Charlotte
Abro os olhos cuidadosamente, e a cama luxuosa sob mim deixa claro que não estou em casa. A última coisa que me lembro era de estar no escritório de Victoria com ninguém menos que Brayden Collins, que ao mesmo tempo estava se oferecendo para salvar meu futuro e quebrar meu coração.
Eu estava prestes a abrir mão de meu bebê. 'Meu bebê', penso, ainda atordoada, levando uma mão para minha barriga. Será que realmente estou grávida? Depois de tanto tempo?
Pensar em ter que me desfazer de meu filho porque a vida me deu outro golpe desleal faz com que eu fique enojada. Levanto da cama correndo e vou para o banheiro, sentindo meu estômago se revirar. Chego ao vaso sanitário a tempo, esvaziando meu estômago, de joelhos, miserável.
Bom, essa era toda a prova de que eu precisava. Realmente vou ser uma mãe... mas por quanto tempo? Trinta segundos? Cinco minutos? Será que Brayden Collins sequer me dará a oportunidade de segurar meu bebê antes de arrancá-lo de meus braços? Será que eu quero essa tortura? Imediatamente decido que sim. Preciso segurar meu bebê em meus braços, nem que apenas por uma fração de segundos... mesmo se não formos da mesma espécie.
Esse pensamento faz com que eu fique tão zonza que preciso fechar os olhos. Lobisomens são reais. Não só são reais, como estou grávida de uma... Brayden Collins, quem admirei tantas vezes, é uma criatura que eu só acreditava existir em contos de fadas. E o que era aquele barulho quando desmaiei, por que parecia que eu podia ouvir sua voz dentro de minha cabeça?
Percebo que são informações demais para mim no momento. Volto para o quarto e subo na cama luxuosa, percebendo pela primeira vez que devo estar na mansão dos Collins. Não há outra explicação. Nunca estive em um quarto tão lindo, ou quão decorações tão caras. Deve ser tudo dele.
Mas por que me traria para casa com ele? Eu tenho uma casa. Olhando por cima dos cobertores, examino o quarto, especialmente a mesa próxima da porta. Há um vaso de flores com uma nota dobrada, que parece ter meu nome escrito na frente. Ficando de pé lentamente, pego o papel e abro-o enquanto meu coração batia velozmente.
"Charlotte,
Por favor, fique em casa. Eu vou estar no escritório até à noite, mas podemos terminar nossa conversa assim que eu chegar. Peça para os empregados tudo que precisar.
Atenciosamente,
Brayden".
'E se eu quiser ir pra casa? E aí, senhor Lucas?', cogito.
A sugestão de que há uma discussão a ser concluída entre nós me irrita. Ele basicamente me deixou sem escolha alguma, aproveitando-se de segurança, estabilidade e o bem-estar de meu filho para me forçar a concordar com seus termos. Eu nunca tive uma chance. Ele realmente tem todo o poder no mundo, enquanto eu não tenho nada, e nosso acordo deixava claro que não havia uma lacuna sequer.
As coisas tornam-se menos claras quando tento descobrir seu verdadeiro status como lobisomem. Primeiro minhas buscas me levam a algumas teorias da conspiração sobre os Illuminati, e chego à conclusão de que manter toda uma espécie em segredo exige mais prudência. Penso, então, que deve haver uma internet obscura, paralela, especialmente para lobisomens, assim como para atividades ilegais.
Isso toma a maior parte da tarde, mas acabo descobrindo que posso baixar um navegador especial para acessar a dark web, e logo me aprofundo na sociedade online dos lobisomens. Aqui, encontro uma imagem muito diferente do homem de negócios perfeito exaltado na mídia humana. Enquanto isso tento não pensar em quão bizarro é descobrir que realmente existe uma sociedade de lobisomens nas sombras.
Aparentemente Brayden Collins não é qualquer lobisomem, mas o Alfa do bando Silver Claws, e futuro rei do continente. Não é à toa que ele foi tão vago quando perguntei sobre a monarquia! Ele pode ser o próximo rei, caso sua campanha seja bem-sucedida.
Não existem muitos concorrentes, mas o Collins tem sido prejudicado por sua situação familiar. O último rei morreu sem deixar nenhum herdeiro e a comunidade de lobisomens ficou com um vácuo de poder perigoso, e é por isso que precisam escolher um novo rei. Ninguém quer que esse ciclo se repite com outro rei sem filho, e Collins não ter conseguido produzir um herdeiro é só metade do problema. Ele também não tem uma companheira, ou Luna, pelo menos não mais.
Leio até cansada, descobrindo que Collins outrora fora casado com uma loba que o deixou quando ele não conseguiu ter um filho com ela, apesar de serem companheiros predestinados, o que é outro conceito que não consigo entender. Entendo o motivo de Collins estar tão obstinado a ter um herdeiro agora. Achei que ele era só um idiota dominador que acreditava precisar manter o legado de seu império de negócios ou algo do tipo, não que todo o futuro de sua sociedade dependia disso. Os artigos deixam claro que lobisomens estariam encrencados caso ele não assumisse o trono. Alguns de seus concorrentes são descritos como loucos por poder e transtornados, e estão fazendo o que podem para sujar a imagem de Collins.
Quando finalmente termino, encostando-me em minha cadeira e esfregando o rosto, tento compreender tudo. Collins precisa de um herdeiro, de uma Luna, e sabe o quão difícil pode ser para uma criança crescer sem mãe. Ele pode ser inteligente, mas agora eu sei de suas fraquezas. Se fizer as jogadas certas, posso conseguir fazer esse Alfa aterrorizante me deixar ter contato com meu bebê, e então posso provar o quão importante é que uma criança esteja com sua mãe.
Enquanto tenho esses pensamentos otimistas, ouço alguém batendo na porta e, de alguma maneira, sei que é Brayden Collins antes mesmo de me levantar do sofá. Respirando fundo, vou até a porta pesada e abro-a, revelando um lobisomem muito grande e bravo.

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