Charlotte
Até esse momento em minha vida, odeio poucas pessoas. Agora, Benjamin e Sophia estão no topo de minha lista, mas não estão sozinhos. Brayden Collins está subindo rapidamente, quase conseguindo o primeiro lugar. A traição de Benjamin e Sophia doeu tanto porque eu me importava com os dois, mas Collins pode ser a primeira pessoa que já vi que odeio tanto em tão pouco tempo.
Ele me olha de cima a baixo como um lobo decidindo como devorar o coelho que capturou, e percebo que isso é tudo que sou para ele. Todos seus olhares intensos nos últimos anos, todas as vezes que nos vimos, todos os sorrisos, ele só estava me menosprezando, vendo-me como uma presa. Talvez ele seja como o Benjamin e achou que eu era um alvo especialmente atraente, mas no fim das contas eles são o mesmo tipo de monstro.
"Não tem nenhuma oferta que você possa fazer que me convença a te dar meu filho", afirmo. "Eu não estou à venda, e meu bebê também não".
"Agora você só tá sendo teimosa", Collins suspira. "Teimando porque não gosta de mim".
"Como adivinhou?", ridicularizo. Pela segunda vez, parece que ele quer sorrir apesar de saber que não deve, mas novamente ele se contém.
"Usa a cabeça, Charlotte", instrui debochadamente. "Digamos que eu acredite que você não fez tudo isso só pra conseguir uma bolada".
"Você obviamente não acredita!", interrompo-o, fazendo com que me olhe de maneira tão severa que sinto calafrios.
"Digamos que eu acredite. Quais são as suas opções? Como você vai criar essa criança? Se você tentar abortar eu te levo na justiça e garanto que a juíza vai te impedir de fazer isso, o que quer dizer que ou você tem o bebê e tenta se virar sozinha, ou dá ele pra mim".
"Pode me levar na justiça se quiser", desafio, apesar de saber que minha vontade de encerrar a gravidez diminuiu desde o momento que descobri que realmente estava grávida. "Você tá esquecendo que o corpo é meu".
"Um corpo que você inseminou intencionalmente. Não engravidou por causa de uma noitada ou porque foi abusada. Eu vou oferecer uma vida boa pra criança e tenho mais influência política do que você imagina", mostrou-me seus dentes que parecem demais com presas. "Sem dizer que sou um doador em todos os hospitais da cidade, nenhum médico vai querer realizar o procedimento e arriscar não receber mais o meu dinheiro".
De repente posso ver como esse homem acumulou tanto dinheiro e poder, e é mais esperto do que eu imaginava, além de ter um instinto assassino inigualável. Percebi que ele estava certo, os juízes e médicos ficariam do seu lado, seja por convencimento ou suborno, ele vencerá.
Ele havia me prendido e eu sequer havia percebido o que estava acontecendo. Não duvido que seja tão cruel quanto diz ser, o que quer dizer que preciso ter esse bebê, minhas condições financeiras não importam. A minha melhor esperança é encontrar algum emprego a tempo, mas ainda assim daria uma vida de pobreza para minha criança. Babás desonradas não serão contratadas como CEO.
Collins vê claramente meu desespero e ataca novamente. "Se você cooperar, eu pago suas dívidas. Eu te ajudo a encontrar um emprego e cobrir suas despesas médicas e de moradia. Se você me der um herdeiro, eu também te dou um ótimo bônus, além do que você quiser... uma casa? Um carro? Um investimento? Seja minha barriga de aluguel e você pode ter tudo que seu coraçãozinho quiser".
"Mas eu não sou só uma barriga de aluguel", lembro-o, sentindo meu coração se despedaçar em meu peito. "Eu sou a mãe dessa criança, que tem meu DNA e vai ser meia-humana. Ela tem direito disso também".
Ele balança a cabeça negativamente. "Essa criança vai ser um lobisomem, e um dos bons, meus genes garantirão isso. Vai ser criado com seu próprio povo, e vai ter uma linda maravilhosa, Charlotte... eu prometo".
Collins anui com a cabeça e sai pela porta. Algum tempo depois, um de seus homens entra com vários documentos e eu demoro quase uma hora para lê-los. Quando finalmente leio a última página e aceno com a cabeça, o advogado coloca o contrato na frente de Collins, que rapidamente começa a colocar sua assinatura em cada uma das páginas.
"Você tá fazendo a coisa certa, Charlotte", fala, claramente sentindo-se triunfante.
"É fácil pra você falar isso", rebato, vendo ele debruçado por cima dos documentos com uma caneta tinteiro na mão. "Você tá orgulhoso? Ameaçando uma humana fraca pra ela te dar a única criança que pode ter?", questiono. "Você mandou seu esperma aqui porque também tinha seus problemas com fertilidade, não é? Como você se sentiria se você e a sua esposa finalmente conseguissem e alguém tirasse o bebê de você?".
Collins endireita-se, ficando quase imóvel, sem reagir. Quando virou-se para mim, sua cara estava fechada. "Na verdade eu não sou casado. Não mais", admite.
"Não era disso que eu tava falando", murmuro, pegando a caneta de sua mão e indo até o contrato. Antes que eu pudesse assinar as páginas, sinto o local começar a girar. Seguro-me na mesa, fechando os olhos com força e então piscando, tentando recuperar minha visão, que ficou embaçada do nada. Eu conseguia ouvir meu coração bater em meus ouvidos.
"Há quanto tempo a gente tá aqui?", pergunto, sentindo como se meu corpo estivesse coberto de água morna. Meus sentidos estavam fracos, e somente quando Collins aparece ao meu lado percebo que havia falado com dificuldade. "Você tá bem, Charlotte?".
Minhas pernas cedem, e de repente me vejo caindo no tronco de um lobisomem muito grande e preocupado. Braços poderosos me envolvem, e seu cheiro enche minhas narinas. É profundo e complexo, como uma floresta em uma noite de luar. "Seu cheiro é bom", solto, parecendo estar completamente bêbada antes de cair na escuridão pela segunda vez em poucas horas.
Entretanto, dessa vez ouço um estranho ronronar enquanto a escuridão me envolve. A princípio penso ser Collins, mas o som não estava vindo de seu peito, parace até que está vindo de... dentro de mim?

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