O bar de luxo no centro da cidade era discreto e reservado, o tipo de lugar onde empresários ricos se sentiam à vontade para baixar a guarda.
Leonardo Vasconcellos ocupava uma das mesas do canto, vestido com a elegância de sempre. Camisa branca dobrada nos braços, relógio caro no pulso e uma expressão mais pensativa do que o habitual. Do outro lado da mesa, estava Arthur, seu amigo de longa data, sócio em um antigo projeto de investimentos.
— Então quer dizer que você se casou… com a sua funcionária? — Arthur repetiu, em tom de brincadeira, mas com uma pitada real de espanto.
Leonardo girou lentamente o copo de uísque entre os dedos.
— Foi um acordo. Não é o que parece.
— Claro que não. A maioria dos casamentos com funcionárias são só… acordos frios e distantes, com olhares intensos e aparições públicas estrategicamente perfeitas.
Leonardo soltou um meio sorriso, mas não mordeu a isca. Estava pensativo demais para ironias.
Arthur percebeu. Bebeu um gole e apoiou os cotovelos na mesa.
— O que você está tentando proteger, Leo? Ou… a quem?
Leonardo olhou pela janela por um momento, antes de responder:
— Anos atrás, minha mãe teve um colapso nervoso em uma feira de bairro. Ninguém a ajudou. Ninguém. Ela caiu no chão, desorientada, e a multidão simplesmente passou por cima como se fosse invisível.
— E?
— E uma jovem de vinte e poucos anos correu até ela. A levantou, chamou uma ambulância, ficou ao lado dela no hospital por quase quatro horas. Sem saber quem ela era. Sem querer nada em troca.
Arthur arregalou os olhos.
— Era a Helena?
Leonardo assentiu, devagar.
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