Leio silenciosamente:
Khadija,
A mulher traz no sorriso um verdadeiro paraíso ornamentado de flores, ela já nasceu predestinada a ser admirada. A sua apresentação foi linda.
A propósito, eu sou o Rashid. Acho que não nos apresentamos direito ontem à noite.
Eloisa cresce os olhos pelo tamanho do buquê.
—De quem são as flores?
—É de um homem que eu conheci ontem.
—O cara está bem interessado em você! E ele é bonito?
—Sim, muito. —Interrompo a conversa. —Eu já vou indo senão perco o meu ônibus e terei que esperar por muito tempo até que outro passe no ponto.
—Claro. —Ela diz com um meio sorriso.
Eu saio carregando o buquê de rosas nos braços. Elas enfeitarão um pouco a feiura do quarto alugado em que eu moro. Não sou mulher para aquele cara. O fato de ele estar presente no restaurante e me mandar flores não me envaidece, eu conheço a minha realidade.
O que um cara como ele vai querer com uma mulher como eu?
Pensando nisso, sigo em direção aos fundos do restaurante, passo pelo corredor e depois pela parte administrativa, logo estou na saída.
Já na calçada, caminho até o ponto de ônibus, e quando já estou próximo a ele, os dois carros de ontem surgem ao meu lado e me seguem até que eu pare.
Com o coração agitado vejo a porta se abrir e Rashid sair por ela.
—Pelo visto gostou das flores.
Eu olho para elas.
—Sim, obrigada, são muito lindas...
Seu sorriso me corta. Ele parece quase inofensivo. O charme e a leveza na sua voz até me fazem esquecer o quanto ele pode ser perigoso.
—Você dança muito bem. Qual é o segredo para toda energia que demonstrou?
—É o meu trabalho, eu levo à sério o que faço.
—Eu tenho um trabalho para você.
Allah! Trabalho? Que tipo de trabalho?
Eu toco no meu pescoço e deslizo a mão sobre ele, incapaz de parar o gesto de nervosismo, querendo desesperadamente que ele pare de me olhar desta maneira tão estudada e tão intensa. Seus olhos negros tempestuosos me mantêm cativa.
Ele abre a porta do carro e me convida para entrar fazendo um gesto com a sua mão.
—Entre.
Eu congelo, sem conseguir me mover. Rashid se aproxima e para na minha frente.
—Eu não vou te fazer mal, ontem eu te salvei. Acho que comportamentos assim geram segurança, não?
Eu estremeço diante do seu olhar quente.
—Você não é nenhum mafioso ou coisa do tipo, é?
Ele inclina a cabeça para trás e ri, sua garganta bronzeada zombando de mim, quase tanto quanto a sua risada musical. Eu tento lutar contra a chama do desejo que percorre o meu corpo.
—Não, não sou. —Ele diz fazendo um esforço supremo para conter a sua risada. —Gosto disso, da sua ingenuidade em relação a quem eu sou. Por favor, entre e ouça a minha proposta.
Eu me sinto emocionalmente confusa, me criticando por ter deixado as coisas chegarem a este ponto. Não posso ignorar essa droga de sentimento de proteção que eu sinto em relação a ele desde que o conheci. Talvez o mais sensato neste momento seja dizer adeus, mas eu não consigo e acabo entrando no carro. O cheiro maravilhoso dele está impregnado no ambiente e logo no meu nariz também. Rashid ocupa seu lugar ao meu lado. Nervosa eu me aperto contra a porta, em uma tentativa de impor uma maior distância entre nós.
—Ele dá sinal para o motorista sair.
—Onde vamos? —Eu pergunto apreensiva.
Ele se inclina e os seus lábios se curvam em um sorriso sedutor que me deixa com uma sensação de desmaio.
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