Improvável CAPÍTULO 50

|KAYRA|
-Callaham! Seu... seu...
-É Deklan ou querido para você, senhorita!
O loiro debocha e sem o menor pudor ou acanhamento, retira a toalha da cintura ficando completamente nu, enquanto segue até o closet para pegar as roupas que irá vestir.
Mas que pilantra descarado... e gostoso! Eu salivo.
Não que eu não tenha visto nada daquilo ali antes, contudo, ele poderia ter um pouco de bom senso e não sair mostrando uma das sete maravilhas do mundo assim para quem quiser ver, oras! É quase um insulto e um risco a sanidade de qualquer ser humano que tenha um bom par de olhos em funcionamento, perigosamente grávida e suscetível a hormônios descontroladamente assanhados.
-Pelo amor de Deus, homem!
Eu murmuro um tanto revoltada desviando o olhar para cima e suspiro quando ouço uma risadinha divertida escapar de sua boca. O maldito provocador sabe muito bem o que está fazendo e gosta disso!
-Pode olhar agora sem correr nenhum perigo, Kayra. Jé estou devidamente vestido de novo.
Deklan brinca e quando eu baixo o olhar em sua direção, ainda consigo flagrar os músculos de seu abdômen definido e suculento, se contraindo enquanto ele termina de vestir a camisa por cima da cabeça, o que desperta em mim a súbita vontade de lambe-lo todinho.
Droga de hormônios!
Nem pense nisso, Kayra Pextton! Eu me repreendo mentalmente e tento focar minha concentração em outra coisa que não seja nenhuma parte tentadora do corpo loiro me prensando com força contra essa cama ou me preenchendo completamente com... chega! Pare agora mesmo, mulher!
-Callaham, você precisa me tirar do castelo na surdina. Eu não posso ser vista saindo daqui por ninguém, sabe disso, né?
Eu digo balançando a cabeça para espantar os pensamentos pecaminosos que estou tendo com ele neste momento, para bem longe de mim, e abano uma mão diante do rosto para refrescar o calor repentino que está queimando minhas orelhas, bochechas e pescoço. Pelos céus, mas que calor é esse e de onde veio?
-Tá, eu sei, eu sei. Você já falou sobre isso antes. Não se preocupe, dar um jeito nisso será bem fácil para mim. Venha comigo...
Deklan diz pacientemente ao envolver sua grande mão na minha com tranquilidade. A forma tão natural como ele faz isso, e o calor familiar que atinge em cheio minhas células epiteliais no mesmo segundo em que o contato ocorre, desperta algo estranho dentro de mim, que eu não sei discernir com clareza o que é, mas que deixa os bebês em festa em minha barriga. É como se ambos tivessem levado uma carga de choque e de uma hora para outra começassem a girar e dar cambalhotas em meu ventre.
-Aii...
Eu gemo com um pouco de desconforto ao que Deklan para imediatamente o percurso que estamos fazendo rumo a saída do quarto, e me olha com evidente preocupação nos olhos cor de safira, quando coloca a mão na maçaneta da porta prestes a abri-la.
-O que foi, Kayra? Você está...
-Não é nada, por favor vamos embora.
-Tem certeza?
-Claro, claro. Só me tira daqui...
-Tudo bem, mas se sentir qualquer coisa não hesite em me dizer, está me ouvindo?
-Sim, Callaham, eu estou te ouvindo. Agora vamos, por favor.
Peço disfarçando uma careta, ao que ele assente em concordância, mas de olho ao menor sinal de mudança no meu semblante, e abre a porta para eu saia na sua frente como um perfeito cavalheiro. Eu rolo os olhos com tédio e abro a boca para fazer um comentário bastante sarcástico acerca da ação, contudo, antes que eu diga qualquer coisa as palavras travam em minha garganta e meu coração erra o compasso, no segundo em que quase colido com ser o humano que surge do nada a minha frente feito um fantasma.
-Meu Deus!
