Charlotte
Minhas mãos tremiam enquanto eu discava o número de Sophia. Será que eu já fiquei brava assim antes? Se fiquei, não me lembro.
"Alô?", Sophia atendeu quase imediatamente, usando um tom de voz doce completamente falso.
"Sophia? Você tá com o Benjamin agora?", perguntei diretamente.
"Quê? Claro que não", respondeu após uma longa pausa.
"Fala sério, Sophia, você realmente acha que eu não sei da palhaçada de vocês? Eu não sou uma idiota completa".
"Charlotte, escuta...", começou, claramente tentando pensar em uma desculpa.
"Não, eu não tô nem aí pro caso de vocês, eu só preciso falar com ele agora", falei com firmeza.
Após outra pausa, a voz de Sophia não soava mais tão inocente assim. "Você não liga? Você sabia que eu tô grávida?", questionou, chocada.
Eu não estava preparada para essa notícia específica. Cerrei meus punhos, tão furiosa que achei que quebraria o celular em minha mão. "E você acha o quê? Que isso é algum tipo de vitória?", ataquei.
"Ele sabe que você tá grávida? Porque um homem que tem tanto medo de responsabilidade a ponto de me envenenar por anos provavelmente tá disposto a fazer isso com qualquer uma", continuei.
"Bom, não, mas ele me ama, ele jamais...", tentou explicar-se.
"Ele também me amava. É impressionante o quão carismático ele pode ser, levando em consideração que é um maldito. Como você acha que ele vai dar apoio pra você e pro seu bebê? Ele nem tem um emprego", interrompi-a.
"Claro que tem! Ele só não te contou porque não queria que você se aproveitasse dele. Ele é um corretor da bolsa", Sophia discordou.
"Ah, Sophia... pobre, inocente e idiota Sophia. Se ele é um corretor da bolsa, eu sou um lápis".
"Não fala assim comigo! Ele tem dinheiro, ele me mima o tempo todo!", insistiu.
"Com cartões de crédito que ele fez no meu nome!", gritei, perdendo a paciência.
"Quê?", ela soltou.
Ao desligar a última ligação, sinto o mundo se despedaçando sob meus pés. Como cheguei nessa situação? Eu não tenho nada. Ninguém me contratará sem uma indicação de meu chefe anterior, o que quer dizer que não conseguirei pagar o aluguel ou comprar comida. Normalmente eu pediria pela ajuda de Victoria em um momento como esse, mas não posso agora que estamos no mesmo barco.
Amanhã finalmente descobrirei se estou grávida ou não, e até agora a sensação estranha que tenho sentido nos últimos dias tem sido reconfortante, uma fonte de esperança. Não sei como explicar, mas é como se, de repente, eu estivesse diferente. Apesar de não conseguir ver mudança alguma, sinto que não sou mais a mesma mulher que era há uma semana.
Pensei que fosse um sinal de que a inseminação havia funcionado, mas agora rezo que seja apenas minha imaginação exagerada.
A princípio tento me distrair, mas ligo a televisão e congelo ao ver Brayden Collins no noticiário falando sobre suas iniciativas solidárias na comunidade. "Quando nosso trabalho tiver acabado, o abrigo para as crianças de Silver Claws será um lugar cheio de amor e solidariedade cujo objetivo será encontrar as melhores casas para crianças necessitadas. Nossa iniciativa não só garantirá que os residentes permanentes do abrigo tenham as melhores condições possíveis, mas também manterá contato constante com as crianças que forem adotadas, certificando-se que irão prosperar em suas novas casas".
'Grande filantropo, ele', pensei amargamente. Arruina vidas ao seu redor enquanto finge ser um aliado dos oprimidos. Há uma semana eu talvez teria me comovido com algo assim. Cresci em um orfanato assim como o que ele está descrevendo, e sei o quão horríveis as condições de vida podem ser. Agora, entretanto, só consigo ver sua hipocrisia. Victoria também era uma órfã, ela não fez nada de errado, onde estava sua compaixão por ela? Claramente é só para as câmeras, e é uma pena, pois ele é bem convincente, assim como Benjamin era.
Claro que Benjamin nunca foi tão bonito quando Brayden Collins, nem tem todo seu carisma ou presença imponente. Não sei se já conheci alguém com ele, e até mesmo quando estava se recusando a me ajudar, brigando comigo e me expulsando de sua propriedade, parte de mim ainda estava impressionada por suas feições lindas e por seu magnetismo.
Me sacudi e desliguei a televisão. Qual é o meu problema? Aquele homem é um bilionário sem coração e eu ainda fico admirando ele como uma garota adolescente.
Acabo indo dormir cedo, tentando não pensar no dia de amanhã. Claro que fiquei acordada até tarde da noite, pois sei como é ser órfã e não posso colocar uma criança no mundo só para destiná-la àquela existência sombria. Quanto mais minha vida sai dos eixos, piores são as minhas opções.
Se eu estiver grávida, será que eu devo... abortar? Mesmo sendo tudo que sempre quis na minha vida?!

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