Felicidade de Ter Meu Segundo Alfa romance Capítulo 2

"Ferrara, é você? Ajude-me!", eu disse, quase sem força. Todo o meu corpo tremia, apesar de eu estar praticamente sem vida.

Ferrara estava parada na porta, linda em seu vestido branco, mas impassível. Eu me perguntei se aquela seria a minha aparência, mas eu sabia que não. Eu sabia que deveria ser parecida com ela, mas seis anos daquela existência tortuosa me privaram de ter uma pele lisa e macia e cabelos longos e brilhantes. Sua expressão era de quem estava vendo algo nojento, não de alguém que estava encontrando uma irmã há muito perdida e prestes a morrer.

"Não se engane. Eu não sou Ferrara", disse Ferrara. "Você que é. Eu sou a Sherrie."

"O quê? Não!", eu bradei. Eu sentia meu coração pulsando em meus ouvidos, bombeando o sangue que era tão valioso, a razão pela qual eu estava trancada. Lentamente, a ficha começou a cair.

"Você fez isso?", eu gritei. Minha voz soou alta e penetrante, mas meu coração estava partido.

"Fiz o quê? Peguei o que era meu?", respondeu Ferrara.

"Eu sou a Sherrie. É o meu sangue." Virei-me desesperadamente para os guardas, que nem olhavam para mim. "Ela está mentindo! Ela não é a Sherrie. Eu que sou! Se não fosse, por que vocês tirariam o meu sangue?", eu gritei com eles, usando o que me sobrava de energia. Lutei contra as amarras antes de perder completamente a força.

Ferrara disse: "Não deem ouvidos a ela. Vocês sabem quem é a Luna. Vocês viram os jogos. Todo mundo viu." Sua voz era suave e calma. Parecia até a minha voz, se eu não tivesse passado tantos anos chorando e gritando.

O médico se inclinou sobre as minhas feridas e derramou um líquido quente sobre elas, causando muita dor, e eu chorei novamente. Ele cobriu minha perna com mais delicadeza. Eu odiava todos eles. Como eles podiam acreditar nela?

"Foi você?", eu perguntei, chorando. "Por favor, Ferrara…"

"Sherrie", interrompeu Ferrara. "Eu não responderei ao seu nome, sua garota maluca. Sabe, é bom que eu a tenha mantido aqui. Ela é um traidora ingrata e indigna da confiança do nosso Alfa. Ela deveria estar feliz em servir à nossa matilha." Ela falou com os guardas e com o médico, embora seus olhos cor de violeta estivessem fixos em mim.

"Por favor, Ferrara. Por favor, nós somos irmãs. Nós nos amamos. Como você pôde fazer isso?" Nunca, em meus pesadelos mais loucos, eu imaginei que aquilo seria possível.

Ela ficou tensa por um momento e depois riu. "Sim, somos irmãs." Ela se dirigiu aos guardas e ao médico: "Deem-nos licença. Quero falar a sós com essa traidora."

Os guardas assentiram e saíram. Um olhou para mim por um segundo, antes de baixar os olhos. Eles claramente trabalhavam para ela. Eu havia desperdiçado muitos apelos para eles ao longo dos anos.

Todo o meu corpo tremeu mais forte, e senti meu choque dando lugar à pequena quantidade de raiva que consegui reunir em meu estado enfraquecido. Foi ela que traiu o Alfa. Ela traiu a própria irmã e tomou meu lugar. Ela usou o meu vestido.

Pensei na nossa infância e em como ela sempre queria o melhor de tudo – e em como sempre conseguia. Não importava se era a minha vez. Ela sempre sentiu muita raiva e ciúme dos brinquedos novos ou do carinho dos nossos pais. Eu a deixei vencer muitas vezes, simplesmente porque não queria brigar com ela o tempo todo.

Pensei no ciúme dela no dia em que ganhei os jogos. Ela havia desaparecido. Foi então que percebi que ela deve ter corrido para encontrar o Alfa no meu lugar, enquanto eu fui para casa esperar que ele viesse até mim.

"Você sabe que dia é hoje?", perguntou Ferrara. Ela andou mais para dentro da cela, aproximando-se da cama onde eles haviam me amarrado.

"Não", eu disse. "Faz seis anos que não sei que dia é."

"Hoje é nosso aniversário de 18 anos."

Lágrimas nublaram meus olhos e escorreram pelo meu rosto. Senti um ardor quando elas atingiram a palavra PORCA queimada em minhas bochechas.

Pensei nos meus sonhos de me tornar a companheira escolhida de Collin no meu aniversário de 18 anos. Eu deveria ser a Luna. O Alfa declararia sua fornecedora de sangue, sua companheira para toda a matilha. Eu ganhei os jogos; deveria ser eu.

Meu sangue era o melhor que ele já havia provado. Lembrei-me dele me olhando e me dizendo isso. Eu mal conseguia lidar com toda a raiva, choque e mágoa. Como ela pôde fazer aquilo comigo? Como alguém poderia ter tanto ciúme a ponto de se tornar tão ruim?

"Meu vestido não é lindo?", ela perguntou, tentando me provocar. A renda branca e o cetim estavam cobertos com pequenos cristais, que brilhavam mesmo na penumbra do porão. "Collin me deu de presente."

Não havia esperança. Ela nunca me deixaria ir embora. Àquela altura, depois de tudo que havia acontecido, não fazia sentido esperar que ela confessasse seis anos de mentiras para Collin. "Por favor, eu prometo fornecer todo o meu sangue, você pode continuar com a sua mentira. Por favor. Só me deixe ser livre…"

Eu congelei de repente. O cheiro mais doce atingiu minhas narinas. Cheirava a baunilha e pinheiros. Meu companheiro estava por perto. O meu companheiro predestinado, o que foi abençoado pela deusa da lua.

Quem era ele? Meu corpo se derreteu com aquele cheiro. Será que ele poderia me salvar daquele inferno?

Ferrara tocou meu rosto, rindo sarcasticamente,

"Ah, pobre irmãzinha. Acho que você acabou de descobrir que seu companheiro predestinado está no mesmo prédio, não é? Você sabe quem ele é?"

Ela fez uma pausa e pareceu gostar da minha expressão de surpresa. "É o Alfa Collin seu companheiro predestinado. Mas ele me escolheu."

"Não! Nosso vínculo de companheiro existe. Eu posso sentir! Ele não deve saber que eu estive aqui esse tempo todo!"

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