ENTRE O AMOR E O ÓDIO romance Capítulo 36

No escritório, Sophia acomoda-se na cadeira de seu pai, enquanto Alex a observa encostado à porta. A todo momento, Sophia evita seu olhar; ela detesta quando Alex fica com aquele olhar distante e vazio, pois ele parece mais frio do que o habitual.

“Por que estou fazendo isso?” — Questiona-se, enquanto tenta disfarçar o medo que sente. Sophia tem consciência de que Alex não a ama, e ela também não o ama. Ela deveria ter encerrado esse relacionamento muito antes, pois não suportava a indiferença dele.

“Ele é um idiota, sempre me deixa de lado. Por que estou aqui com medo, por algo que não desejo mais?” — Pondera, tentando se convencer de que não precisa temê-lo. Ela está prestes a acabar com tudo aquilo quando lembra das palavras de seu pai. — “Droga, eu preciso terminar isso! Preciso me casar com esse idiota, pelo bem dos nossos negócios.” — Suspira desanimada.

Seus olhos seguem Alex, que se aproxima da mesa e apoia as duas mãos nela, encarando-a.

— Notei que você está nervosa. Algum motivo em especial?

— Não estou nervosa; estava apenas absorta em meus pensamentos.

— Planejando como me convencer a te perdoar? Percebe haver um problema aqui, não é verdade?

— Me perdoar? Alex, o que está acontecendo com você? Por que está me machucando assim? O que eu te fiz? Fiquei aqui esperando você voltar, apenas para descobrir que esteve com outra pessoa? Você nem sequer negou. Por quê, Alex? Você simplesmente parou de me amar?

— Faz muito tempo, Sophia, assim como você fez. No último ano, foram apenas negócios. É conveniente para a tua família te manter à frente do grupo Shaw, mas se a condição é casar comigo, isso nunca acontecerá. No entanto, vovó te ama; talvez ela permita que você coopere com o grupo Shaw sem que precisemos estar casados.

— Ainda amo você, Alex. — Ela diz, escondendo sua raiva. — Por que dúvida disso? Não se trata de negócios, Alex. Sou eu amando você todos os dias ao longo dos últimos anos. Posso perdoar você por isso, desde que prometa nunca mais vê-la e se desculpe comigo. — Alex ri daquilo, achando-a tão hipócrita.

— Provavelmente não a verei mais. Talvez tenha achado ela interessante, mas receio que isso não vá acontecer. Com isso, você não precisa se preocupar. Nunca pedirei desculpas, Sophia. Agora me diga, você tem algo que acredita que deve me contar ou que tenha acontecido na minha ausência?

— Alex, na verdade, não aconteceu nada. Quem causou problemas e me magoou foi você, mesmo eu sempre estando disponível para você. — Ela recorda da festa dos Ramsey. — Eu nunca te dei razões para desconfiar de mim, muito menos para me tratar assim.

— Sophia, você sabe o quanto detesto quando mentem para mim, certo? Vou te dar outra oportunidade. O que você tem para me contar?

— Não tenho nada para contar, Alex. Nunca escondi nada de você. Como poderia? O que aconteceu para você agir assim?

— Tudo bem, faça como quiser. Eu te avisei, Sophia, para não ir à festa dos Ramsey. E caso decidisse ir, não deveria ter me causado problemas. — Sophia fica apreensiva ao ouvir a menção à festa. — E agora me diga, por que é que tenho que aguentar o Bryan dizendo que, além de compartilharmos o mesmo sangue, também estamos compartilhando você? — Alex observa a expressão assustada de Sophia, que sente seu coração acelerar. — Estou esperando por uma resposta.

— O quê? Sobre o que você está falando? Bryan teve realmente a audácia de me usar para te provocar? Eu não me envolvi com ele, Alex, eu jamais me atreveria. Eu te amo, nunca permitiria que ele sequer se aproximasse de mim. — Ela tenta manter a compostura da melhor forma possível. — Como você pode acreditar nas mentiras dele?

— Você realmente me ama, Sophia?

— Sim, Alex, eu te amo.

— Certo, então pela última vez vou perguntar: você teve relações com o Bryan? Responda com sabedoria, porque depois disso, não haverá volta, Sophia.

— Não, Alex, eu não fiz isso, eu jamais faria. — Sophia decidiu mentir, consciente de que seria a palavra dela contra a de Bryan. — Seja lá o que ele disse, foi com a intenção de te provocar mais uma vez. Eu nunca me aproximaria dele, sabendo que isso nos destruiria.

Alex a observa durante longos minutos. Ele circunda a mesa e para em frente a ela, encarando-a com um olhar enigmático. Sophia sente um arrepio percorrer seu corpo diante daquela intensidade.

— Faça o que eu disse, e talvez possamos discutir isso mais tarde. Se tiver sorte, talvez eu até considere o casamento para atender às expectativas de todos que desejam a nossa união. Apenas faça o que pedi.

— Eu não posso, Alex.

— E eu não quero ficar com você. Todos saem ganhando assim. — Alex se dirige à porta, e Caio segura-o pelo braço.

— Você não vai deixar minha irmãzinha nesse estado, como ousa? O que você fez para ela chegar a esse ponto?

— Pelo amor de Deus, eu não tenho interesse em lidar com essas situações. Resolvam tudo com a Sophia, se agirem corretamente, talvez ela tenha minha permissão para se aproximar novamente. Detesto ser tocado, então por favor, retire sua mão, a menos que queira ter problemas comigo.

— Caio, solte-o. — Ordena Carlos. — Você não é um homem? Comporte-se como tal, explique o que está acontecendo, por que brincou e humilhou minha filha? — Questiona Carlos. — Fale a verdade, o que você fez em Seattle?

— Sr. Deckert, tudo o que posso lhe dizer é que sim, estive com outra mulher durante todo o final de semana. É isso que quer ouvir? Se está esperando um pedido de desculpas, esqueça, isso jamais acontecerá. Ela não é a razão pela qual eu não vou me casar com sua filha. Se Sophia desejar, ela pode explicar a vocês o motivo, mas isso é um assunto de vocês, não meu. Por favor, não me tomem mais tempo com essas bobagens. — Alex os observa e se encaminha para a saída, evitando qualquer discussão adicional.

— Que diabos, Sophia, o que aconteceu? — Questiona Carlos, visivelmente irritado.

Sophia enxuga suas lágrimas, aproxima-se de Bryan com um olhar cheio de raiva e desfere um tapa em seu rosto.

— Como você pôde? Como pode fazer isso comigo? — Todos observam a cena, perplexos e sem entender.