Lembranças das noites quentes de verão romance Capítulo 156

- Não, eu juro que não tenho nada a ver com isso. Mas creio que sua irmã e Rachel possam se conhecer. Ou o vídeo não teria vindo parar nas mãos de Mariane.

- Sim... Pensei nisto.

- Eu vou matar Rachel.

- Não... Não vai fazer isso. Eu não me importo... Vou agir rápido antes que este vídeo se espalhe. Somos nós dois nas imagens, mas por eu ser mulher, serei a única prejudicada.

- Infelizmente sim... É assim que funciona. Por mais que eu tente justificar que eu forcei a barra, só verão a professora mais velha, que se envolveu com o aluno.

Dei um sorriso triste, satisfeita por ele entender que, mesmo estando no mesmo vídeo nós dois, eu seria a única a pagar o preço.

Melody ainda estava acordada e Yuna lhe contava uma historinha para dormir.

- Peguem suas coisas, meus amores. Nós vamos embora daqui. – Falei firmemente, enquanto pegava minhas malas.

- Mas... Acabamos de chegar. – Melody reclamou.

- Hora de partir, meu docinho. Este lugar não está fazendo bem para mamãe.

- Mas eu quero o meu papai.

- Vamos, Medy. Obedeça a mamãe. – Yuna a pegou no colo, enquanto saía com ela para o outro quarto.

Joguei as roupas de qualquer jeito na mala, empurrando tudo para dentro até fechar. Estava cansada daquela gente, da porra daquele lugar.

Em menos de vinte minutos, quando saí do quarto para encontrar Yuna, Gui e Melody, eles estavam prontos no corredor, esperando por mim.

Minha filha ainda estava de pijama, com os cabelos soltos e esvoaçantes.

- Como iremos? – Gui perguntou – Não temos carro... Não é seguro sair com Melody esta hora... Andando pela praia. O vilarejo é longe daqui...

- Ele tem razão. – Yuna concordou.

- Não quero saber... Nem que a gente tenha que dormir na praia. Aqui eu não fico um minuto sequer.

Peguei Melody no colo, sob protesto de Yuna, que reclamava que a menina estava pesada para mim. Descemos as escadas e todos estavam na sala, certamente esperando para ter certeza se eu iria mesmo embora.

Dei um beijo em Calissa:

- Mãe, obrigada pelo convite. Mas não há mais reuniões de família.

- Eu sinto tanto, Sabrina... Não sabia... Eu juro.

- Eu sei...

- Papai... – Melody deu os braços para ele, mas ignorei o chamado dela e fui para a porta de saída, não olhando para trás.

Depois eu me resolveria com Charles sobre ele visitar a filha. Mas no momento não tinha capacidade para pensar ou decidir nada.

- Eu quero meu papai... – Ela chorava.

- Papai vai vê-la... Mamãe promete, ok?

Enquanto eu saía, dando a volta pela piscina, sem saber para onde ir, Charles pegou Melody do meu colo.

A minha menina agarrou-se a ele, cobrando:

- Você disse que seríamos uma família, papai. O que está acontecendo? Por que mamãe está chorando?

Segui andando, desnorteada, sozinha, enquanto Guilherme e Yuna pararam. Encontrei o caminho da praia, sentindo o estômago embrulhando novamente e a dor tomando conta do meu corpo e alma.

Charles me fez parar, virando-me em direção a ele e Melody:

- Pare, porra! – Gritou, fazendo eu voltar do poço no qual estava me jogando.

- Me desculpa... – Eu disse, aos prantos.

Ele limpou minhas lágrimas e disse:

- Não faça assim na frente dela... Por favor.

Assenti com a cabeça, tentando impedir as lágrimas, passando a mão com força no meu rosto. Perceber minha filha chorando doía ainda mais dentro de mim.

- Falei com um amigo. Um helicóptero está vindo. Providenciei um Hotel para todos vocês. O piloto os deixará lá.

Olhei nos seus olhos, fazendo gesto afirmativo, sem conseguir dizer mais nada.

- Vai ficar tudo bem – Charles garantiu para Melody – E pense que agora não precisamos esconder de mais ninguém que somos papai e filhinha. – Deu um beijo nela.

- Você vai com a gente, papai?

- Vou estar aqui... – Ele tocou na concha que pendia no pescoço dela.

- Não... – reclamou minha menina – Eu não quero mais a concha... Eu quero você com a mamãe... – Gritou.

- Você pediu o papai neste Natal, não foi?

- Sim... – Ela confessou.

- E o papai promete que tudo vai ficar bem... E ficaremos juntos.

- Todos nós?

- Todos nós. – Ele confirmou, me olhando.

- Quando? – Ela queria respostas concretas.

- Em breve.

- Quero você... – Ela não aceitava a separação.

- Preciso resolver algumas coisas... E depois encontro você e mamãe.

- Promete?

- Eu juro... Por aquela estrela. – Ele apontou para a mais brilhante do céu.

- Papai... Você consegue pegar meus corações? – Melody perguntou, limpando as lágrimas e sorrindo enquanto olhava para cima.

Charles pegou no ar algo invisível e disse:

- Guardei o coração maior de todos... Vou levá-lo comigo para devolver em breve para você.

- Eu amo você. – Ela agarrou-se a ele.

- Eu amo mais... E para sempre.

Vimos o helicóptero chegando. Mariane e meus pais estavam no topo da escada, observando-nos na escuridão, à beira da praia.

- Agora vá caminhando... Dê a mão para mamãe. Ela não pode pegar você no colo por causa do bebê... Você pode fazer isso?

- Sim. – Ela garantiu, pegando minha mão.

- Vá... – Charles me disse.

- Desculpe... – Tentei mais uma vez.

- Sabrina, por favor, vá.

Obedeci, subindo as escadas. J.R tentou pegar a mão de Melody, que a puxou rapidamente, impedindo o contato.

- Dê um beijo no vovô, querida...

Ela simplesmente escondeu-se atrás de mim, ignorando-o, mesmo sem saber o que tinha acontecido.

Toquei o rosto da minha mãe carinhosamente e segui com Melody pela mão até o heliponto, junto de Gui e Yuna.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Lembranças das noites quentes de verão