|KAYRA|
Pouco a pouco começo a despertar sem pressa, com calma, aproveitando a gostosa sensação dos lençóis de seda escura sobre minha pele nua, e o colchão que parece uma nuvem de algodão de tão macio que é, e que me deixa com vontade de ficar aqui deitada pelo restante do dia.
Ah, como isso é bom! Eu preciso mesmo me levantar daqui? Jura? É a pergunta que faço a mim mesma mentalmente, e como um gato manhoso ao sol da manhã, eu me espreguiço esticando os braços para o alto. Ouço alguns ossos estalarem com o movimento rápido e incalculado que realizo para me sentar com as costas apoiadas na cabeceira da cama, e meu corpo todo protesta em reação.
Todos os meus membros estão deliciosamente doloridos, resultado de uma noite quente, intensa e inesquecível a qual eu guardarei como uma boa lembrança na memória, assim que meter o pé daqui depois de me despedir do senhor olhos azuis antes de termos uma última rodada de despedida.
Mas onde é que esse homem se meteu? Eu me questiono ao olhar para o seu lado vazio na cama e não encontrá-lo deitado ali. Será que está no banheiro? Eu pondero a respeito e me levanto enrolando-me no lençol para ir procurá-lo naquela direção.
-Ei loiro, você está aí dentro?
Eu o chamo pelo caminho, paro no batente da porta que separa o ambiente entre o quarto e o banheiro, e coloco a cabeça no interior do local, buscando-o com uma rápida olhadela.
-Por que você não me acordou também quando se levantou para podermos tomar um café da manhã diferente juntos?
Eu brinco com quê de malícia ao passar os olhos pelo local, mas logo o sorrisinho sacana que há em meu rosto se desfaz quando percebo que o estranho gostoso não está ali dentro, e eu estou falando sozinha esse tempo todo.
Uma sensação esquisita revira todo o conteúdo do meu estômago e minha cabeça lateja com uma pontada de dor incômoda que me deixa levemente tonta. Será que eu vou vomitar? Acho que talvez ter ingerido aquele tanto de bebida que eu sequer sei o que era, talvez não tenha sido uma boa ideia. Eu reflito por alguns segundos enquanto refaço o percurso de volta para o quarto, e começo a andar em círculos feito uma barata tonta, com os pés descalços e coberta apenas por um lençol de seda.
Ah, mas que porcaria! Dane-se tudo! O que já está feito, está feito, e não tem mais como mudar. Agora é bola para frente e vida que segue. E pelo que parece, já que o senhor gostosão decidiu fugir na calada da madrugada e me deixar sozinha para trás, em lugar totalmente desconhecido e fora da minha rota, resta apenas que eu mesma me vire para ir embora também, contudo primeiramente preciso encontrar minhas roupas, meu vestido e calcinha, que devem estar perdidas em algum canto qualquer que eu não consigo ver nesse momento.
Mas o cara é um covardão, penso comigo mesma enquanto começo a busca incessante pelas peças misteriosamente desaparecidas nesse lugar estranho. Adianta pouca coisa ser um tremendo de um gostoso na cama e mandar muito bem em todas as posições, é o que reflito com uma certa dose de impaciência e irritação. Serviu somente para satisfazer meu desejo, porque de resto... eu vou te contar, viu!
Achei uma atitude bem babaca da parte dele não ter uma postura de homem e simplesmente vazar sem a menor consideração de dar um tchau na minha cara, ou de pelo menos me mostrar o saída como uma pessoa decente e normal faria. Mas...
O que o gostosão estava pensando ao fugir da cama sorrateiramente no meio da madrugada? Hã? Que eu seria algum tipo de maluca que ao acordar na manhã seguinte iria estar fixada nele como um carrapato, ou confessar que havia me apaixonado por ele apenas por causa de uma noite casual de sexo sem compromisso?
Deus me livre de um dia protagonizar uma cena ridícula como essa! Eu prefiro mil vezes arrancar o meu braço esquerdo do que me humilhar dessa forma degradante diante de alguém, principalmente se for na frente de um homem, aí é que piora tudo.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Improvável
Amei...