Contos Eróticos: O Ponto I romance Capítulo 57

—Obrigada pela cooperação – dissera. Suas voz era mais harmoniosa que a de qualquer estudante que havia se apresentado naquela semana – Antes de qualquer coisa, me permitam parabenizar a todos pelas brilhantes palestras com que nos honraram nessa semana. Fico orgulhosa em ver o potencial e o talento latente nas veias de cada um de vocês. Foi por vocês que entrei em contato com um grande amigo e pedi que viesse aqui hoje lhes dizer algumas palavras. Eu faria apresentações, mas sei que ele sabe se apresentar muito bem, então com vocês, meu talentoso amigo, Dom Diego Jean Carlo Jimenez.

Quando o sujeito apareceu saindo de trás da cortina onde estava escondido, todos os alunos do curso de TI se levantaram para o aplaudir. Dois dias antes, Leonel e Trixie haviam falado sobre ele em seu projeto e Isadora passara a noite respondendo perguntas sobre o pai em suas redes sociais.

Diego, pai de Isadora, era um homem moreno, de cabelos e olhos castanhos e pele muito clara. O cabelo crespo parecia normalmente desarrumado, mas ele nunca se importava com isso, sendo sempre repreendido quando estava ao lado da filha ou da esposa. Tinha um metro e setenta e cinco e estava perto dos cem quilos.

Isadora herdara a cor da pele e os traços da mãe e a paixão por tecnologia do pai. O sujeito, que muitos esperavam encontrar vestindo puramente roupas sociais, usava um tênis All-Star, calças de moletom azul marinho e camiseta de manga longa negra com estampa de um dos Animes da franquia Digimon.

Ao aparecer no palco, se dirigira até Miss Wingates, a cumprimentando com beijos na face e aperto de mão, revelando ali uma amizade bastante íntima com a mulher, algo que a própria Isadora desconhecia e que a deixara enciumada.

Em seguida apanhara o microfone e se voltara para a plateia, acenando para a filha entre os estudantes. A mulata havia sido empurrada pelos amigos para a fileira da frente e estava entre os professores, mas não subira ao palco. Aquele show não pertencia a ela e não havia ninguém que a nerd respeitasse mais que o homem diante de si naquele momento.

Isadora já havia sido diagnosticada por um psicólogo na infância e também por outros nos colégios onde estudara, incluindo a psicóloga do Delphine’s, como apresentando sintomas clássicos do chamado Complexo de Electra. Se tratava de uma fase no desenvolvimento psicossexual da criança do sexo feminino de acordo com a psicanálise, onde a menina passava a se sentir atraída pelo pai, disputando a atenção do mesmo com a mãe.

Era considerada por muitos psicólogos como a versão feminina do Complexo de Édipo, desenvolvido por Freud. No Complexo de Electra, após se desprender da dependência do leite materno, a menina passava a se atrair pelo pai, tentando de todas as formas chamar sua atenção. Um dos sintomas mais claros e comuns do Complexo de Electra era quando a criança passava a procurar pelas roupas, sapatos e objetos de beleza na mãe, na intenção de imitá-la para conquistar a atenção do pai em seu lugar.

De acordo com psicólogos, se o caso não fosse tratado e resolvido ainda na infância, havia grandes chances de a menina ter problemas de relacionamentos futuros e a obsessão em espelhar o pai em todos os homens que conhecesse.

Isadora não sofria desse último problema, pois nunca procurara pelo pai em nenhum amigo, isso porque não esperava que qualquer um pudesse ser como ele. Claramente, qualquer candidato que viesse a namorar a nerd teria de aceitar que ninguém no mundo para ela estaria acima do pai.

Lúcia já havia discutido com a filha por ciúmes do pai inúmeras vezes e não levava mais o assunto adiante. Felizmente, como Diego vivia muito mais tempo fora de casa que ela, a relação entre ambas era bem cúmplice e próxima.

—Boa noite – começara o sujeito. A voz jamais entregaria ser alguém com quase cinquenta anos de idade – Vocês gostam de Digimon, certo? – indagara se referindo à ilustração na blusa que usava. Todos riram – Por favor, não digam que preferem Pokémon, ao menos os alunos do curso de TI, me apoiem. Acho que devo começar agradecendo ao casal que me escolheu para ser o tema de seu projeto, fico muito lisonjeado por ser lembrado enquanto ainda estou vivo. A maioria dos homens são lembrados por seus feitos após a morte e fica difícil vir agradecer nesses casos – todos riram de novo – Mas falando sério, não quero tomar o tempo de vocês e sei que já passamos da hora da saída, então vou ser breve. Assisti a todas as palestras de cada um de vocês, do curso de TI e vejo uma grande atenção aos problemas relacionados à segurança na internet, isso é muito bom. Mas creio que há uma pergunta que todos deveríamos nos fazer, quando estamos seguros na internet? E a resposta, triste e difícil é: nunca. Não há segurança a partir do momento que você insere seu e-mail, uma senha e seus dados em qualquer lugar. Mas como? É o que devem estar se perguntando e a resposta é mais simples do que imaginam. Seus dados sempre serão enviados para algum servidor e esse servidor tem a função de os armazenar e os manter em segurança, correto? Mas quem pode garantir cem por cento de segurança? Infelizmente ninguém. Há uma frase em latim do poema romano Juvenal que sempre me faz pensar nesse caso: Quis custodiet ipsos custodes? Traduzindo, Quem guardará os Guardiões? De forma resumida, quem vigia aqueles que vigiam seus dados? Em quem confiar? Não existe uma resposta simples para isso. Enquanto diversos sites e aplicativos são seguros e confiáveis, a internet está cheia de armadilhas e programas maliciosos. E em tempos onde a internet dita o valor de uma pessoa por seu status virtual, seus dados valem ouro.

—Devemos desistir de nos registrar em sites e redes sociais então?

A pergunta viera de uma garota do curso de administração bem ao fundo, mas antes que Diego dissesse qualquer coisa, Isadora respondera com apenas uma palavra: não. O sujeito estendera a mão e pedira para a filha subir ao palco. Na plateia, alguns vibravam enquanto a mulata subia ao passo que uns poucos torciam os lábios, entre eles a professora, senhorita Glastomboury.

—Vou passar a palavra para a pessoa que mais confio para responder essa questão – dissera Diego – A pessoa mais importante nesse mundo para mim.

Nada valia mais para Isa que ouvir aquilo. E suas próximas palavras também seriam ouvidas pela diretora, pela professora e todos os alunos presentes. Podia ouvir Katie dizendo em sua mente Brilhe, garota, brilhe.

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