Entramos no helicóptero e deixamos a casa de praia dos Rockfeller na noite de Natal, quando passava da meia-noite.
Eu não tinha dúvidas de que tomei a decisão certa. Não podia mais ficar naquela casa. Eu não era obrigada.
O caminho até o Hotel foi silencioso. Ninguém dizia nada. Melody estava preocupada por descer de pijama, mas a tranquilizei que ninguém a veria.
Descemos no heliponto do próprio Hotel que Charles havia reservado. Um funcionário nos esperava e conduziu-nos aos quartos, que ficavam no décimo andar. Eu nem sabia exatamente em que lugar de Noriah Norte estávamos.
- O senhor Bailey reservou três quartos – ele explicou – Ambos um ao lado do outro.
- Claro... Três. – Guilherme riu, ironicamente.
O funcionário abriu a porta e perguntei à Yuna:
- Fica com a gente?
- Se quiser, fico.
- Eu quero.
Ela entrou, trazendo sua mala.
- Vou ficar também. – Guilherme entrou, pegando os outros dois cartões que davam acesso aos demais quartos.
Suspirei, tentando saber se resistiria a tudo que estava acontecendo. Sendo que o que me preocupava era Charles. Eu sabia que o fato de ele me ver sobre uma mesa, exposta e entregue ao seu filho, certamente foi o pior que lhe aconteceu. E uma coisa era ele aceitar que eu e Gui nos envolvemos. Outra era ver a cena do que fizemos, ao vivo e a cores.
Fui para o banho, me sentindo suja, como se a esponja e o sabão pudessem limpar todo meu passado. Deus, eu teria outro bebê. E se ele também não tivesse um pai presente, como Melody?
Eu não merecia aquilo... Charles não merecia. Melody não merecia. Guilherme não merecia.
Me enrolei numa toalha e vi que Yuna estava tentando colocar Medy para dormir.
O local era bonito, grande e certamente caro. Tinha uma sala, com vista de toda cidade e dois quartos separados, um deles com banheiro. Sentei no sofá confortável, olhando para o céu e tentando encontrar uma estrela, sem sucesso.
Senti as mãos de Guilherme, quentes, sobre minha perna. Ele estava parado ao lado do sofá.
- Não quero que me toque.
- Eu não consigo... – Ele disse, não me obedecendo.
Levantei rapidamente, furiosa:
- Guilherme, eu estou grávida.
Vi os olhos cor de mel tornarem-se escuros, ao mesmo tempo que a testa dele se enrugava. Ficou confuso, pensativo, um meio sorriso sarcástico no canto dos lábios:
- Como assim?
- Estou esperando um filho de Charles.
- Mas... Não tem como.
- Eu o encontrei num show em Noriah Sul, na noite que Melody caiu da escada e você se acidentou de skate.
- E... Transou com ele?
- Sim... E fiquei grávida. Eu gosto muito de você, Guilherme, mas eu amo seu pai. Não há mais chances de continuarmos com isso, em hipótese alguma... Entende agora?
- Ele sabe?
- Sim... Desde o momento que nos encontramos quando Medy fugiu naquela manhã.
- Vocês... Estavam juntos o tempo todo, não é mesmo?
- Sim.
Vi as lágrimas rolarem pelo rosto dele e me senti tão culpada que tive vontade de voltar no tempo para impedir qualquer coisa que aconteceu entre nós.
Me aproximei dele, abraçando-o. Senti os braços de Guilherme me envolverem com força:
- Eu sou louco por você, Sabrina.
- Gui... Vai aparecer outra pessoa na sua vida... Eu sei... Tenho certeza disto.
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