Miguel Yılmaz Aksoy
Eu não estava esperando visitas naquela manhã. Eu tinha acabado de me sentar no escritório, revisando documentos sobre as clínicas que a rede de hospitais planejava adquirir, quando ouvi a campainha soar. Antes que o mordomo pudesse atender, eu mesmo me levantei, intrigado.
Quando fui até a porta, encontrei Marc. Meu sobrinho, que crescemos juntos como irmãos. Vestido em um terno impecável, carregava aquele sorriso confiante que sempre o acompanhava. Ele estava com uma mala ao lado, claramente vindo direto do aeroporto.
— Marc? O que faz aqui tão cedo?— perguntei, surpreso, mas genuinamente feliz..
— Cheguei mais cedo para o Natal! — respondeu ele, abraçando-me brevemente. — E tenho boas notícias. Mas antes de tudo... onde está Anny?
O nome dela foi como um soco. Meu sorriso vacilou por um instante, mas recuperei a compostura rapidamente.
— Ela deve estar no quarto. Vou chamá-la.— Não era mentira, mas a situação era bem mais complicada do que ele imaginava.
Eu sabia que Anny estava arrumada, pronta para sair. O divórcio estava assinado, mas nenhum de nós havia tido coragem de anunciar ainda. Meu coração apertou. Não porque eu estivesse pronto para abrir mão dela, mas porque sabia que Marc e meu pai não podiam descobrir agora.
Respirei fundo e subi as escadas, sentindo o peso de cada degrau. Encontrei Anny no quarto que um dia foi nosso. Ela estava de pé ao lado da cama, sua mala pronta ao lado dela, os olhos presos na janela como se olhasse para um futuro longe de mim.
— Anny... preciso que fique.— minha voz saiu baixa, mas firme.
Ela virou-se devagar, cruzando os braços. Seus olhos me encararam com a frieza que eu havia causado ao longo dos anos.
— Por quê? — ela perguntou, a voz carregada de exaustão e mágoa.
— Marc está aqui. Ele chegou mais cedo para o Natal.
Ela arqueou uma sobrancelha, claramente não impressionada.
— E o que eu tenho a ver com isso, Miguel?
— Eles não podem saber agora sobre o divórcio. — Aproximei-me, tentando soar convincente. — Nosso pai precisa decidir quem vai comandar a rede de hospitais até o Natal. Se eles souberem do divórcio, o Marc com certeza será escolhido.
Ela soltou uma risada seca, balançando a cabeça.
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