INTENSO DESEJO romance Capítulo 7

Levo a pequena colher com mousse a boca, o gosto do morango em contato com a minha língua me faz sorrir prazerosa para Olga.

–– Delícia. –– Digo para a mulher, sua expressão de felicidade me faz levar outra colher a boca, não que isso seja algum sacrifício em todo caso.

–– Fico feliz que você tenha gostado, menina.

–– Seria impossível não apreciar cada gostosura que você apronta, mulher. –– Pisco para ela que gargalha baixo com minha resposta. Me sirvo um pouco mais.

–– Vou guardar um pouco para o patrão. –– Diz e contenho minha vontade de revirar os olhos perante sua frase, aquele homem anda tão azedo que nem as melhores das sobremesas seria capaz de fazê-lo sorrir.

— Você tem filhos, Olga? — Indago, aproveitando sua companhia para conversar um pouco. Me dou conta de que não sei muito sobre a mulher, apesar de já ter se completado dois anos de sua contratação, mas não é como se eu estivesse aqui todo esse tempo, eu morava na escola e só vinha pra cá nas férias.

— Apenas um sobrinho. — Fala com tristeza e penso que talvez seja um assunto delicado e que ela não queira falar.

— Nada de namorado? — Pergunto para distrair e ela estala a língua.

— Não fale besteiras, menina. Quem precisa de um homem nessa idade? — Resmunga, adotando uma expressão ranzinza.

— Dizem que panela boa é que faz comida boa. — Pisco, repetindo a frase que uma antiga professora recitava em sala de aula.

— Pare de falar besteiras e saia da minha cozinha, anda. Eu não quero macho nenhum, quem manda no meu galinheiro sou eu e não estou afim de passar minha coroa. — Fala e ergo os braços em rendição.

— Você tem razão, Olguinha. Homem só atrapalha nossa vida, ficamos melhores sozinhas. — Digo, pegando mais duas colheradas de mousse da travessa. — Ela bate na minha mão e leva a sobremesa para a geladeira.

— Não seja tão gulosa, menina, deixe um pouco para o seu tio. E me diga, o que uma franguinha saída das fraldas sabe sobre relacionamentos? — Questiona e dou de ombros, lembrando dos últimos acontecimentos. Mudo de assunto, termino de comer e conversamos por um longo tempo.

Dou um beijo na bochecha dela, cheiro seu cabelo macio que me lembra algodão doce, falo para a mulher não deixar nada pronto para o jantar, pois pretendo pedir algo e tirar Lorenzo do sério. Ele está apresentando uma postura inflexível e vem me punindo com a falta de sua presença tem um par de semanas, não existem mais conversas ou qualquer outra coisa acontecendo entre nós. Os poucos momentos que compartilhamos juntos se resumem ao café da manhã e jantar, isso significa apenas ficar sentada em silêncio. A grande verdade é que venho me sentindo cada vez mais sozinha, Olga é minha única companhia, embora ela também não esteja aqui todos os dias. Não é como se eu quisesse outra pessoa pra conversar ou confiar, minha pessoa preferida era ele.

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