- Eu... Li a respeito. – Menti.
Ele suspirou e me pôs de encontro ao peitoril de ferro, virada para ele, cercando-me com seus braços:
- Qual cantor não sonha em ser famoso e ganhar dinheiro com sua música, não é mesmo?
- Você compõe? – Perguntei, enlaçando seu pescoço com meus braços, sentindo-me protegida ali, junto dele, como se nada no mundo importasse além de nós dois e as coisas que confessávamos um ao outro naquele momento.
- Sim... Já saiu alguma coisa da minha mente enlouquecida e convencida. – Recebi um sorriso mais tranquilo e menos tenso.
- E já mostrou para alguém? Tocou alguma vez?
- Ninguém quer ouvir minhas músicas no Cálice Efervescente. Querem cover.
- Já tentou?
- Algumas poucas vezes... Não foi bem aceito.
- Por quê?
- Talvez a letra fosse romântica demais, embora o ritmo não.
- Quem era sua inspiração, “el cantante”? – Não consegui deixar de perguntar, curiosa e ao mesmo tempo sentindo medo da resposta.
Ele gargalhou, elevando a cabeça divertidamente:
- Ciúme, garotinha?
- Acha que já devo confessar que sou ciumenta?
- Acha que já devo confessar que gosto de me sentir sua propriedade?
- Hum, talvez possamos nos dar bem, “el cantante”.
- Já nos demos bem na cama, meu amor. Isso é o mais importante. E quer saber? Eu poderia foder você a minha vida inteira que não me interessaria em fazer isso com outra pessoa.
Olhei nos seus olhos e dei um beijo nos seus lábios:
- Talvez nosso final de semana seja inspirador para uma música. E com ela você vai estourar como um dos melhores cantores de Noriah Norte. Já consigo ver a placa gigantesca com foto nos outdoors em todo o país: “El cantante e seu novo single, já disponível em todas as mídias digitais.”
- “El cantante”? Não... Prefiro não partilhar com o mundo o nosso segredinho.
- Quero que você consiga tudo que deseja, para poder reaver a guarda do seu filho, Charles. – Falei seriamente.
- E eu espero que você supere a sacanagem que fizeram com você, garotinha. E que possa dar o troco a altura futuramente.
- Não sei se sou uma mulher vingativa.
- Quando se tornar uma mulher, será. Por enquanto... Bem, por enquanto você é só a minha garotinha.
- Quem dizer que não me acha mulher o suficiente, Charles? – Tentei empurrá-lo, sendo agarrada ainda mais por ele, impedindo nossa distância.
- Sim, mulher suficiente para mim, Sabrina. Mas seu mundinho ainda é cor de rosa. Você tem tanto a aprender, meu bebê... E isso a fará amadurecer.
- O que fiz de errado para você pensar isso de mim?
- Não entende que não fez nada de errado? Você só tem dezoito anos, meu amor. E nessa idade a gente faz muitas “porras”.
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