Eu exclamo de susto ao colocar as mãos sobre o peito, recuo um passo para trás, e consequentemente acabo pisando no pé do loiro que resmunga sem entender o motivo do meu grito, até o momento em que enxerga a figura de uma miniatura sua loira, só que na versão feminina e muitos centímetros mais baixa do que ele.
Quem é essa criaturinha? Eu penso entrando em pânico ao perceber que acabo de me tornar alvo de curiosidade e interesse da pequena Sherlock loira em meu caminho, que me fita astutamente com brilhantes olhos azuis semelhante aos de Deklan, parada no corredor do lado de fora com as mãos na cintura e uma postura de quem pertence a realeza.
mas que barrigão enorme você tem!
A pequena diz com uma risadinha divertida e gostosa que me desarma por alguns segundos, fazendo-me soltar o ar que estava prendendo.
-Kath!
Deklan dá uma chamada na garotinha que se encolhe ao meu lado, mas escondendo um sorriso meio banguela como uma criança sapeca que acaba de aprontar. Eu estremeço por um segundo ao ouvir o nome que o loiro a chama e me pergunto se realmente escutei direito.
-Kayra, essa pequena senhorita sem papas na língua é a minha sobrinha Kath. Kath, essa é a...
-Kayra! Meu nome é Kayra, prazer em conhecê-la, Kath.
Eu me adianto antes que Deklan diga algo que não possa ser dito e estendo a mão para cumprimentar a loirinha que a agarra imediatamente com entusiasmo. Meus olhos olhos ardem de emoção, e eu preciso fazer um terrível esforço para não chorar feito uma criança na frente dos dois. Observando a pequena Callaham, noto no mesmo instante que ela deve ter mais ou menos quase a mesma idade da minha irmãzinha quando partiu, e que coincidentemente, também possui o mesmo nome que ela.
Ah, minha pequena Kath! Como eu sinto sua falta! De que tamanho você estaria hoje em dia? Você gostaria da novidade de ser titia tão nova? É o que me pergunto com uma fungada saudosista, mas que tento disfarçar com um sorriso ensaiado no rosto, e o coração partido em centenas de caquinhos dentro do peito, ao voltar minha atenção para ambos.
é amiga do tio Deklan, Kayra?
A curiosa indaga com os olhos distraídos no grande volume da minha barriga e eu me perco, ainda balançada pela situação, sem saber como responder a sua pergunta capciosa sem me comprometer.
-Hum...
Kath. Mas chega de perguntas, mocinha! Você não deveria estar andando pelos corredores sozinha a essa hora. Cadê a tia Desireé que não está tomando conta de você nesse
fugi dela há alguns minutos atrás.
garotinha gargalha da peripécia cometida, ao que seu tio a encara com seriedade, fingindo não aprovar tal atitude, e em seguida aperta a pontinha arrebitada do nariz da pequena loira, antes de lhe beijar ambas as bochechas com carinho voltando a falar com a
para sua tia e não fuja mais, sua espertinha! Ela deve estar louca a procura da senhorita!
-Deve mesmo.
sem a menor vergonha na cara, achando graça de tudo. Tal tio, tal
que ainda está fazendo parada aqui? Andando, mocinha!
dá um passo em sua direção, ao que ela se afasta com esperteza fugindo do alcance do mesmo como se estivessem brincando um com o outro de pega
bom, tá bom, eu já estou indo, tio! Espero vê-la de novo, tia Kayra!
se despede lançando um beijinho no ar para nós dois, e sai rindo e correndo, e deixando Deklan
corra pelo amor de Deus,
resmunga bagunçando os cabelos com uma mão, mas é tarde demais e a menina já sumiu das nossas vistas pelo corredor afora como um ágil foguetinho cheio de energia. Deklan me olha por um momento com a feição culpada pelo encontro inesperado, mas eu não ligo. Apenas dou de ombros enquanto o sigo em silêncio pelo caminho que me conduz até onde seu veículo está estacionado. Me sinto frágil e abalada demais para conseguir pronunciar alguma palavra, então permaneço quieta ao sentar-me ao seu lado dentro do carro, reprimindo a enorme vontade de deixar que as lágrimas escapem por meu