ENTRE O AMOR E O ÓDIO romance Capítulo 179

Com ternura, Alex acolhe Rebecca em seus braços e acomoda-se na poltrona, enquanto acaricia a mulher delicada que derrama lágrimas. Seu desejo é protegê-la do sofrimento que a assola. Pouco a pouco, o calor do corpo de Alex começa a suavizar a turbulência que a envolve e ela se refugia em seu abraço reconfortante.

— Querida, entendo profundamente a dor que isso representa para você. Foi somente quando a vi ferida novamente que percebi a extensão da maldade que nos cerca. Sinto um peso em minha alma por não perceber antes.

— Não havia motivos para suspeitas, não se culpe. Naquela época, eu mesma acreditava na atrocidade que aleguei ter cometido e fiz você compartilhar dessa crença. Se você tivesse qualquer desconfiança, teria resolvido tudo muito antes. — Fala, traçando suavemente os dedos pelo rosto de Alex. — Como você descobriu?

— Ao ler cada palavra de sua carta, na qual você expressou sua falta de memória daquele fatídico dia e ao conectar as peças do que aconteceu no trágico ataque que você sofreu, decidi montar uma equipe de investigação para desvendar todos os segredos do passado. Começando com Nicole e Peter, mergulhei fundo nas investigações e para minha surpresa, descobri o envolvimento de Melissa.

— Há quanto tempo você sabe disso?

— Fiquei ciente disso cerca de três meses depois da minha libertação da prisão, apenas alguns dias antes da coletiva de imprensa. Compreenda, meu amor, você não pode compartilhar nossa história com ninguém. Você entendeu? É crucial que você continue acreditando que me casarei com Nicole, essa fachada deve parecer absolutamente real para você. Na minha presença e na dela, não pode permitir que suas emoções a denunciem, por questões de segurança. Como Nicole conseguiu orquestrar tudo isso permanece um mistério para mim, mas estou convicto de que ela encontrará uma maneira de provar minha inocência, agora que está convencida de que me tem nas mãos. Ela não quererá abdicar dessa vantagem de forma alguma.

— Alex, o que exatamente você está planejando? — Questiona, sua expressão denotando preocupação com a segurança dele.

— Investimos meses investigando cada detalhe da vida da Nicole, desde sua árvore genealógica até seus movimentos mais discretos e não encontramos nenhuma anomalia. Ela é incrivelmente perspicaz e tudo parece meticulosamente planejado. No entanto, deve haver algum indício, algum rastro que a conecte a tudo isso. Preciso de acesso completo à sua vida e para isso, ela precisa me aceitar profundamente em seu círculo de confiança, permitindo minha presença constante. Dessa forma, poderei escavar a fundo. O problema é o Peter, que atualmente se coloca como um obstáculo. Não posso investigar a fundo a residência dela sem o risco de ser flagrado. Além disso, a segurança ao redor de sua casa é impenetrável. Sobre o motivo pelo qual acredito que Nicole esteja envolvida, mesmo sem provas, é simples, a Srta. Morgan não teria arquitetado algo tão minucioso quanto este esquema. Desde o instante em que começou a ser chantageada pela empregada que as auxiliou, Melissa iniciou transferências financeiras de sua própria conta para a conta da empregada. A primeira quantia depositada na conta da empregada foi efetuada por ela mesma, o que indica que o pagamento inicial foi feito em dinheiro. Você consegue enxergar a incoerência nisso?

— Sim, compreendo. E qual será o nosso próximo passo?

— Rebecca, o que está prestes a acontecer é de suma importância. Em uma semana, você receberá um telefonema do investigador particular que contratou para examinar todos os aspectos de sua vida. Ele lhe entregará todas as provas, incluindo os áudios que conseguimos recuperar, onde a Srta. Morgan é claramente chantageada e confirma seu envolvimento, bem como os registros das transações financeiras. Após isso, entregará essas provas a Ryan, aquele idiota não muito esperto, tomará todas as medidas necessárias para que essa mulher seja levada à justiça. Não se preocupe se ela tentar escapar, ela está sob vigilância constante e estarei atento a cada um de seus movimentos. — Afirma, enquanto acaricia gentilmente os cabelos dela. — Meu amor, não pode haver margem para erro nisso. É de extrema importância que continue demonstrando seu ódio por mim. Quando tudo se revelar e nos encontrarmos, confronte-me publicamente, acusando-me de ter cometido um ato tão cruel contra você, mesmo que tenha sido uma manobra forçada pelas circunstâncias.

— Não, eu não consigo fazer isso. — Responde, balançando a cabeça em sinal de recusa.

— Rebecca, você precisa fazer isso. É uma questão de segurança. Aquela mulher é uma ameaça, uma psicopata obcecada por mim. É essencial que você deixe claro para ela que entre nós existe apenas hostilidade. É a única forma eficaz de nos protegermos.

— Mas, Alex, eu não… — Começa a protestar, mas ele a interrompe com firmeza.

— Sem mais delongas, Rebecca. Você é capaz e não aceitarei desculpas. Se você tornar isso complicado, eu juro que lhe darei um motivo real para me odiar, vou transar com a Srta. Curtis.

— Não, acho melhor mantermos as coisas como estão. Continuaremos a visitá-los, como fazemos frequentemente, mas não devemos ficar juntos — Responde com determinação.

— Isso é tão triste, Alex, tão doloroso. Eu simplesmente não entendo por que não podemos ser uma família. — Murmura, manifestando sua tristeza diante da situação, enquanto o olha com olhos repletos de emoção.

— Porque tem uma psicopata decidida a não permitir que sejamos felizes juntos, é simples. Quando ela estiver morta ou presa e eu prefiro a primeira opção, poderemos viver tranquilamente com nossos filhos. — Diz, beijando-a suavemente. — Adoraria passar todo o meu tempo com você, mas preciso ir. Prometa-me que ficará longe dessa mulher.

— Eu prometo. — Responde, envolvendo seus braços ao redor do pescoço dele. — Eu também te amo. — Conclui, beijando-o apaixonadamente.

Após uma despedida repleta de carícias e beijos apaixonados, eles partem em direções distintas. O coração de Rebecca pulsa aquecido pela reconciliação com o homem que ama, mas enquanto dirige, lágrimas silenciosas escorrem por sua face. Apesar de sentir alívio por saber que causou danos à filha, ela se sente angustiada ao refletir sobre a crueldade que a criança enfrentou, um bebê inocente que não teve a oportunidade de viver. As palavras de Melissa, que foram ditas naquela tarde, continuam a assombrar seus pensamentos e um profundo desejo de justiça a domina, com um grito de revolta ecoando no seu peito.

Ao chegar em seu prédio e sair do elevador, um calafrio percorre a espinha de Rebecca quando avista Nicole, que está encostada em sua porta. O medo a domina, as palavras de Alex ecoam em sua mente e seus passos vacilam. Ela se aproxima de sua porta, hesitante e apreensiva, sem saber o que a aguarda naquele inesperado encontro.