Lembranças Perdidas romance Capítulo 105

Após a refeição, os três saíram do restaurante.

Jacob soltou um suspiro com as duas mãos enfiadas nos bolsos da frente.

Zane subiu nos ombros dele e perguntou: "Papai, o que há de errado com você?".

"Voltei com pressa e esqueci de reservar um hotel." Jacob olhou para o céu. "Querido filho, papai vai dormir na rua esta noite. Lembre-se de me enviar uma colcha para que eu não congele até a morte."

Zane revirou os olhos e disse, astuto: "Os pais das outras crianças no meu jardim de infância dormem juntos. Por que o papai dorme separado da mamãe?".

Jacob suspirou e respondeu: "Eu também me pergunto por quê".

“...”

Thalia ficou sem palavras. Este homem poderia ser mais infantil? Como ele podia usar uma criança para pressioná-la?

Não! Era óbvio que os dois estavam tentando convencê-la a dormir com ele!

"Ei, Zaney, não importa. Não será um grande problema o papai dormir fora uma noite inteira. Você tem que se preocupar apenas em cuidar bem da mamãe."

"Mamãe! Mamãe! Deixe o papai ir para casa com a gente, ok?"

Ouvindo as bobagens de Zane, Thalia não aguentou mais. "Seu pai é CEO de uma grande empresa. Tenho certeza de que ele tem um lugar para dormir. Venha, desça daí. Vamos para casa com a mamãe. Está ficando tarde. Você precisa tomar um banho e dormir!"

Jacob tirou Zane dos ombros com um olhar de ressentimento, depois tocou o cabelo macio e encaracolado do garoto. "Seja um bom menino, vá para casa com sua mãe. Não se preocupe comigo. Sou adulto. Mesmo se eu pegar um resfriado, não vou morrer..."

"Jacob Fremont!"

Thalia rangeu os dentes de raiva.

Zane puxou a manga de Thalia e disse, "Mamãe, papai está tão triste. Vamos levá-lo para casa?".

Jacob se afastou, ele era um homem de 1,8 metros de altura, mas agora parecia um menino triste que acabara de deixar cair o sorvete.

Thalia sentiu dor de cabeça e colocou a mão na testa.

Ela sabia que se Jacob voltasse do exterior, as coisas acabariam daquele jeito. Não importa o quanto ela tentasse impedir o fato, o retorno era inevitável!

Nesse momento, um carro parou do nada na frente deles, e uma mulher com cabelo encaracolado saiu do veículo. Antes que alguém pudesse reagir, ela correu para os braços de Jacob e deixou uma marca de lábios vermelhos no rosto do homem.

"Querido, por que você não me avisou quando voltou do exterior? Estou com muita saudade. Já reservei o quarto. Vamos!"

A expressão injustiçada do rosto de Jacob desapareceu na mesma hora, e ele tossiu, enquanto olhava para Zane com culpa.

A mulher de cabelo encaracolado ficou ansiosa. "Querido, você pegou um resfriado? Vamos rápido para o hospital!"

Ela agarrou o braço de Jacob e o empurrou para dentro do carro sem olhar para Thalia e Zane. Talvez, aos olhos dela, uma mulher casada com um filho não pudesse representar qualquer ameaça...

Os olhos negros de Zane se arregalaram e sua boca se abriu em um O. "C-como o papai foi simplesmente embora com ela? Como ele pôde fazer isso conosco?!"

Thalia não ficou surpresa. "Seu pai sempre foi assim.Só agora que você percebeu?"

"Mas o papai me prometeu no telefone que cortaria contato com as outras namoradas e que cuidaria da mamãe com todo o coração."

Confuso, Zane ficou muito deprimido.

Thalia balançou a cabeça.

Se Jacob realmente cortasse os laços com outras mulheres, então ele deixaria de ser quem era.

Além do mais...

Mesmo que fosse tratada de outra forma, ela não ousaria ter um relacionamento com ele.

Uma pessoa como ela não merecia o amor sincero de ninguém.

Thalia afastou os pensamentos e segurou a mão do pequenino. "Não fique deprimido. Não importa quantas namoradas ele tenha, você é o único filho dele. Não importa o que aconteça, ele sempre será bom para você. Isso não é o suficiente para você?"

