Lembranças das noites quentes de verão romance Capítulo 177

Antes que eu dissesse qualquer coisa, Melody abriu a porta e me puxou, envolvendo os braços na minha cintura, saudosa.

- Oi, meu amor. – Peguei-a no colo, abraçando-a.

- Sou Charles. – Ele apresentou-se, pela janela do carro.

Colin desceu e o encarou. A noite estava escura e um vento fresco soprava do mar, congelando minha espinha.

- Colin Monaghan. – Respondeu meu ex noivo, de forma firme.

- Imaginei que fosse... – Charles olhou-me seriamente – Onde está Yuna?

- Ela acabou de sair do carro... Tivemos uma série de problemas. Mas eu lhe conto tudo depois. Por hora, preciso de um banho... E descanso.

- Oi, Colin. – Melody sorriu para ele, acenando.

- Olá, Medy. – Ele retribuiu o sorriso.

- Você quer jantar conosco? Papai trouxe pizza, que é o prato preferido da mamãe.

- É? Eu... Não sabia disso. – Ele sorriu, balançando a cabeça, confuso com a situação.

- Obrigada por tudo, Colin. Nos falamos sobre os processos.

- Ligo para você quando precisar de mais informações para dar entrada nos processos. E... Bem, não era minha intenção ficar para o jantar, não se preocupe. – Sorriu e entrou no carro, dando a partida.

Assim que ele se foi, enquanto olhávamos os faróis se afastando pela estrada escura, Charles perguntou:

- Quanto tempo ficou sozinha com ele?

- Menos de cinco minutos, “el cantante”.

- Era necessário?

- Charles, se eu quisesse ficar com Colin, teria feito isso há quase seis anos atrás.

Ele passou a mãos nos cabelos, demonstrando nervosismo:

- Por que não outro advogado, porra?

- Papai, não pode dizer palavrões... – Melody recriminou.

Charles sorriu e a pegou no colo:

- Acho que papai precisa de castigo... Melody vai decidir qual vai ser o castigo. O que acha?

Ela riu:

- Sim! – Levantou os bracinhos para cima, feliz, mostrando os dentinhos brancos, que brilhavam na escuridão.

- E mamãe também vai levar um castigo... Por pegar Medy no colo. O que acha? – Ele fingiu cochichar no ouvido dela.

Ele foi andando com ela em direção à casa e fiquei alguns passos para trás. Eu entendia o ciúme dele... Talvez sentisse a mesma coisa, se fosse ao contrário a cena. Mas estava cansada demais para justificar-me. Minha cabeça ainda doía.

Logo ele começou a andar mais devagar e quando os alcancei, passou o braço sobre mim, puxando-me de encontro a eles. Melody sorriu e disse:

- Papai, mamãe e Medy se amam... Para sempre.

- Para sempre. – Confirmei.

- Para sempre. – Ele deu um beijo no topo da minha cabeça.

Assim que entramos em casa, Yuna estava com uma caneca de chá fumegante:

- Antes de tudo, sente-se e beba isso. Vai relaxar um pouco. – Ela garantiu.

Sentei e fiz o que ela mandou, sem contestar.

- O que houve? – Charles perguntou.

- Não contou a ele? – Ela me olhou.

- Não deu tempo.

- O que aconteceu? Por que não deu tempo de contar? – Melody perguntou.

- É assunto de adultos, meu amor.

- Papai conheceu Tuga, Solitário I e Hamster. Eu matei a saudade da nossa casinha. E agora a gente tem um carro... E visitamos a vovó do Gui e a mamãe dele também.

Olhei imediatamente para Charles:

- Como assim?

- Não deu tempo de contar. – Ele repetiu minha frase.

Suspirei, bebendo o chá quase fervente aos poucos, queimando levemente os lábios quando sorvia sem assoprar antes.

- Eu vou levar Melody para o banho... – Yuna a pegou no colo – Depois podemos pedir algo para comer. Você precisa se alimentar... – Me olhou.

- Papai trouxe pizza. – Melody lembrou.

- Pizza não é muito saudável... – Yuna falava enquanto levava Melody dali.

- Meu carro... Conseguiu trazê-lo?

- Vir dirigindo seria demorado demais. Eu não quis passar a noite toda com Melody na estrada. Nem achei seguro. Providenciei para que ele chegue amanhã, sem falta.

- Obrigada.

- Sua casa é aconchegante... Tem seu cheiro. – Ele puxou uma cadeira e sentou-se na minha frente, encarando-me.

- Isso é bom ou ruim? – Sorri.

- Você tem um cheiro único... – ele aspirou o ar próximo de mim – Aroma de amor da minha vida.

Eu ri, em meio ao caos que estava minha mente:

- Só você para me fazer sorrir, “el cantante”...

- Sua cara está péssima.

- Tenho algumas coisas pra lhe contar.

- Ruins? – ele suspirou, jogando-se para trás no acento, a cabeça apoiando-se nos braços.

- Por que foi vê-las?

- Eu precisava saber se Guilherme voltou para casa.

- E voltou?

- Sim, mas pegou o resto das suas coisas e foi embora definitivamente.

- Droga!

- Não... Eu achei isso ótimo. Ele precisa sair daquele lugar para crescer.

- E Kelly?

- Eu não a via há anos...

- E...

- E... Que eu implorei para ela contar a verdade ao nosso filho, sobre o passado, tudo que houve...

- Ela não aceitou. – Imaginei de antemão.

Ele me olhou por um tempo, sem dizer nada. Sim, eu tinha adivinhado. Não me passou pela cabeça que as duas fossem facilitar as coisas.

- Ela vai me foder por toda sua existência. – Ele respondeu.

- Charles, eu preciso lhe contar uma coisa.

Ele se aproximou e me encarou:

- Pode começar, Sabrina... Sou todo ouvidos.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Lembranças das noites quentes de verão