Improvável romance Capítulo 25

|KAYRA|

-Olha aqui seu idiota, eu não faço a mínima ideia do que o escroto do seu maldito chefe lhe disse ao meu respeito, mas saiba que tanto ele quanto você estão muito errados. Eu não sou o tipo de pessoa que ambos supõe que eu seja.

Eu exclamo fora de mim com sangue nos olhos, fervendo de raiva, enquanto aponto o dedo indicador em riste na sua cara, louca para lhe dar um forte chute no saco. Que homem mais prepotente, canalha e mesquinho! E o imbecil engravatado ainda tem a ousadia de manter um olhar altivo e presunçoso, ao me fitar dos pés a cabeça de modo afrontoso, como se eu não passasse de uma prostituta barata que está se fazendo de difícil para ganhar mais vantagem.

Estúpido! Otário! Petulante!

-Ah, por favor garota! Pelos céus! Poupe-me tempo e paciência, e diga logo o valor. Você cobra por hora, por noite, ou de que outra forma? Como funciona o seu esquema? Vamos, não banque a tímida logo agora depois de tudo o que fez ou... deixa para lá. Apenas me diga o seu preço e vamos acabar logo com essa negociação que já perdeu o sentido há séculos.

Ele se exaspera com irritação e rispidez, como se eu estivesse prolongando o caso propositalmente com o intuito de faturar mais do que o "combinado". Como se eu fosse uma espécie de trapaceira sem escrúpulos. E isso me deixa completamente louca, me faz perder a sanidade e fere meu orgulho de maneira extremamente dolorosa. É vexatório! Nunca em toda a minha vida eu fui tratada dessa forma, insultante, preconceituosa e humilhante. Jamais! Como se minha vida ou meu corpo tivessem um valor pré-definido por tabela de serviço prestado.

-O tempo está correndo e eu estou perdendo a paciência, garota. Você não é muda então responda alguma coisa! Diga-me logo o que você quer. Qual o custo de uma mulher do seu tipo? Quanto você está valendo atualmente no mercado por uma noite? É do serviço de luxo? Pois se for eu pagarei da mesma forma, não se preocupe. Não importa o valor, dinheiro não é problema para meu chefe. Desde que tudo seja resolvido de maneira rápida e sem complicações, então poderemos chegar a um acordo benéfico para ambas as partes sem demora.

O gigante volta a insistir de novo num tom de voz pomposo e ultrajante, que me assombra e me intimida com suas acusações e ofensas ferrenhas, de modo que, pela primeira vez na vida eu me sinto diminuída e acuada diante de alguém que aparenta estar numa posição acima da minha, como o momento inesperado o qual estou vivento agora. É como um terrível pesadelo do qual eu não consigo despertar e nem sair por nada.

Subitamente meus olhos começam a arder e minha garganta parece se encher de areia quando sinto algo se partir dentro de mim. Ouço o barulho de cacos se quebrando de forma estrondosa e noto que é o meu coração.

Eu não tenho que me submeter a isso.

Não preciso continuar na frente desse cara ouvindo mais uma série de insultos e humilhações sem fim a minha pessoa. Sei que de nada adiantará discutir ou tentar convencê-lo do contrário, uma vez que esse ser já colocou uma ideia fixa em sua cabeça sem cérebro, e não irá mudar por nada no mundo, mesmo que eu tente.

Então eu simplesmente decido ignorá-lo, e sem querer permanecer por mais um minuto sequer em sua presença, viro-lhe as costas com despeito e o restinho de dignidade que ainda me resta, e com os olhos embaçados de lágrimas, mordendo a pontinha da língua dentro da boca para não sucumbir ao choro, sigo com a visão turva até o montinho vermelho amontoado no chão do quarto que avisto próximo a saída. É o meu vestido que tinha se perdido em algum momento entre a nossa entrada afoita e desesperada pela porta, e a prensa que levei logo em seguida contra a parede.

Oh, droga! Se eu soubesse que no dia seguinte tudo acabaria mal desse jeito, de modo tão desastroso e ultrajante, talvez eu não... Ah, não importa! Eu só preciso ir embora daqui, de preferência para qualquer lugar longe desse homem inescrupuloso e sem limites. É o que pondero internamente, ao mesmo tempo em que tento entrar no vestido de maneira dificultosa por baixo do lençol escuro de seda, mas que agora parece mais uma manta grosseira de espinhos que fere minha pele e meu orgulho.

Queima minha alma. Destrói a minha dignidade. Machuca meu coração e pisoteia minha autoestima.

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