Zane finalmente conseguiu um pouco de conforto. Depois de um tempo, ele cerrou os punhos e disse: "Papai deve se sentir muito culpado e, por isso, não termina com aquelas mulheres. Mamãe, não se preocupe, vou impedi-lo no futuro!"

“...”

Thalia se sentiu derrotada, mas decidiu esquecer. O pirralho poderia fazer o que quisesse.

O restaurante não ficava longe da casa deles, então mãe e filho caminharam devagar até o portão da comunidade.

As luzes estavam acesas ao anoitecer, e havia uma brisa suave no início da noite de primavera.

Um carro preto dirigia devagar na estrada de asfalto. O homem no banco do motorista estava com a cabeça abaixada, então ninguém conseguia ver suas emoções.

Ele tinha que passar por aquela estrada para voltar para casa, mas estava preso no trânsito, havia mais veículos do que o normal naquela noite de sexta-feira.

Adam segurava o volante com uma expressão fria no rosto. O caminhão à sua frente não se movera um centímetro, o que o deixou um pouco irritado, e, por isso, ele acendeu um cigarro com indiferença, depois abaixou o vidro da janela e colocou a mão para fora.

No meio da fumaça, seus olhos pousaram em uma figura na calçada e ele congelou.

Aquela figura magra, aquele cabelo preto, aquele jeito de andar... Aquela não era Thalia Cloude?!

Ele não estava enganado. Era ela!

A sensação de recuperar o que havia perdido tomou conta dele.

Ela não estava morta!

Ela tinha voltado!

Era ela! Era realmente ela! Ele não estava enganado!

Ele buzinou em um acesso de loucura e saiu do trânsito. Outros motoristas começaram a xingá-lo, mas quando viram que se tratava de um carro de luxo de edição limitada, todos se calaram.

De repente, Thalia ouviu uma buzina de carro alta vindo atrás dela.

Ela olhou para trás e viu um carro preto familiar acelerando em sua direção, e seu corpo ficou rígido de repente.

Ela se abaixou e disse ao filho: "Zaney, a mamãe vai comprar alguns ingredientes para o café da manhã. Vá para casa. Seja um bom menino".

Zane não percebeu a súbita mudança de atitude da mãe, então respondeu: "Mamãe, vou com você!".

"Você é um homem. Não se apegue à mamãe o tempo todo. Seja um bom menino e vá para casa. Vou voltar mais tarde para ver sua lição de casa."

Ao ouvir a palavra 'lição de casa', Zaney fez uma careta e concordou de má vontade.

Ele achava o jardim de infância muito infantil, porque tinha que fazer artesanatos sempre. Era muito chato.

Vendo o filho desaparecendo no portão da comunidade, Thalia finalmente se acalmou.

Ela abaixou a cabeça e continuou caminhando devagar pelo caminho estreito com árvores.

"Screeech."

Um carro de luxo preto de edição limitada freou na frente dela, batendo direto nas árvores.

Os faróis do veículo foram totalmente destruídos e os destroços se espalharam pelo chão.

Thalia cambaleou e quase caiu no chão, mas pelo canto dos olhos, viu uma figura esguia e alta abrindo a porta e saindo correndo. Antes que pudesse reagir, já estava em um abraço caloroso.

"É você mesmo. Thalia..."

A voz fria de Adam pareceu cortar o tempo e o espaço, soando em seus ouvidos e a deixando tensa.

O queixo dela estava apoiado no ombro do homem, mas sua expressão era dura e fria.

Cheia de emoções conflitantes, Thalia sentiu a garganta apertar e os lábios tremerem.

Ela respirou fundo e fechou os olhos. Quando os abriu novamente, havia uma expressão calma e determinada neles.

De repente, ela levantou as mãos e o empurrou. "Senhor, o que está fazendo?"

Adam cambaleou para trás e se encostou em uma árvore ao lado da estrada.

Ao vê-la e ouvi-la, uma tempestade se formara dentro dele.

Ele sempre se orgulhara de seu bom autocontrole e compostura, mas agora seus dedos delgados tremiam violentamente.

"Thalia, você não está morta. Você ainda está viva..."

Ele queria dizer mais alguma coisa, mas foi interrompido de forma rude pela mulher à sua frente.

"Senhor, você deve ter me confundido com outra pessoa. Eu não o conheço."

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