- Ele quem? – Olhei na cara do homem, seriamente, só querendo a confirmação do que eu já sabia naquele momento.
A expressão dele foi de pavor. Houve um silêncio breve, mas que pareceu uma eternidade. Sentia meu coração quase saltar pela boca e uma sensação horrível dentro de mim.
- A verdade... Por favor. – Pedi.
Ele balançou a cabeça, em forma de negação.
- Quanto vocês receberam para roubar meu carro? – Perguntei, tentando conter as lágrimas.
- O próprio carro. – A mulher disse.
- Quem foi... Eu já sei... Só me confirmem, por favor.
- Não sabemos. – O homem atropelou a fala dela, antes que entregasse a verdade.
- Como não sabem? Vocês falaram com ele.
- Por telefone. Não sabemos o nome... Nem como ele é.
- Mentira! – Tentei avançar nele, mas Colin me impediu.
- Queremos a verdade, ou vamos chamar a polícia. – Colin ameaçou, enquanto ainda segurava meu corpo, impedindo-me de agredir o desgraçado.
- Eu pago... Pago pela informação. – Arrisquei.
A expressão dele mudou imediatamente. Sim, certos tipos de pessoas só funcionavam com dinheiro. Meu pai era uma delas. E eu só queria a confirmação de que havia sido ele.
- Quanto... Está disposta a pagar? – A mulher interessou-se.
- Colin, quanto estamos interessados em pagar? – Perguntei a ele, enquanto me desvencilhava de seus braços.
Colin arqueou a sobrancelha, confuso.
- Então, Colin Traidor, quanto você está disposto a pagar pela verdade? – Yuna o intimidou.
- Estou... Desempregada. – Lembrei-o, sem jeito.
Colin balançou a cabeça, atordoado, me puxando pelo braço para o lado, nos afastando um pouco dos demais:
- Você sabe que isto não está certo, não é mesmo? – Falou no meu ouvido.
- Quero a confirmação de quem montou toda a armadilha para mim. Eu preciso saber, Colin.
- Que diferença faz, Sabrina? Você já está com ele... Nada vai mudar o que já aconteceu.
- Por favor... Eu preciso... – Implorei, a voz fraca, sentindo uma forte dor de cabeça, do nada.
Colin suspirou e foi até eles, enquanto abria a carteira. Retirou um maço de dinheiro e entregou ao homem:
- Acho que isso é suficiente... Pela verdade e para eu não os colocar na cadeia imediatamente. Sou advogado.
- Conhecemos o senhor, da TV. – A mulher disse.
Ele enrugou a testa, desorientado.
- Quem foi? – Perguntei, enquanto o homem não olhava para mim, contando as cédulas.
- Jordan Rockfeller.
Fiquei tonta imediatamente e uma forte náusea tomou conta de mim. Dei alguns passos em direção à mata e vomitei. Yuna veio me ajudar, deixando que eu apoiasse o corpo trêmulo no dela.
Senti a mão dela apertando a minha enquanto o mundo desabava sobre mim e tudo girava.
- Podemos ir agora? Nós só fizemos o que ele mandou... Não machucamos ela. Depois do que houve, nós ficamos com o carro. Ele inclusive passou para o nosso nome.
- Mas... Estava registrado como roubado – falei, num fio de voz – Teve um policial naquele dia...
- Ele nunca registrou o roubo. – A mulher garantiu.
- Saiam daqui, agora! – Colin gritou, aturdido, vindo na minha direção, tentando ajudar a amparar-me.
- Não! – Pedi, limpando os lábios, voltando para próximo deles.
- O que você quer mais, Sabrina? Chega! Isso está acabando com você. – O olhar de Colin na minha direção era de dó.
- Vocês furtaram a carteira e o celular do meu namorado... Na loja de conveniência do posto de gasolina... Dias antes.
- Seu pai sabia cada passo seu nesta cidade, moça. – A mulher falou.
- Ele... Pagou para isso também?
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