INTENSO DESEJO romance Capítulo 36

Nunca passou pela minha cabeça que deixar alguém partir seria tão difícil, mas quando você ama alguém de verdade e essa pessoa precisa bater asas e voar, então você só sorrir e acenar, torcendo para que

ela volte o mais rápido possível e não perceba que você está destruído por dentro, dando o seu máximo para não subir a merda da escada rolante e trazê-la de volta para seus braços.

PORRA!

Mas, aí, no exato momento que seu pé ameaça se mexer, ela vira e te dá o melhor sorriso de todos os tempos, enquanto aperta forte a maldita corrente que você lhe deu de presente como se fosse uma promessa.

Eu sou sua.

Eu vou voltar.

Sou sua.

E tudo que você pode fazer é sorrir de volta, pressionar com mais força a aliança solta no bolso da frente de sua calça jeans e torcer para que a promessa se cumpra.

E assim, com o coração quase saindo pela boca, com a merda da aliança que voltei no shopping só pra comprar pesando uma tonelada, a vejo partir.

Cacete. Essa merda dói para um caralho.

A gente se ama, o tesão é uma loucura e mesmo assim estamos escolhendo ficar longe um do outro, parece uma completa idiotice nesse exato momento.

Maturidade emocional é uma coisa desgraçada, te faz sangrar por dentro mesmo fazendo o certo.

Faz mais de uma hora que o avião dela partiu, mas ainda estou sentado no aeroporto sem acreditar que ela realmente se foi e eu deixei.

Faz mais de dois meses desde que conversamos e concluímos que estava tudo bem, ela ficou até o natal, fizemos amor debaixo da árvore e fodemos na cozinha de madrugada, comi rabanada a noite toda.

Mas agora, quando tudo está realmente acontecendo não estou sabendo processar. Por mais que eu tenha tentado conviver com ideia esses meses, não consigo voltar pra casa.

— Moço, você está bem? — Um adolescente, moreno e com trajes formais pergunta. Encaro seu rosto em silêncio por alguns segundos, procurando uma resposta para sua simples pergunta.

Eu estou bem?

— Senhor, quer que eu chame alguém? — O rapaz pergunta, me olhando com preocupação e uma certa curiosidade.

Por dera, um homem do meu tamanho chorando sozinho no meio de um aeroporto é de chamar atenção mesmo.

— Não precisa. — Falo, enxugando as lágrimas com o dorso da mão e me levantando, tratando de manter a postura de forte.

— Tem certeza? Posso chamar minha mãe. — Fala, me fazendo levantar uma sobrancelha em questionamento.

Ele dá de ombros, como se a resposta fosse óbvia.

— Ela tem bons conselhos amorosos, sempre me ajuda.

Aquilo me fez sorrir.

— E que tipos de problemas amorosos uma criança teria? — Pergunto, debochado.

Ele fecha a expressão por no mínimo cinco segundos e suspira alto, impaciente comigo.

— Típico dos adultos, vocês nunca dão créditos para nós jovens. Acham que pela pouca idade não temos o direito de formar boas opiniões, acontece que mesmo tendo apenas quinze, já me apaixonei e tive minha cota com decepções. Provavelmente não foi o grande trauma da minha vida e nem lembro mais da garota, mas não significa que não tenho respaldo algum para lhe dá um bom conselho. Eu apenas quis ser gentil e ajudá-lo.

Aceno, envergonhado. Até porque a garota que fisgou meu coração e pau é só um pouco mais velha que ele.

Bagunço meus cabelos sem jeito, tentando evitar os olhos castanhos escuros do garoto.

Só estou sendo a merda de um grande hipócrita.

— Você tem razão, sinto muito. Não precisa chamar sua mãe, também não estou decepcionado, apenas desolado.

— Por quê? — O jovem pergunta.

Suspiro, ficando um pouco desconfortável e envergonhado por querer desabafar com alguém com a metade da minha idade no meio de um aeroporto.

“Sua sobrinha era só um ano mais velha e você estava enfiando seu pau e gozando fundo nela.”

O pensamento traz de volta uma sensação enterrada há muito tempo.

Culpa.

Nojo.

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