnetismo que tinha por outras mulheres. Era um sentimento estranho, uma mescla de culpa por não assumir o desejo publicamente com a incerteza de suas ações.

No fundo, a garota apenas queria ser ela mesma, sem rótulos e estampas aplicados pela sociedade, pelos amigos e rivais. Quando pensava em Leonel ou Joshua um calor incontrolável a preenchia por dentro e principalmente por já ter visto de perto, tocado e experimentado o gosto dos paus dos dois, não imaginava como ainda conseguia resistir a se entregar para um deles.

Felizmente, seus planos minuciosamente elaborados nos últimos meses se encaminhavam como ela esperava. Logo, tudo que queria estaria consolidado.

O som da água de uma das torneiras se abrindo em uma das pias finalmente trouxera a mulata de volta para a realidade. Tinha de voltar para os amigos que já deviam ter deixado o pai louco àquela altura.

Ao sair do box onde estava, a nerd dera de cara com Annabelle, retocando o batom. A primeira reação de ambas fora longos cinco segundos de silêncio.

—Ah… oi – dissera a morena, evitando, sem sucesso, gaguejar – Me perdoe pela conversa lá na mesa. Não queria te deixar sem jeito. Na verdade… fiquei envergonhada com seu elogio e não sabia o que fazer, respondi impulsivamente.

—Tudo bem – Isa abrira outra torneira, lavando as mãos enquanto tentava olhar apenas para seu próprio reflexo no espelho – Leon e Katie tem talento para me deixar encabulada constantemente quando tem mais pessoas por perto… então sei exatamente como se sente. E você é muito linda mesmo, não sinta vergonha disso…

Isadora encarara os próprios olhos no espelho se dando conta de que havia acabado de dar uma cantada na morena ao seu lado sem sequer pensar. Aquilo estava começando a soar natural demais – pensara, confusa. Mas era tarde para lamentar.

—Você… gosta de garotas? – indagara Annabelle diretamente. Finalmente, Isa se virara e as duas se encararam a poucos centímetros, aquele silêncio de antes voltando a consumir a cena – Me desculpe… não quis ser tão invasiva…

É melhor se arrepender de ter feito algo e não ter saído como esperava, que se arrepender de não o ter feito e ser forçado a viver com a dúvida entre um bom resultado ou um completo fracasso. Fora o único pensamento na mente da nerd.

Sem dizer nada, Isadora erguera uma das mãos tocando a face de Anna. A garota desviara o olhar por um segundo para o gesto e antes que percebesse, os lábios da mulata estavam colados aos dela em um beijo molhado.

Poucos segundos depois, as duas voltavam a abrir os olhos.

—Eu… sinceramente, gosto… – respondera a nerd com o coração quase saindo pela boca. De certa forma, era como tirar algo de dentro do peito se ouvir dizendo aquelas palavras em voz alta – Mas não gosto só de garotas, entende? Sou bi… e é a primeira vez que digo isso para alguém – rira quase sussurrando.

Anna se afastara com um sorriso nos lábios carnudos.

—Eu… – ambas tinham sérios problemas para iniciar ou continuar diálogos – Acho que sou lésbica… mas nunca disse nada a ninguém.

—Nem eu… – por que parecia que estavam se confessando? – pensara Isa. De qualquer forma, era bom desabafar daquela forma – Então… posso contar com a sua discrição sobre isso?

A morena sorrira parecendo feliz com o resultado.

—Com certeza – confirmara.

—Preciso voltar… – dissera Isadora – Tenho de falar com meu pai…

Isadora voltara o olhar na direção da porta ainda pensando se aquilo tinha sido uma boa ideia. Se lá como fosse, ao menos não se arrependia, talvez exceto pelo fato de Anna ser menor de idade. Contudo, sentia que podia confiar nela.

Insatisfeita com o que acontecera, a nerd voltara atrás antes mesmo de dar um passo em direção à saída. Segurando a mão da morena, empurrara a porta de uma das divisões do banheiro e puxara a menina para lá. Anna não resistira, por que o faria? Era o que ambas desejavam. Por fim se abraçaram novamente e se beijaram, um beijo mais longo e molhado que o primeiro.

—Ouvi dizer – dissera a morena – Que os alunos do Delphine’s tinham certo preconceitos, incluindo… fico feliz em saber que nem todos são assim…

—Há uma classe conservadora no Delphine’s – explicara a nerd – Sei disso desde a primeira vez que pisei lá. Mas não é uma regra e nem todos são assim, não sou assim e garanto que não sou a única. Meu melhor amigo é gay e é um dos estudantes mais talentosos que temos lá.

—Vamos… – dissera Annabelle quase contra a vontade – voltar. Logo virão nos procurar. Obrigada por compartilhar isso comigo…

Cinco minutos depois, as meninas saíam juntas do banheiro. Diego estava no balcão e viera ao encontro das duas. Isadora acenara para o grupo na mesa e se dirigira para outra com o pai enquanto Annabelle voltava para os amigos.

Ao se sentarem, Diego esticara a mão, limpando o lábio inferior da filha com o polegar. A garota permanecera em silêncio enquanto fitava o pai pensando no que dizer. Qual o caminho mais curto até a verdade?

—É… – começara ela, ainda sem saber as palavras quais usar – Esqueci de limpar uma mancha de batom, não é? – sussurrara.

—Sim – respondera o sujeito com um sorriso – Mas já está limpo agora.

—E não costumo usar batom… – continuara a nerd.

Diego segurara a mão da filha sobre a mesa, esperando que ela o encarasse com o olhar envergonhado por trás dos óculos de armação dourada.

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