Leiloada - Contrato de Casamento romance Capítulo 28

CAPÍTULO 28

Recordações

Narrado por Alyson

Se não puderes fazer tudo, faz tudo o que puderes.

Estou aqui na casa do Pierce faz hoje uma semana, e por incrível que pareça sinto-me muito bem aqui.

Penso muito naquele traidor do Kevin, mas depressa afasto o meu pensamento daquele desgraçado, que acabou também ele por me fazer muito mal.

Fez eu me apaixonar por ele, fez eu acreditar que também ele estava apaixonado por mim e afinal de contas foi só para gozar com a minha cara.

Odeio ele, isso sim, amo-o, mas ao mesmo tempo o odeio.

Ele acaba por não ser melhor que aquele homem que eu chamei de pai.

Circunstâncias diferentes, mas no final, foi a mesma merda cagada.

Tenho ajudado a Bri na lida da casa, e a tarde quando há as aulas de equitação, eu vou assistir às aulas.

Tenho conhecido a fazenda, que é grande, com muitos animais e muito bonita e bem cuidada.

Já é de noite, e eu estou aqui no alpendre a olhar as estrelas quando sinto passos atrás de mim.

Olho para trás e vejo chegar o Pierce.

— A ver as estrelas Alyson? — ele me pergunta ao se sentar na cadeira de baloiço ali perto.

— Sim, a noite hoje está muito calma e bonita. — digo a voltar a olhar para o céu.

— Daqui a pouco tempo começa o frio e lá para Dezembro começa a neve.

— Deve ser bem bonito quando está a nevar.

— É lindo, muito lindo, mas a neve também consegue ser um problema. — ele fala sério.

— Pois é, lindo, mas perigoso.

— É isso. — ele fala distante.

Depois de um breve silêncio, ele pergunta.

— Alyson, tu gostarias de retomar os teus estudos? — ele pergunta e eu viro o meu rosto de imediato para ele.

— Eu adorava voltar a estudar. — respondo.

— Então o que tu achas de voltar a estudar, tirar um curso para poderes um dia trabalhar no que tu gostas. Qual o curso que gostavas de tirar?

Eu penso um pouco.

— Neste momento não sei, antes gostaria de ser contabilista, mas agora já não me diz nada. — falo.

— Então pensa nisso e diz-me, para te ires matricular e ires tirar o teu curso. — ele fala decidido.

— Mas eu…

— Eu pago todos os teus estudos, — ele me interrompe, parecia já saber o que eu ia dizer — faço questão que tu tenhas uma formação, tens que ter o teu curso, para não teres que depender de ninguém, um dia mais tarde.

Eu sorrio, chego perto dele e lhe dou um selinho no seu rosto.

— Obrigada Pierce. — digo com lágrimas nos olhos.

— Não precisas de agradecer pequena, faço isso com muito gosto. — ele diz sorrindo.

— Nunca imaginei ser feliz aqui. — falo sincera.

— Eu sei, estavas apavorada quando te fui buscar.

— Pois estava, muito mesmo.

— Sabes que foi a minha querida esposa que me incentivou a ir nesses leilões? — ele me informa pensativo.

Nem podia imaginar tal coisa.

Ele vê que eu estou espantada com o que ele acabou de me dizer.

Ele ri.

— Mas nunca foi com o intuito de fazer mal ou maltratar nenhuma delas, mas sim de as ajudar.

— Isso é muito nobre.

— Pois é. Sabes Alyson, os avós da minha esposa, a Mariane, eram muito ricos, e tinham muitas casas e então tinham que ter muitas empregadas, mas a população nas redondezas estava muito envelhecida, foi então que um amigo lhes falou dos leilões das meninas. Os pais ou os cuidadores eram tão pobres, que vendiam as garotas da família para elas poderem ter uma vida melhor, e eles também ficavam com menos um encargo. Muitos senhores na altura já se serviam dessas garotas para as lides da casa e para se servirem do corpo delas também, mas depois havia quem as queria apenas para o trabalho da casa. E foi assim que a Mariane cresceu, a ver as garotas chegarem sem nada e depois cuidava das casas. Isso depois passou para os pais dela e quando ela casou comigo falou sobre o assunto e eu achei que seria uma boa ideia. Ela queria continuar a ajudar as pobres garotas a não caírem em mãos erradas.

— Posso fazer uma pergunta? — tenho aqui uma curiosidade.

— Claro que podes.

— O que aconteceu com a sua esposa?

Nos seus olhos, uma sombra de tristeza se aloja.

— Não quero ser indiscreta, Pierce. — falo rapidamente.

— É normal quereres saber. — ele faz uma pausa — A Mariane foi a minha companheira de vida, tivemos um filho, apenas um, não quisemos mais filhos.

Ela era jovial, uma simpatia, muito doce para todos, amava os animais e andava sempre a tratar e a cuidar deles. Sempre com muito amor e carinho. Um dia, fomos andar a cavalo pela propriedade, uma coisa que fazíamos muitas e muitas vezes. Foi no início de Julho, o dia estava tão bonito. Íamos a conversar alegremente, lado a lado, eu no meu cavalo com o nome de Feroz, e ela numa égua ainda novinha, mas que ela amava de paixão e a égua era muito mansinha.

Mas de repente e de um momento para o outro, tudo mudou. A égua assustou-se com uma cobra que se enrolou na sua pata, o que fez com que a Mariane caísse no chão, e ao cair bateu com a cabeça numa pedra.

Coloco as minhas mãos em frente à minha boca, surpresa.

Pierce continuou.

— Eu saltei do meu cavalo para a ajudar, quando a segurei nos meus braços ela sangrava da cabeça e já estava morta, Mariane teve morte imediata. — cai lágrimas do seu rosto — Isto foi há 2 anos.

— Eu sinto muito Pierce.

Não sei mais o que dizer.

Ele olha para o céu.

— Vê qual o curso que tu queres Alyson, eu quero ajudar-te, já ajudei muitas garotas, mas vejo que tu és muito especial, gosto muito de ti. — ele vira o seu rosto para mim — Mas não com segundas intenções, mas sim, como se gosta de uma filha.

Ele se levanta.

— Boa noite, pequena Alyson.

— Boa noite Pierce.

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