“Martim Monterrey”
Depois que a parte final do testamento do pai da Abigail tinha sido lida, ela estava muito mais em paz, ela tinha encontrado todas as respostas que precisava e compreendeu que o pai dela cometeu muitos erros, mas ele a amava. Naquele dia, quando ela colocou as flores no túmulo, ela se despediu dele definitivamente, com a tranquilidade de ter honrado as vontades dele e de ter sido feita justiça pela morte dele.
A Abigail agora olhava para frente, contemplava o presente e o futuro e do passado ela só se lembrava das partes felizes. Eu tinha muito orgulho da minha esposa, ela soube juntar os cacos e se reconstruir, deu novo sentido a sua vida e mesmo com tudo o que ela passou, ela tinha uma capacidade de amar infinita.
Meu filho já tinha completado um ano de vida, ele estava crescendo forte e saudável. Minha mãe dizia que ele era a minha cópia fiel e a Abigail dizia que ele tinha o sol nos olhos, verdes como os meus. A verdade é que eu achava o meu bebê a pessoinha mais linda do mundo e estava ansioso para que viessem os próximos. Eu estava louco para ter uma menina linda como a mãe, mas eu não sabia se a Abi estava pronta.
A campainha tocou e eu fui atender, nós estávamos esperando o Antônio que ligou e disse que tinha novidades, mas quem estava na minha porta eram o Emiliano e a Pilar.
- Vocês não querem se mudar pra cá de vez não? – Eu brinquei enquanto os cumprimentava.
- Ai, irmão, que bom que você perguntou porque eu pensei mesmo nisso! – A Pilar respondeu em tom sarcástico.
- Quando você menos esperar, meu afilhado vai estar morando comigo! – O Emiliano me provocou.
- Não seja palhaço! – Eu respondi e nós nos sentamos no sofá, enquanto a Abigail e a Pilar foram para a cozinha com o Davi e os cachorros.
- Antes da Abigail chegar, você imaginou que nós viveríamos esses momentos em família, assim, todos casados e felizes? – Eu perguntei e ele riu.
- Não. Mas eu sempre tive o palpite de que vocês dois tinham que se conhecer. – Ele riu. – Lembra, eu te chamei para ir ao velório do pai dela.
- Teria sido um desastre, eu a conheci um mês antes e foi um caos! – Eu comecei a rir.
- É, meu amigo, foi amor a primeira briga! – O Emiliano brincou, mas ele tinha razão, minha insuportável roubou o meu coração no momento em que derramou aquele copo de suco em mim.
- Eu não posso imaginar a minha vida sem ela. – Eu não fazia segredo do quanto a amava.
- Eu te entendo. Eu também não me imagino sem a minha bruxinha! – Ele sorriu. – Aliás, estamos todos muito bem amarrados. Olha para você ver, até a minha mãe com o Silas. Acho que ela nunca foi tão feliz.
- É verdade! Mas eu quero saber é dos meus sobrinhos, quando virão os meus sobrinhos? Nenhum de vocês até agora. – Eu me virei para ele.
- Eu acho que logo, estou quase convencendo a Pilarzinha. – Ele sorriu satisfeito.
A campainha soou novamente e era o Antônio e a Celina, que chegaram sorridentes e a Celina logo já foi paparicar o Davi. Nós nos reunimos na sala e o Antônio começou com as notícias.
- Garotos, como vocês sabem essa semana saiu a última das condenações do Ulisses. Ele agora está condenado, como todos os outros, a um total de penas que nenhum deles terá vida suficiente para pagar. Nenhum deles sairá da cadeia, quer dizer, a exceção é a Mônica, ela sairá, mas vai demorar muito. Então eu queria dizer que vocês podem ficar tranquilos, porque a justiça foi feita. – O Antônio explicou e eu percebi a Abigail respirando aliviada.
- Isso é muito bom, Tony! Obrigada por não ter descansado até conseguir! – A Abigail agradeceu e ele apenas sorriu e me entregou um envelope.
- O que é isso, Antônio? – Eu perguntei e ele sorriu.
- Isso é de vocês, eu encontrei no meu cofre. – Ele sorriu e considerando a expressão dele, não era nada ruim.
- Vamos ver o que é. – Eu rompi o lacre e tirei os papéis do envelope. Eram as vias do contrato que a Abigail e eu assinamos quando decidimos nos casar por conveniência mútua. – Ah, não acredito! Eu já tinha me esquecido desse contrato. – Eu mostrei para a Abigail que começou a rir.
- Eu pensei que você já tivesse destruído, Tony. – A Abigail comentou e o Antônio balançou a cabeça.
- Não, trouxe porque precisamos contar uma coisinha para vocês. – O Antônio nos olhou como quem estivesse aprontando.
- Precisamos? – Eu perguntei.
- Sim, o Emiliano e eu. – Ele revelou. – Vocês precisam saber que essa aventura de vocês não começou com esse contrato, como vocês gostam de dizer.
Eu olhei para a Abigail e depois para o Antônio e o Emiliano, sem entender nada.
- Seu tempo estava se esgotando, Abi, eu andava preocupado, então eu liguei para o Emiliano. – O Antônio revelou. – Não era o ideal e eu duvidava que ele aceitasse se casar com você, mas você precisava se casar, então eu sugeri a ele que se casasse com você, por um ano apenas, e sugeri o contrato.
- Mas aí eu expliquei ao Tony, que eu até faria isso, em outras circunstâncias, mas como as coisas estavam, se eu fizesse isso, eu magoaria um amigo e acabaria com a sua chance de viver um amor de verdade, Abi. – O Emiliano explicou.
- Eu não estou entendendo. – A Abigail franziu as sobrancelhas.
- Eu tinha certeza que vocês dois, mesmo brigando feito cão e gato, estavam apaixonados, e aí eu contei isso para o Tony, que me disse que precisaríamos juntar vocês dois logo ou você perderia a sua herança. – O Emiliano explicou.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Contrato para o caos: amor à primeira briga
Quero ler capítulos 320...