- Sim... Está falando de Colin mesmo...
- Sim.
- Mas... Por que entrar com pedido judicialmente? Pode fazer isso, Sabrina. A empresa também é sua.
- Mas para mim havia ficado claro que se eu tivesse Melody, perdia a minha parte da herança. Claro que com o tempo descobri que isso não era possível, afinal, é minha por direito e suas simples palavras proferidas num momento de raiva não contam de nada.
- Tem todo direito de trabalhar na empresa.
- Quero a área financeira.
Ele arqueou a sobrancelha:
- A área financeira?
- É nisso que me formei... Tenho habilitação para o mercado financeiro tanto quanto dar aulas no Ensino Fundamental e Médio.
- Seria... Ótimo.
Não tive certeza se ele realmente se agradou ou falou da boca para fora.
- Combinado então. Quando iniciar o ano, vou trabalhar na J.R Recording. Se gostar, seguirei por lá. Caso contrário, vou querer minha parte... E não em imóveis. Em dinheiro... Tenho uma filha para criar.
- Guardamos algumas propriedades para vocês... Independente do que vir a acontecer com a J.R Recording no futuro, a parte de você, sua irmã e Melody estará garantida.
- Como eu disse, a minha parte não quero em propriedades e isso certamente faria parte do meu pedido ao juiz. E já que as propriedades estão divididas entre eu e minha irmã, tenho parte também na empresa. Ou seria só Mariane que ficaria com esta parte?
- Não... Claro que não.
- Ótimo.
- E... Você pode voltar a morar conosco.
- Não.
- Mas... Não há motivos para morar em outro lugar. Aquela casa é enorme.
- Mariane ainda mora lá? – Fiquei curiosa.
- Sim.
- E... O namorado dela... Pretende morar lá também... Depois do casamento?
- Eu não sei.
- Vou procurar um lugar para mim, Melody e Gui. – Fiz questão de enfatizar o nome do garoto, sabendo que ele não havia gostado do meu envolvimento com ele.
No fim, Guilherme estava certo. Ele se desagradaria imediatamente pelo meu namoro.
- O menino vai morar com vocês?
- Sim... Já praticamente mora.
- Mas... Ele trabalha? A família dele tem posses?
- Não tenho autorização para falar sobre a vida pessoal dele. Se quiser, pergunte-lhe diretamente.
- Eu tentei conversar com ele... Enquanto procurava por você e Medy. Mas... Ele é simplesmente imaturo e eu não consegui manter um assunto com ele por mais de três minutos.
Levantei e disse:
- Talvez com o pai de Melody não tivesse sido tão ruim. Mas você deu o veredito antes de conhecê-lo, não é mesmo? Agora vai ficar com o que lhe ofereço. E caso não goste, sinto muito, mas não verá mais a minha filha.
- Não... Pode fazer qualquer coisa, menos me tirar o direito de ver a menina.
- Sim, eu posso lhe tirar este direito. Melody é uma menina inteligente. O que acha que ela vai pensar de você quando eu explicar que o avô queria que eu a tirasse quando ainda estava na minha barriga, colocando-a numa lata de lixo?
- Você não seria capaz.
- Eu seria...
A porta se abriu. Era minha mãe:
- O almoço está servido. – Ela olhou para um e depois para outro, parecendo tensa.
Acompanhei-a, deixando meu pai pensar o que quisesse. No fim, a conversa tinha sido proveitosa. E acabei pondo em prática um plano que já começava a engatilhar outras situações que seriam a meu favor.
Hora de dar o troco. Na mesma moeda, claro.
A mesa estava posta com vários pratos e talheres, ocupando quase todo o espaço disponível. Não sei se alguma vez houve tantos lugares ocupados para um evento “em família” entre os Rockfeller.
- Você já chamou Yuna? – Perguntei.
- Sim... Ela já está vindo. Melody dormiu antes do almoço. – Ela lamentou.
Esperei até que todos chegassem: meu pai logo depois de nós. Yuna seguida de Guilherme, que estava com os cabelos molhados e outra roupa, certamente vindo do banho. E por último, Charles e Mariane, que desceram as escadas sem pressa.
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