Lembranças das noites quentes de verão romance Capítulo 26

Resumo de Você é casado? (II): Lembranças das noites quentes de verão

Resumo do capítulo Você é casado? (II) de Lembranças das noites quentes de verão

Neste capítulo de destaque do romance Romance Lembranças das noites quentes de verão, Roseanautora apresenta novos desafios, emoções intensas e avanços na história que prendem o leitor do início ao fim.

- O filho da puta poderia ter pego qualquer mulher, mas comeu a sua irmã. Isso é... Abominável. Isso que, na sua opinião, vocês se davam bem. Se não se dessem ele faria o que? Comeria a sua mãe?

- Charles, podemos não falar mais sobre isso?

- Sobre o que você quer falar?

- Sobre você... Me deve algumas questões sobre sua vida, não acha?

Ele deixou o box, pegando a toalha e se secando.

- Está fugindo de mim, “el cantante”?

- Eu? Não, claro que não.

- Você é casado? – Olhei para os dedos dele, com alguns anéis que em nada lembravam aliança de compromisso ou casamento.

- Claro que não. Eu estaria sendo tão cretino quanto o seu noivo. – Ele colocou a cueca e depois a calça.

- Ex noivo. – Corrigi.

- Ex... Espero que realmente leve adiante que ele é o ex, Sabrina. Não acho que deva voltar para ele um dia, independente do que acontecer. Não deve ceder à pressão que diz haver por parte da sua família.

- Eu não vou voltar, Charles... Jamais. Fui traída da pior forma possível, entende?

Ele saiu pela porta. Desliguei o chuveiro e peguei uma toalha, me secando. Eu não tinha roupa para colocar. E não tinha intenção de colocar novamente o vestido de noiva rasgado.

Parei na frente de Charles, com a toalha enrolada ao corpo e brinquei:

- Que acha de eu fazer compras assim?

- Acho que vai chamar muito a atenção. – Ele sorriu, balançando a cabeça.

- Também imaginei isso. Então é pouco provável que eu suba na sua moto para comprarmos comida. Preciso que me traga roupas, se deseja que eu fique.

- Eu desejo que fique, Sabrina. Trarei roupas, não se preocupe. – Ele colocou a camiseta e por cima a jaqueta.

Pegou a chave da moto e fui na direção dele, puxando sua mão e parando no caminho:

- Quero que me fale sobre você, Charles. Eu já contei como vim parar aqui. Sei que há muito mais que eu poderia dizer, mas por hora isso explica o que houve comigo.

Ele colocou a chave de volta na mesinha. Se dirigiu à sacada e fui atrás dele.

A sacada era de um bom tamanho e tinha duas poltronas de frente para o mar. A casa ficava tão próxima da água que chegou a me dar certo receio.

O dia estava lindo. O sol brilhava alto no céu e me chamou a atenção o grande número de aves na areia úmida, procurando comida.

Não havia pessoas por ali. Um lugar bem deserto, mesmo em época de alta temporada: verão.

- Planejou me trazer para este lugar deserto? – Perguntei, olhando para o sol refletido no mar, as ondas fortes e espumantes estrondando na areia.

- Claro que sim. Não estava nos planos dividir você com ninguém. Sem contar o fato de que pode tomar banho de mar nua comigo. – Sorriu.

Eu ri e me apoiei sobre a grade de ferro, que cercava a sacada. Charles colocou a mão sobre a minha e disse, sem olhar na minha direção:

- Eu tenho um filho.

Olhei-o e ele não me encarou de volta. Seguiu olhando para o nada, além do mar, como se procurasse um ponto onde acabava aquela imensidão de água. A mão afirmou ainda mais a minha, receoso de eu tentar tirá-la. Percebi que ele ficou mais ofegante e conseguia ver sua camisa tremer, seguindo as batidas intensas do coração.

- Você... Foi casado? – Perguntei, sem ter certeza do que falar sobre aquela revelação.

- Não... Nunca casei com a mãe da criança.

- Onde ele está agora?

- Eu... Não sei.

- Não sabe? – Perguntei confusa.

Enfim ele olhou para mim, sem retirar a mão da minha:

- Perdi a guarda.

- Perdeu a guarda? – Aquilo me preocupou.

Eu ainda estava no início do curso de Direito, mas sabia que para uma mãe ou pai perder a guarda do próprio filho alguma coisa complicada ou difícil de resolver tinha acontecido.

- Por que você tinha a guarda e não a mãe?

- Então tiraram ele de você...

Ele estava com os olhos fixos na imensidão do mar e pude ver uma lágrima descendo pelo seu rosto, morrendo na barba bem aparada. Senti meu coração derreter e foi como se eu sentisse a dor dele dentro de mim.

Eu sempre tive tudo que quis. Jamais imaginei que pudessem existir problemas daquele tipo... Pessoas terem que deixar uma criança de 3 anos sozinha num cômodo para tocar e cantar a fim de ganhar dinheiro para sobreviver... Ou ter que abrir mão de uma babá por não ter dinheiro para comprar comida e pagar moradia.

Desta vez eu coloquei a mão sobre a dele, e tentei acompanhar seu olhar, tão longe que não tinha certeza se sabia onde estava:

- Você tentou reaver a guarda?

- Não tinha cacife para enfrentá-los. Minha condição social era inferior... Eu tinha feito todas aquelas porras... E não podia sequer dizer que não continuaria a fazer, porque eu precisava trabalhar para sustentar o meu filho, caso ficasse com ele novamente.

- Não pensou em arranjar outro tipo de emprego?

- Eu não sei fazer outra coisa a não ser cantar e tocar, Sabrina... E sempre acreditei que eu tinha potencial, afinal, me dediquei a vida inteira a isso.

- Sim, você tem potencial. Já tentou uma gravadora?

Ele riu, balançando a cabeça:

- Tantos anos que tento que nem sei ao certo quantas demos enviei.

- Eu... Duvido que tenham escutado. Você tinha indicação?

- Não... Quem me indicaria? Eu toco no Cálice Efervescente, Sabrina.

- Ninguém ouve uma demo sem que alguém indique. Se você não tem um conhecido, elas sequer chegam nas mãos de quem realmente é responsável por isso. Vão para o lixo ainda no primeiro andar. Sem indicação, elas não sobem.

- Não sobem... Para onde? – Ele me olhou confuso.

- Para o décimo andar.

- Décimo andar? – Ele arqueou a sobrancelha.

- Do prédio.

- Como... Você sabe?

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