|KAYRA|
-Como você conseguiu isso, garota?
Pergunto com um misto de curiosidade e desconfiança enquanto mordo o canto dos lábios sentindo o súbito perigo do monstrinho da tentação começar a crescer dentro de mim. Caramba, por que é que às vezes eu cismo em dar ouvidos a essas duas garotas mesmo sabendo que devido a insistência de ambas acabarei me deixando levar pela conversinha fácil delas?
Veja bem, o problema não é simplesmente ir a uma festinha com Coliins e Willous, curtir o momento, conhecer um novo ambiente e se divertir até o outro dia com pessoas as quais você nunca mais verá a cara novamente na vida. Isso é bacana, e eu adoro realizar programas como estes, seja em minha própria companhia ou com alguma amiga.
Contudo, o problema em questão é quando uma das duas malucas perdem as estribeiras e a noção do perigo ao exagerarem além do limite, e acabam arranjando confusão no final de uma noite que deveria ser apenas uma saída social agradável e descontraída.
Tudo vira um verdadeiro caos e sobra para quem tirar as bonitas das enrascadas para não levarem umas belas bofetadas nas fuças? Isso mesmo, para euzinha aqui! Elas falam ou fazem o que não deveriam e sou eu é que tenho que me meter em suas brigas para não vê-las apanhando vergonhosamente ou perdendo um ou dois dentes no processo.
Eu poderia simplesmente ignorar e fingir que nem as conheço? É claro que poderia, afinal de contas não sou obrigada a nada nesta vida, entretanto meu coração idiota e minha consciência pesada jamais permitiriam que eu fizesse tal coisa. Muito provavelmente eu não conseguiria deitar minha cabeça no travesseiro de noite e dormir tranquilamente sabendo que havia abandonado minhas amigas quando elas mais precisaram de mim, e o pior de tudo, tendo consciência de que eu tinha plenas condições de fazê-lo, porém não o fiz apenas por pura questão de preguiça e egoísmo.
E eu não sou essa pessoa. Digo egoísta, preguiçosa e mesquinha que não se importa com a dor dos outros. Por fora posso até aparentar ser uma pessoa durona que não liga a mínima para muita coisa, mas a verdade é que eu me importo sim. Confesso que realmente sou uma mulher de modos um tanto estranhos para quem não me conhece mais intimamente, contudo gosto de pensar que não devo seguir um padrão pré-estabelecido que a maioria das pessoas sequer gostam de seguir na verdade.
Se eu faço algo bom para alguém não preciso sair espalhando isso para os quatro cantos da terra, eu simplesmente vou lá, faço e pronto. Não é necessário aplausos ou ficar me gabando por isso eternamente. Na realidade eu detesto os holofotes. Senão a intenção por trás de qualquer feito é inútil e desprezível.
Por essa razão é que eu abomino acompanhar esses sites sensacionalistas ou de fofoca que trazem notícias de celebridades que fazem isso ou aquilo outro, como se fazer caridade para quem necessita lhes fosse um grande ato, quase heroico ou sagrado.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Improvável
Amei...