Lembranças Perdidas romance Capítulo 106

Thalia agarrou a bolsa de couro que levava na mão e olhou para ele com frieza. Então se virou e saiu.

Adam ficou sem reação. "Você não me conhece?"

Ela continuava se afastando dele, porém ele a alcançou e agarrou pelo braço antes de Thalia entrar no bairro.

"O que você está fazendo?" Ela franziu a testa parecendo descontente. "Se você continuar a me perturbar, vou pedir ajuda!"

"Thalia, sou eu, o Adam, seu Dam. Você não sabe quem eu sou?"

Adam agarrou o pulso dela, tentando discernir algo na expressão calma de Thalia.

Mas ela continuava extremamente calma, como se estivesse olhando para um estranho.

Quer ela o amasse ou odiasse, ainda era uma emoção profunda que não podia ser esquecida ou escondida. A indiferença dela perfurou o coração de Adam, causando muita dor.

Ele cambaleou, mas, com medo de perdê-la, começou a divagar.

"Thalia, eu errei cinco anos atrás. Foi minha culpa. Eu não deveria ter tratado você daquela forma!

"Você sabe como vivi nos últimos cinco anos? Com medo de que tivesse morrido de câncer... Queria ir atrás de você, mas tinha receio da sua reação e de que sua doença piorasse ao me ver. Não consegui fazer nada! Me escondi na cidade de Marino e de tudo o mais. Não me atrevi a enfrentar minha dor nem a encontrá-la, não me atrevi nem a perguntar sobre você...

"Eu sinto muito. Thalie, eu realmente sinto muito. Não importa o quanto você me odeie, mesmo se você quiser se vingar de mim, vou aceitar!"

Ele perdeu o autocontrole e colocou a cabeça entre as mãos, com desespero.

Thalia o encarou mordendo a língua a ponto de deixá-la entorpecida.

Ela nunca soubera que ele poderia ser tão vulnerável...

"Thalie..."

Adam a fitou com olhos inchados. Ele estava cheio de profundo pesar e desespero. O amor não correspondido doía muito.

Thalia desviou os olhos e olhou para cima novamente, parecendo chocada, "Você quer dizer, você é... o Adam Matthews?".

Um vislumbre de esperança apareceu no rosto dele.

Thalia arregalou os olhos com o rosto cheio de descrença. Então comprimiu os lábios e continuou: "Sim, você é o sr. Matthews! Eu já o vi no jornal e na TV antes! Sr. Matthews, prazer em conhecê-lo!".

Thalia estendeu a mão e o cumprimentou com respeito.

O comportamento dela em relação a ele era como o de um funcionário o conhecendo por acaso.

Parecia natural e distante ao mesmo tempo.

Adam foi envolvido pelo frio, como se estivesse nevando.

"Sr. Matthews, o que há de errado com você? Tem algum problema?"

Ela parecia calma, o choque e a surpresa do encontro não eram nada além do comum.

Com o coração pesado, Adam respirou fundo, franziu as sobrancelhas e perguntou devagar: "Qual é o seu nome?".

"Thalia Cloude."

Ouvindo a voz familiar e firme, Adam não mais a via como a Thalia de cinco anos antes, que estivera gravemente doente e fraca.

Mas ele não tinha se enganado. Era de fato Thalia, sua Thalie!

Ele fitou o rosto que não via há cinco anos.

O cabelo da testa caía por sobre as orelhas, indo até o terno azul, fazendo sua pele clara parecer tão branca quanto a neve.

Era deslumbrante.

Ela continuava calma, mas ainda surpresa e desconfiada.

Não havia ódio nela... Se ela se lembrasse do passado, nunca pareceria tão calma.

Ele se perguntou: 'Será que ela realmente perdeu a memória?'.

Adam se conteve e perguntou: "Você é funcionária da Matthews Corporation?".

"Sou designer da Sparkle Jewels Jewelry Company, então posso ser considerada funcionária da subsidiária da Matthews Corporation." Thalia sorriu e inclinou a cabeça. "Sr. Matthews, o senhor estava com muita pressa quando estacionou o carro. O que aconteceu?"

Adam comprimiu os lábios e disse: "Nada".

"Se não houver mais nada, vou indo. Até mais, sr. Matthews."

Thalia se curvou, educada, e depois se virou e entrou na vizinhança.

Ela ouviu a voz dele novamente atrás dela. "Thalia, sinto muito pelo que aconteceu há cinco anos. Eu não me casei com Agnes.

"E, embora eu não tivesse escolha a respeito do que aconteceu com a criança, sinto muito também."

O coração de Thalia deu um pulo. Ela se virou e perguntou confusa: "Quem é Agnes? E que criança?".

