Eu não estou bem. Irritado, nervoso. Dou ordem ao meu motorista de me deixar na entrada e então ele estacionaria o carro. Não estou com paciência de esperar ele encontrar uma vaga.
Caminho com passos firmes até a recepção.
— Quero visitar a paciente, Adara Houssen Mahir, ela está no quarto 6 da UTI.
O atendente abre o caderno e verifica para mim.
— Ela saiu hoje da UTI está no quarto 18. Ainda é o horário de visita. Tome esse crachá e siga por esse corredor, depois vire à direita.
— Obrigado.
Allah! Eu preciso me acalmar! Passo a mão nos olhos.
Não posso ser vítima do meu nervosismo. Mas não tem jeito, sinto-me irritado por .... Não me contar a verdade. Por eu ter que descobrir por outra pessoa. E a minha maior irritação é por eu estar tão mexido com essa história.
Eu sigo as coordenadas e me deparo com vários quartos no corredor. Procuro o número 18 e quando o encontro, não entro de imediato. Fico ali, estático em frente a porta. Angustiado pelo que eu possa descobrir. Sim, ultimamente eu não estou sendo eu mesmo.
Quando que eu relutaria por enfrentar alguma coisa?
Eu deveria estar eufórico, afinal, irei entender muitas coisas. Mas no fundo, estou com medo da verdade. Como se algo me alertasse que a revelação que virá será muito forte para mim.
Soltando o ar dos pulmões, entro. Meu coração parece que irá explodir dentro do peito.
A imagem que vejo é de uma moça muito magra deitada na cama. Me aproximo mais.
Allah! Gêmeas!
Estou ali diante de Adara a irmã de...?
Agora eu irei saber!
Ela está dormindo, abalado sigo até a janela e olho o lado de fora. Fico lá por um tempo, respirando pesadamente. Sinto um nó começando a se formar no fundo da garganta, mas o engulo.
— Quem é o senhor?
Eu me viro e encaro a jovem, que é apenas a sombra da irmã. Uma mulher mais sofrida, bronzeada, abatida e bem mais magra.
— Sua irmã está trabalhando para mim. Said Mahara Sihan
Ela suspira:
— Então, agora você já sabe!
Eu assinto calado por um tempo. Com a voz dura como minha expressão, eu falo:
— Sim, entendi muita coisa, mas não tudo. Por isso estou aqui.
— Minha irmã quis me poupar, quando ela me viu nesse estado. Ela te contou tudo?
Eu arrasto uma cadeira perto de Adara e me sento.
— Não. E no fundo sei que dei motivos para ela agir assim e não confiar em mim. Quando a vi pela primeira vez na casa de vocês, ela estava vestida com roupas extravagantes. E quando vi a mala pronta e as roupas, achei que estava lidando com uma mulher fútil e interesseira. Isso se reforçou muito mais, depois que a vi conversando com Nurab!
—Ele é o motivo para eu estar nessa situação! Aquele traste!
Eu fico imóvel por um momento. Essa informação é nova para mim.
—O que Nurab tem a ver com tudo isso?
— Eu o conheci na casa da viúva que eu trabalhava. Ele era amigo do filho de Nardini que na época era vivo. Como deve saber, Hain morreu em um acidente no trabalho. Depois que Hain morreu, não havia mais motivos para ele frequentar a casa de Nardini, e ele então passou a me esperar depois do trabalho e me levar para a casa. Que não era longe, minha casa é próxima como viu. —Ela enxuga suas lágrimas. — Eu me apaixonei por Nurab, creio que mais por carência afetiva, do que por outro sentimento. Ele um dia apareceu nervoso. E me levou em casa como sempre fazia. Mas nesse dia, ele quis entrar. Eu estranhei sua atitude e intrigada, permiti. Então, ele me contou que estava sendo jurado de morte por dívidas de jogo, e que iria receber o dinheiro que ele devia na outra semana, mas o prazo que os credores deram a ele era curto. Ele não podia esperar. Eu fiquei desesperada quando Nurab ergueu a camisa que usava e mostrou o corpo roxo da surra que ele tinha levado. Eu resolvi nessa hora ajudá-lo. Eu conhecia onde Nardini guardava o dinheiro e daria tempo de repor quando ela fosse procurá-lo, já que Nurab havia me dito que na outra semana já estaria com o dinheiro. Só que o prazo que ele falou se estendeu, os dias corriam e nada de Nurab me pagar, sempre com desculpas. Dias depois Nardini procurou o dinheiro e não o encontrou. Nurab quando ficou sabendo, desapareceu e eu com medo fugi. Pedi refúgio a uma amiga, ela não pode me ajudar, mas conhecia a tribo Hijá. Eles são nômades, fiquei com eles. Mas não estava acostumada o tipo de vida que eles levavam, e sofri muito, e acabei ficando doente. —Ela suspira. —Essa é a minha história.
Um nó se forma em minha garganta. Estou tocado pelo relato. Com dificuldade, consigo me levantar da cadeira e, nervoso, dou as costas para ela.
— Maysa não tem culpa! Ela só quis me ajudar. — Ela diz chorosa.
Quando ouço o nome da mulher que eu amo me viro para ela. Eu posso ver a aflição no rosto dela e a tranquilizo:
— Eu não a culpo. Pode ficar tranquila. Eu estou nervoso assim por Nurab! Mas isso não ficará assim.
Estou tão irritado com essa confusão toda, me sinto tão engando.
Adara limpa as lágrimas.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Em seu lugar
Linda a história!!!!...