Em seu lugar romance Capítulo 18

No dia seguinte acordo tarde, onze horas. Lembro-me dos últimos acontecimentos e sou obrigada a admitir o meu fracasso. Said me tem em suas mãos.

É detestável admitir, mas não sou imune a atração que ele exerce sobre mim. E o pior, ele está me afetando sentimentalmente. Eu estou pensando muito nele, e fico triste quando ele fica desapontado comigo e me sinto péssima mentindo a ele, demonstrando uma pessoa que não sou. Isso agora tem me preocupa.Triste coloco meu caftan branco e calço os chinelos. Zafira entra no meu quarto.

—Said me disse ontem à noite que era sua folga, por isso não te chamei. Ele disse para eu pegar as roupas com você.

Droga! Ele não se esqueceu! Eu tenho que me desfazer delas.

Zafira fica me olhando enquanto eu, com raiva, retiro as roupas do guarda-roupa e jogo-as no chão.

Toco com as mãos um vestido que me custou os olhos da cara. Eu o usei na festa da minha formatura. Ele tem um grande valor sentimental, mais do que o material. Eu não o pego, deixo-o no cantinho do armário. Abro minhas gavetas e retiro todas as minhas blusinhas, blusas, camisas, saias.

Zafira pega aquele amontoado de roupas e leva embora. Said entra no quarto. Eu engulo em seco.

Ele está lindo! Como sempre, aliás. Os cabelos negros molhados, usava roupas de um bárbaro no deserto, um Kandoora branco. Todos os pensamentos desaparecem de minha mente. Ocupada apenas pela presença dominante dele.

Seus olhos desviam-se da minha figura e fitam o guarda-roupa e eu me lembro do vestido.

Allah! Eu ia escondê-lo depois que Zafira levasse as roupas.

Então resolvo distraí-lo:

— Deseja alguma coisa?

Said volta seus olhos para mim. E não diz nada, volta sua atenção para o meu guarda-roupa e o abre. Dá um sorriso odioso e me encara.

— Esqueceu esse.

Eu olho meu vestido pendurado no cabide com dor no coração.

— Esse eu comprei com o suor do meu rosto, não é produto de roubo.

Ele passa a mão pelo tecido e depois olha para o meu corpo.

— Vista-o para mim!

—Vestir? Para você?

—Sim.

Ele passa por mim e se senta na minha cama, se inclina para frente e apoia os cotovelos nas pernas, muito à vontade, mas seu rosto é sério.

— Vamos? O que está esperando?!

—Eu não quero me vestir para você!

Ele sorri com uma frieza que faz meu coração disparar.

—Por quê? Se o vestido é decente, não teria porque não o vestir para mim.

— Porque não, sou uma empregada e não é a ocasião para vestir esse vestido!

— Um vestido como esse, me pergunto, que ocasião seria?

Eu fico sem respostas e ele se ergue:

—Vista o vestido! —Diz entredentes.

Suspiro e, resignada, retiro o vestido amarelo fosco do cabide e vou até o banheiro. Fecho a porta e me troco.

Olho-me no espelho. Ele tem um decote quadrado, acima dos joelhos, à cinturado. Para os padrões árabes, eu estou quase nua. Tremendo, vou até o quarto.

Said me encara. Seu rosto fica sombrio.

— Eu me pergunto, que mundo você vive? Como você acha que seria vista se te vissem andando por aí desse jeito?

Como uma turista... eu não pertenço a esse lugar. Seis anos longe foram para mim transformadores. Eu me moldei ao país que eu me instalei e jamais pensei em voltar a viver na Arábia Saudita novamente. Só estou aqui, porque minha irmã está doente. E trouxe minhas roupas, pois não tive tempo de comprar vestidos mais largos que seguem com as tradições daqui.

— Eu não ficaria andando por aí como diz. Eu o comprei pois acho bonito. —Foi a única explicação que encontrei.

Ele passa os olhos pelo meu corpo.

— Sem dúvida nenhuma, te deixa bonita. Mas não vi em sua mala roupas que as mulheres virtuosas usam. Você ia fugir não ia? Iria para outro país?

Mais uma mentira na minha lista.

—Sim.

Ele se levanta e se aproxima de mim.

— Então você mentiu para mim, pois me disse na ocasião que não pensava em fugir.

Eu baixei meus olhos.

O que eu poderia dizer?

—Sim.

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