- Espera... Isso não é o suficiente. Eu quero mais... Aqui. – Ele me ofereceu o outro lado do pescoço.
- Acha que eu fiz certo?
- Não sei se fez certo, mas eu gostei...
Sorri e beijei levemente o pescoço dele, acariciando a pele com a língua, descendo próximo de seu ombro, onde mordi antes de chupar a pele. Notei a pele de Charles arrepiar-se.
- Sabrina, se não formos embora agora, eu não respondo por mim...
Eu o encarei e teria dito “não responda por você, então”. Mas sabia que se não chegasse exatamente no horário marcado com meu pai, ele faria tudo que ameaçou.
- Vamos, “el cantante”. – Suspirei, pegando a mão dele.
E assim deixamos a casa de praia.
Quando partimos, demorei a parar de olhar para trás. Era como se deixasse parte de mim naquele lugar.
Na metade do caminho, começou a chover. Charles parou a moto e mesmo eu negando, me fez pôr a jaqueta em couro, para proteger-me da chuva forte que caía.
O capacete embaçou e pude chorar por boa parte do caminho sem que ele percebesse. Eu sentia uma dor horrível no peito, no coração, como se nunca mais fosse reencontrá-lo.
Ainda sentia um pouco de dor com a queimadura na canela, mas já começava a cicatrizar. A pomada que ele furtou era boa.
Assim que começamos a nos aproximar do centro de Noriah Norte, me preocupei de onde deveria ficar.
Seria bem mais fácil dizer que eu era uma Rockfeller, filha de J.R, o dono da maior gravadora e empresário artístico do país.
Mas se Charles soubesse onde eu morava, corria o risco de aparecer na minha casa e isso seria um problema para ele. Se meu pai soubesse com quem estive naquele tempo, acabaria com “el cantante”. E eu não temia por mim, pois não tinha nada a perder. Mas ele... Ah, Charles tinha muito a perder. Especialmente no que dizia respeito a crescer profissionalmente. E eu faria tudo o possível para colocá-lo na J.R Recording, custasse o que custasse, sem que meu pai levantasse qualquer suspeita de que eu tinha algo com ele. E então, quando ele estivesse “estourado” e famoso, diria que Charles e Sabrina se amavam e viveriam felizes para sempre. E então J.R jamais saberia que um dia ele foi pobre ou ficou comigo depois do casamento não consumado.
Mas uma coisa de cada vez. Precisava de calma para pensar em tudo e planejar como faria.
- Onde deixo você? – Ele perguntou, sem eu dizer nada, já no bairro mais rico de Noriah Norte.
Suspirei, tentando não me arrepender da minha atitude e pedi para que me deixasse em frente ao condomínio mais caro do país. E assim ele fez.
Assim que estacionou a moto em frente ao pórtico, me ajudou a descer.
- Vou devolvê-la com a perna queimada... Isso é uma porra.
- Não... Isso não é uma porra. – Falei, retirando o capacete.
- Quer ficar com ele, para não se molhar?
- Não molhar a cabeça? – Comecei a rir, entregando o capacete.
- A gente se vê?
- Sim... Com certeza.
Tentei retirar a jaqueta dele, que me impediu:
- Não... Quero que fique com ela. Lembrança... Minha.
- Mas... É sua marca registrada.
- Eu compro outra. Esta é sua... E assim não se molha tanto. A chuva está gelada.
Retirei o capacete dele e toquei sua camisa completamente molhada:
- Não me esqueça, “el cantante”.
- Nem que se passem mil anos. – Garantiu, sorrindo.
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