Completamente atordoado, Adam franziu os lábios e respondeu: "Nada".

Thalia continuou caminhando em direção ao bairro até deixar de sentir o olhar intenso dele, quando virou a esquina. Ela se encostou na parede e engasgou, relaxando as costas. Suas mãos, que estavam escondidas nas mangas do casaco, estavam inchadas de tanto que comprimira os dedos.

...

As mãos de Adam ainda tremiam.

Sem conseguir se acalmar, ele acendeu um cigarro. No meio da fumaça, finalmente se aquietou e reprimiu todas as emoções, voltando a ser o poderoso presidente Matthews, aquele que não demonstrava emoções.

Ele observou a vizinhança à frente, apagou o cigarro e se sentou no carro.

Tinha batido o farol do veículo que custava cerca de dez milhões de dólares. Ele deveria tê-lo deixado na oficina para conserto, mas em vez disso, voltou para a Torre Matthews Corp.

Assim que entrou no escritório, Sean entrou com uma pilha de documentos.

"Sr. Matthews, descobri algumas coisas.

"Thalia, 28 anos. Ela cresceu na cidade de Marino. Cinco anos atrás, foi para o país W na Europa e retornou há um mês, quando foi contratada pela Sparkle Jewels Jewelry Company. Eu investiguei e descobri que a bengala do mestre Matthews foi desenhada por ela. Além disso, a ideia criativa que surpreendeu e tocou o sr. Andrew foi dada por ela também."

O nome Thalia pareceu familiar a Sean.

Parecia que já tinha ouvido falar naquele nome antes, mas não conseguia se lembrar de onde naquele momento.

De qualquer forma, ele não entendia por que o sr. Matthews havia ligado à noite e pedido todas as informações sobre Thalia o quanto antes.

Com os olhos fixos em um lugar distante, Adam comprimiu os lábios e perguntou: "O que mais?".

"Nada." Sean balançou a cabeça. "Só encontramos essas informações até agora. Mas é muito estranho. Não conseguimos encontrar nada sobre ela antes de se mudar para o exterior há cinco anos. Parece que foi removido de propósito. Mas eu contatei o país W e pedi mais informações."

"Ok, entendido."

Adam acendeu outro cigarro, mas não fumou, apenas o deixou pendurado ali, queimando entre os dedos.

Mesmo sem informações, ele já podia supor o que havia acontecido. Thalia conseguira escapar do pesadelo do câncer, mas perdera a memória no processo.

Exatamente como acontecera com ele naquele ano, quando recuperou a visão. Ele se esquecera de seu amor.

Ele não sabia se deveria ficar triste ou feliz com aquilo.

Ele a tinha machucado profundamente e ainda tinha medo de não ser perdoado pelo resto de sua vida.

Ele tinha feito tantas coisas erradas que não conseguia perdoar a si mesmo ou encará-la. No entanto, ela havia esquecido tudo.

Ela havia se esquecido daqueles cinco anos em que ficara ao lado dele na casa de saúde.

Havia se esquecido dos três anos de casamento patético.

Ela havia se esquecido de que ele havia levado seu filho.

E também de como ele a a tinha machucado.

Ela tinha se esquecido de tudo e aparecido na frente dele como uma estranha.

Deus estava sendo cruel e misericordioso, dando a ele uma nova oportunidade...

Adam se encheu de determinação.

Sean se afastou e observou o homem parado na frente das janelas francesas. De repente, percebeu que havia algo diferente no sr. Matthews.

...

Thalia teve um pesadelo novamente.

Antes ela acordaria encharcada de suor frio. Mas naquela noite, ela gritou e logo se endireitou.

Zane, que estava dormindo no quarto ao lado, acordou e correu descalço até ela.

"Mamãe, aconteceu alguma coisa?"

Thalia se virou devagar para mirar o filho e depois o abraçou firme.

"Mamãe, você sonhou com aquele cara mau de novo?"

Os cílios de Thalia tremeram e ela o fitou pela luz do lado de fora da janela. "Que cara mau?"

"Mamãe, na verdade, papai me contou por que você foi para o exterior. Você foi forçada a fazer isso por causa de um bandido..."

O rosto de Thalia escureceu. "Por que Jacob te disse esse tipo de coisa?"

"Não, fui eu quem perguntei a ele, porque você sempre tem pesadelos. Estou com muito medo. Mamãe, eu sei que você morava aqui, tenho muito medo de que você reencontre o bandido que te machucou. Vamos voltar para o país W, ok? Mamãe... "

"Zaney, não consigo me lembrar do que aconteceu no passado. Não vai me fazer mal. Não se preocupe."

O menino parecia bastante preocupado.

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