Percebi um leve sorriso sacana enquanto ele ainda me chupava, intensificado a trilha que fazia com os dedos precisos, alcançando meu clitóris ao mesmo tempo que entrou em mim, sabendo usar habilidosamente a mão.
Aquele homem parecia ter mais de dois braços e dez dedos. Porque mexia com todo meu corpo ao mesmo tempo, como se fosse me fazer gozar ali mesmo, sem sequer me tocar com seu pau.
Meus gemidos aumentaram conforme a intensidade dos dedos dele. E sim, eu gozei neles, deixando-os completamente encharcados do meu orgasmo rápido e intenso.
Habilidosamente fui posta na cama, sem nem dar tempo de perceber como aquilo aconteceu. Minhas pernas estavam na lateral do colchão, o corpo deitado confortavelmente. Charles pôs-se na minha frente e foi colocando os próprios dedos na boca, um a um, enquanto me encarava:
- Seu gosto é perfeito... Como seu corpo, seu beijo, seu cheiro...
- Me faça gozar novamente, Charles... Diga que vai me “foder”...
- Eu vou beijá-la, garotinha... Iniciando pela boca e depois descendo pelo seu corpo. Não haverá um centímetro da sua pele macia onde minha boca não chegará... E depois eu vou fodê-la... Fodê-la por tantas vezes que implorará para eu parar, pois seu corpo não aguentará tantos orgasmos. Levarei você até as estrelas... E não garanto volta.
Sorri e entreabri meus lábios, esperando ansiosamente pela boca dele.
Ouvi ao longe o som das ondas. Abri os olhos e dei de cara com um par de pupilas verdes fixas nas minhas. Pisquei repetidas vezes, para me certificar de que tudo tinha sido real e não era um sonho. Sim, ele continuava ali.
- Bom dia, garotinha! – Cumprimentou, sentado numa poltrona almofadada, os pés sobre o colchão, os braços cruzados.
- Que horas são? – Perguntei, confusa, sentando, puxando o lençol branco para cobrir minha nudez.
- O que importa que horas são? – Ele deu de ombros.
Vi que a janela estava aberta e o ar fresco, com cheiro da maresia, invadia o quarto. A porta dava para uma sacada e eu conseguia ver o mar dali.
- Bela vista, não acha?
Olhei na direção dele, incerta se a vista do mar era mais bela do que a do homem sentado na minha frente, vestindo calça jeans, sem camisa.
- Pensei em fazer um café da manhã, como você merece... Mas não tem nada para comer nesta casa. Sinto muito, meu bem, mas vamos ter que encarar o supermercado em plena lua de mel. – Riu debochadamente.
- Não precisamos... Temos que ir. Você precisa me levar de volta.
Ele saiu da cadeira e deitou-se na cama, ao meu lado, cruzando os braços e repousando a cabeça sobre eles.
- Me dê um bom motivo para eu levá-la embora e prometo que farei isso.
- Eu... Estou incomunicável... Sem celular, sem documentos. Meus pais devem estar preocupados comigo.
- Seus pais? Se importa com eles ou com “ele”?
- Eu... Não me importo com “ele”. – Afirmei, tentando levantar e sentindo uma ardência nas partes íntimas.
Gemi baixinho. Sim, foi muito sexo... Ou “foda”, como ele dizia lindamente. Jamais imaginei que aquilo fosse possível, embora ele tenha me prevenido antes. Eu não sei se Charles era anormal por fazer sexo demais ou Colin por fazer de menos.
Meu ex noivo jamais conseguiu dar duas consecutivas. Quando conseguia na mesma noite, precisava de um bom tempo de descanso entre uma e outra.
Quando Colin percebia que não me satisfazia a contento depois do sexo, dava a desculpa de que eu era muito jovem e por isso tinha muito “fogo”. Ainda usava este fato ao afirmar que com o tempo aquela excitação passaria.
Deitei novamente, olhando para o teto pintado perfeitamente de branco e me peguei rindo sozinha.
- Falei algo engraçado? – Charles perguntou.
- Lembrei de uma coisa... Só isso.
Charles pegou meu rosto e me fez virar na sua direção. Nossas cabeças estavam nos travesseiros e as bocas a centímetros de distância.
- Fique comigo mais uns dias... Por favor. – Pediu.
Eu poderia dizer não. Eu deveria dizer não. No entanto eu disse:
- Sim, eu fico.
Ele veio na minha direção e virei o rosto.
- Fiz algo errado? Você acorda de mau humor? Está arrependida? Sou tão ruim de cama assim?
- Não... – olhei-o novamente – Só não... Bem, eu não escovei os dentes.
Ele enrugou a testa e disse, levantando o braço e apoiando o cotovelo na cama, descansando a cabeça na mão:
- Eu pouco me importo... Acho que fizemos coisas bem piores ontem do que um beijo sem escovar os dentes.
Tentei relaxar o corpo e tirar da mente as manias de Colin. Afinal, era ele que se recusava a beijar pela manhã... Ou durante as refeições... Muito menos depois, sem que antes escovássemos os dentes.
Que porra eu estava pensando? É sério que eu pensei “porra”? sim, eu podia pelo menos falar palavrões em pensamento, porque o idiota do meu ex traidor não estava mais na minha vida. E sim, eu podia beijar a boca perfeita do “el cantante” a hora que eu quisesse, inclusive na madrugada e pela manhã, usando a saliva dele como desjejum.
Imitei a posição dele, com a cabeça apoiada no braço e toquei seu ombro, descendo pelo peito. Umedeci os lábios ao flagrar o abdômen perfeito.
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