Em seu lugar romance Capítulo 23

Resumo de 23- Você aos poucos vai amolecendo Said, ele liberou a TV e o rádio.: Em seu lugar

Resumo de 23- Você aos poucos vai amolecendo Said, ele liberou a TV e o rádio. – Uma virada em Em seu lugar de Sandra Rummer

23- Você aos poucos vai amolecendo Said, ele liberou a TV e o rádio. mergulha o leitor em uma jornada emocional dentro do universo de Em seu lugar, escrito por Sandra Rummer. Com traços marcantes da literatura Romance, este capítulo oferece um equilíbrio entre sentimento, tensão e revelações. Ideal para quem busca profundidade narrativa e conexões humanas reais.

Um arrepio de apreensão percorre a minha espinha. A mesma sensação que eu tive quando ele me pediu para cozinhar da primeira vez. Eu o assinto séria e saio do carro.

Avanço para dentro da casa, quase correndo pelos corredores e me abrigo dentro do meu quarto.

Nervosa, pego uma camisola, embora seja apenas três horas da tarde. Estou me sentindo impotente, nervosa.

E agora?

Bem, Zafira poderia me ajudar. E a cozinheira com certeza não estaria de folga!

Sim!

Amanhã eu falarei com elas!

Não adianta tapar o sol com a peneira. Eu amo Said.

Sinto-me horrível por mentir para ele. Minha vontade é contar-lhe toda a verdade.

Encho a banheira e fico horas de molho, me sentindo infeliz. Começo a chorar, tudo explodindo dentro de mim, com ondas de desesperança.

Juro para mim mesma que serei forte, que enfrentarei tudo cada dia, e convencerei Said que eu estou mudada. Ri para não chorar.

No começo eu pensava na minha irmã, minha preocupação era que tudo desse certo. Mas o que me incomoda agora, é eu estar gostando de Said. Eu me pergunto: Como eu lidarei com isso?

Depois de me enxugar coloco a camisola e me deito na cama. Meia hora depois, ouço batidas na porta. Visto meu penhoar e sigo até a porta.

Não acredito nos meus olhos. Zafira e uma serva arrastando um rack de rodinhas com uma televisão e um rádio. Eu afasto meu corpo para elas entrarem. Elas o colocam em frente à minha cama.

A serva sai. Zafira me estuda.

— Você aos poucos vai amolecendo Said, ele liberou a TV e o rádio. Vocês estão dando o que falar. O que mais se corre nessa casa é o boato que Said está gostando de você. Desde que você chegou ele anda diferente.

Meu coração se aperta no peito.

— Diferente como?

— Irritado, agitado...Menina, você não estranhou o fato de Said sair com você hoje?

Eu dou de ombros para ela.

—Nem um pouco. Ele me levou ao hospital para ver uma amiga, muito querida e....almoçamos juntos.

— E você acha normal? Em que mundo você vive? Aqui não é o Ocidente, Europa, América!

Ela me deixa confusa, ainda assim, eu arrumo uma desculpa, que não era só para ela, era para mim mesma, pois a ideia parece absurda:

— Ele só queria entender tudo que aconteceu. Creio que ele achou que num ambiente diferente, eu me abriria mais com ele.

Ela coçou a cabeça.

— Não sei, eu conheço Said desde que ele era um adolescente. E as coisas estão diferentes nessa casa.

Eu estou preocupada com o carneiro assado, e desconverso:

— Zafira, amanhã teremos um jantar. Ele me pediu para fazer um carneiro assado. Você me ajuda?

— Não. Eu e Salma não podemos tocar no carneiro e nem dar palpites, ordens do patrão.

Eu sinto o sangue fugir do meu rosto.

— Está vendo como é coisa da sua cabeça? Ele me trata como uma empregada!

— Ele disse que é sua especialidade.

Eu fico sem falas.

— Bem. Vou cuidar da vida, antes que ela se encarregue de mim. —Ela diz e sai.

Ela sai do meu quarto e eu fico ali, estática, olhando para a porta. A minha firme determinação de ser forte não vale nada em relação a essa dura realidade para a qual eu não me preparei.

Como fazer algo que nunca fiz na vida?

Deve ter no livro de receitas! Amanhã me preocuparei com isso. E que Allah me ajude!

Resolvo colocar meu caftan e ficar mais apresentável, caso Said me procure. Sim, é certo que ele está diferente, mas uma coisa não mudou, ele age ainda como se eu fosse sua propriedade. Entra no meu quarto sem aviso e não pretendo estar despreparada caso ele resolva me fazer uma visitinha.

Depois de me trocar, ligo a televisão e como era de se esperar, eu só vejo as imagens. Não consigo pensar em nada. Os acontecimentos dos últimos dias, não me dão tranquilidade. E os últimos são piores.

Fazer um carneiro?

Quando o relógio marca seis horas da tarde, ouço batidas na porta, com a mão trêmula, eu a abro e me obrigo a respirar, mesmo quando vejo Said parado ali, tão lindo, me encarando com um meio sorriso.

Said não discute?

— Said, não perca seu tempo comigo. Deixe-me ir. Eu não tenho mais conserto.

Said me encara, triste. E isso mexe comigo, me toca fundo. E eu sinto como se um nó se fechasse em minha garganta.

— Se parte disso for verdade, fico triste que pense assim.

Será que Zafira tem razão? Said realmente está gostando de mim? E se ele souber que eu menti? Ele irá me odiar? E se ele entender todas as minhas razões? Eu estarei preparada para deixar tudo para trás e ficar com Said caso ele me aceitar?

Essa alternativa parece tão absurda....

Eu respiro fundo.

— Said, desculpe-me. Você tem razão, eu estou cansada.

Eu dou minhas costas para ele e deixo que minhas lágrimas corram abundantemente. Ele segura os meus ombros e me faz virar para ele. Ergue meu queixo e me encara.

— E só isso que tem a me dizer?

Eu o olho triste e digo chorosa:

— Quer que eu me coloque de joelhos aos seus pés e implore que me liberte?

— Essa não é a resposta certa! Não sou um tirano insensível como pensa! É essa a imagem que tem de mim?

— Said, por favor, não me encontro em condições hoje de conversar com você, por favor, saia!

Said parece furioso.

— Eu vou esquecer tudo que me disse, pois acredito que não foi sincera. Enquanto eu não sentir sinceridade em suas palavras, ficaremos nesse impasse. E amanhã, quero que apronte o carneiro, os convidados serão importantes. E não falhe, se falhar teremos outra conversa e não serei benévolo dessa vez.

Fecho os olhos e depois de um tempo só ouço a porta sendo fechada. Com tristeza vou até a minha cama e me sento nela, tentando recuperar a minha calma...

Quando vejo o homem que amo saindo por aquela porta, tive sim, vontade de gritar e implorar para que ele ficasse, mas não tive forças. Sei que vi frustração em seus olhos. O mais terrível de tudo é que não me sinto confiante em me abrir com ele e isso dilacera a minha alma.

Eu tenho medo das consequências. Eu não posso arriscar, não por minha causa, mas pela minha irmã. Ela ainda não se encontra em condições de assumir seu ato irresponsável.

Eu não posso me esquecer da fúria que vi no rosto de Said, não posso me enganar com ele. É isso que me faz pensar duas vezes antes de eu me abrir com ele.

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