|KAYRA|
-Depois de ficar flertando o tempo todo durante o pós operatório, a paciente ainda teve coragem de pedir para Queen pegá-la usando jaleco, num desses quartinhos de descanso iguais aos das séries de tv americana, porque era uma fantasia que ela tinha e queria realizar antes de morrer, vocês acreditam?
Bato uma mão na mesa ao gargalhar com vontade, me divertindo horrores com a cara de otário e avermelhada que Gregory esboça, ao revirar os olhos em órbita ao recordar o que ocorreu semana passada durante uma de suas noites de plantão, que para o seu azar, eu também estava no hospital trabalhando, e assisti a cena toda de longe com diversão.
-Mentira!
Willous que está sentada do lado oposto da mesa e ao lado de Collins, quase se engasga com o alimento que está mastigando em meio a risada descontrolada, e em seguida precisa ingerir um gole de refrigerante por cima para tentar desobstruir a garganta entalada.
Que garota maluca, penso comigo mesma e meneio a cabeça achando graça de sua reação um tanto exagerada para a situação.
-Estou falando sério, menina! E vale lembrar que a senhorinha tinha uns oitenta e poucos anos de idade, hein!
Eu continuo a narrar o fato em tom de deboche e aproveito a distração de Queen para roubar duas batatinhas de sua bandeja, enfiando-as na boca logo em seguida.
Hum... isso está realmente bom ou talvez eu esteja com muita fome, porque não me canso de furta-las discretamente desde o momento em que havia me sentado propositadamente ao seu lado na mesa com um objetivo, de comer suas deliciosas e tentadoras batatinhas, além das que já tinha acabado do meu prato há bastante tempo.
Contudo eu quero mais e as dele são as que estão mais próximas de mim dando o maior mole. Ah, mas Queen nem deve estar percebendo o sumiço de algumas poucas batatinhas, certo? Ele não...
-Cale a boca, Pextton. E pare de ficar roubando minhas batatas, mulher. Deixe as minhas quietas e vá comprar as suas!
Gregory se queixa impaciente ao notar o que ando fazendo às escondidas, o que provoca uma risada divertida em Marie por causa de sua revolta desmedida, ao que ele afasta a bandeja para bem longe de mim na mesa, como se eu fosse algum tipo de criminosa extremamente perigosa.
Mas quanto exagero! Eu resmungo mentalmente.
Ora, mas o que posso fazer se foi mais forte do que eu? Confesso que não consegui resistir. Aquelas batatas amarelinhas e gordurosas estavam me chamando insistentemente, então quando dei por mim já tinha cometido o delito gastronômico.
Mas o que eu poderia fazer? Mandar meu estômago a merda? Não dá. Eu estou com desejo, oras! E todo mundo sabe que não se pode negar um simples desejo ou podemos ter pesadelo com isso de noite na hora de dormir.
-Olhe só, você acabou com todas! Se eu soubesse que comia que nem uma troglodita não teria concordado em almoçar hoje junto com vocês.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Improvável
Amei...