Por Deus, Yuna, você nunca assistiu televisão. Que não seja neste momento que decidiu fazer isso, pois não quero que minha filha testemunhe o que vamos contar ao mundo. Não aos cinco anos de idade!
Rosy ficou um pouco surpresa com minha presença, mas logo alguém trouxe uma cadeira e sentei-me ao lado de “el cantante”, atrás da bancada branca, brilhante e impecável, olhando para câmera que exibia o programa em horário nobre, com transmissão para todo o país.
- A moça em questão sou eu... Sabrina Rockfeller. – Falei firmemente, pegando a mão dele, que estava fria e ao mesmo tempo suada.
- Seja bem-vinda, Sabrina Rockfeller. Rockfeller... Tem algo a ver com a J.R Recording?
- Sim... Sou filha de Jordan Rockfeller, da J.R Recording.
Ela ficou impressionada:
- Pois bem, Sabrina – deu um sorriso – Foi ao bar pronta para casar? Desistiu do casamento planejado anteriormente por causa de Charlie B.?
- Gostaria de deixar bem claro que eu não traí meu noivo, embora tenha me apaixonado por Charles no momento que meus olhos encontraram os dele, no Cálice Efervescente – apertei ainda mais sua mão, procurando segurança, que obtive ali, com um simples enlace entre nosso corpo – Mas quem, em sã consciência, largaria um noivo que conhece há quatro anos por um homem que viu em no máximo três horas? Nem um beijo trocamos... Imaginei estar louca, só isso. Mas no sábado, dia do casamento... E não, não vou contar o nome do noivo, em respeito à privacidade dele, que não quero expor de forma alguma, pois apesar de tudo, é uma pessoa que estimo e admiro imensamente. Bem, na hora de entrar na igreja para o casamento, minha irmã, Mariane Rockfeller, confessou que na noite anterior, dormiu com meu noivo.
- Céus! – Rosy deixou escapar.
- Sim... “céus”... Na verdade, “inferno” seria a palavra. Eu estava na igreja, pronta para casar. Não me restou outra alternativa a não ser entrar e dizer “não” para ele, no altar.
- Sim... Lembro algo sobre esta história... A filha mais nova de Jordan Rockfeller ter abandonado o noivo e o próprio casamento.
- Claro que nada mais me impedia de correr atrás do cantor que eu havia conhecido na noite anterior. Estava com raiva, me sentindo completamente traída, não só por ele, mas também pela minha irmã. Não que se fosse com outra pessoa, tivesse doído menos. Mas nunca se espera que você seja ferida por uma das pessoas que mais ama... E que deveria, por ser mais velha, me proteger e não tripudiar sobre mim – suspirei – Mas hoje penso que tudo acontece da forma que tem que ser. Afinal, cheguei de noiva aonde eu sempre deveria ter estado... – Olhei para “el cantante”.
- Eu a olhei chegando e pensei: Recebi meu presente! Embrulhado e tudo! Não pode ser real.
Nós três rimos.
- Eu mal sabia que naquele, estava acabando com a vida de Charles Bailey. – Falei seriamente.
- Como assim? – Rosy me encarou, curiosa.
- Eu fui com ele para uma casa no litoral, longe dali. Ficamos menos de três dias por lá. Neste meio tempo, Charles teve o celular e carteira com todos seus documentos furtados numa loja de conveniência e eu queimei meu tornozelo na moto. Ainda tenho a marca. Mas foram os melhores dias da minha vida... Dezoito anos que não significaram nada frente aos três dias que passei ao lado dele – confessei – Mas precisava tranquilizar minha família e dizer que estava bem. Então fiz uma ligação, avisando meu pai. Eu e Charles nos despedimos e anotei o número do meu celular num papel, que ele pôs dentro da jaqueta. Como chovia quando voltávamos para capital, ele me emprestou a jaqueta. E foi embora... Deixando a nossa única forma de contato ali dentro.
- Mas ele não sabia como encontrá-la sem ser por telefone?
- Não... Porque eu não disse que era uma Rockfeller. E não quis que Charles soubesse onde eu morava, temendo a reação de meu pai ao saber do meu envolvimento com ele.
- Hum...
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