ENTRE O AMOR E O ÓDIO romance Capítulo 150

Num hotel à beira-mar em Nassau, nas Bahamas, Alex se debruça sobre o parapeito da varanda, observando as águas cintilantes do oceano à sua frente. Com seu celular em mãos, ele acessa o perfil falso que meticulosamente construiu no passado, após seu encontro com Rebecca. As fotos dela aparecem na tela, retratando sua beleza radiante em meio à gravidez. Com um olhar firme, Alex escolhe o número de telefone e faz a ligação.

— Maria, boa noite. — Diz, ao ser atendido. — Conseguiu concluir tudo a tempo? — A impaciência em sua voz é inconfundível.

— Alex, sim, consegui. Deixei o pacote que você enviou no apartamento dela, com rosas e balões. Tudo está perfeitamente preparado, como você planejou.

— Ótimo, agradeço imensamente por tudo, Maria. — A gratidão em sua voz é inegável.

— E quando você retornará para Boston?

— Chegarei amanhã à noite, por volta das 10h.

Maria sorri com entusiasmo, compartilhando da antecipação da felicidade de Rebecca ao revelar finalmente a Alex que os filhos que ela carrega são dele. Rebecca ligava diariamente para eles, ansiosa por algum sinal do homem que ama.

— Que ótimo, tenha uma viagem tranquila.

— Obrigada, Maria, até amanhã. — Diz, encerrando a ligação.

Em seu apartamento, finalmente Rebecca consegue dominar as emoções que a faziam tremer. Ela se encaminha até a mesa e com cuidado abre a pequena caixa. Seus olhos brilham de emoção ao avistar o pequeno sapatinho branco, e lágrimas de felicidade começam a deslizar por seu rosto.

— Isso é tão lindo. — Sussurra emocionada, segurando o sapatinho junto à barriga. — Olhem o que o papai mandou para vocês. — Diz, com a certeza de que aquela surpresa foi organizada por Alex, com a ajuda de Maria. — Perdoem-no, pois ele não sabe que são dois. — Conclui, com um sorriso radiante, onde a felicidade se mistura com as lágrimas que lhe inundam o rosto.

Rebecca passa longos minutos segurando o sapatinho com carinho, consciente de que aquele pequeno presente representa o primeiro gesto de Alex para os filhos. Com todo cuidado, ela guarda o sapatinho de volta na pequena caixa e pega o envelope. Ao abrir e retirar a carta, seu coração dispara ao ver a caligrafia do homem que ela ama. Com os olhos cheios de lágrimas, ela coloca a carta sobre seu coração, como se pudesse sentir a presença dele naquele momento. Quando as lágrimas finalmente cessam, ela caminha até o sofá, senta-se e com os olhos transbordando de emoção, começa a ler aquela carta.

“Minha menina.

Neste momento, não tenho nada a oferecer além do meu amor, pois acredito que, em meio a essa felicidade, você já tem tudo o que precisa. Espero que este pequeno presente para o seu filho arranque um sorriso radiante do seu rosto, pois você fica ainda mais linda quando sorri. Sempre adorei te ver vestida de branco, é uma visão encantadora, embora, neste caso, seja porque ainda não sei o sexo do pequeno bebê. Tenho certeza de que ele será tão adorável quanto você.

Todos os dias, sinto sua falta. Nos momentos em que minha mente está vazia, ela automaticamente me leva até você, relembrando todos os momentos felizes que compartilhamos. Sou um homem que costuma resolver todas as situações, mas infelizmente, não consigo apagar nosso passado conturbado. Descobri que não tenho tudo o que desejo, pois o vazio em meu coração me lembra diariamente das coisas que mais amei na vida e que perdi.

Me afastei por um tempo, não porque estivesse zangado com você ou porque não desejasse ver sua felicidade. Pelo contrário, fico imensamente feliz por você conseguir recomeçar, mesmo que tenha sido ao lado de outra pessoa. Seria hipocrisia negar o quanto doeu naquele momento, pois sabia estar colhendo o que plantei ao longo de muitos anos, uma vez que finalmente você passou a me odiar. Sei que não mereço seu perdão, dadas as mágoas profundas que causei. Ao olhar para trás, identifico cada momento em que meu amor falhou, pois te causei dores que o tempo provavelmente não conseguirá apagar. No entanto, quero que saiba que me arrependo de todas as dores que te causei e espero que minhas próprias dores sejam maiores que as tuas, para que eu possa, um dia, me perdoar.