Lembranças Perdidas romance Capítulo 115

Thalia comprou alguns vegetais e costelas no supermercado e foi para casa, onde ouviu risadas assim que chegou à porta.

Quando entrou, viu Zane pulando no sofá com uma pistola d'água na mão. "Pai, você não imagina o quão poderoso fui. Não desperdicei nem uma gota da tinta vermelha. Joguei tudo na mulher má!" Zane caiu na gargalhada.

Jacob bateu palmas e disse: "Você fez um ótimo trabalho, meu filho!".

"Aliás, papai, eu estraguei todos os documentos do armário daquela mulher má, mas ela não ousou me repreender. Foi muito bom ver aquela bruxa me odiando sem poder fazer nada. Foi muito engraçado... Ah! Mamãe! Quando você voltou para casa?"

Zane de repente viu uma figura de pé na entrada da casa e ficou bastante assustado.

Thalia olhou para ele com desconfiança. "Do que você estava falando agora? Por que sinto que você fez algo errado?"

"Eu..."

Zane torceu os dedos e olhou de soslaio para Jacob, que se levantou do sofá e disse com as mãos nos bolsos:

"Ele jogou RPG no jardim de infância hoje e se divertiu muito. Quando chegou em casa, ele me pediu para fingir ser uma mulher má. Não é um menino malvado?"

"Sim!" Zane sorriu. "Mamãe, o jogo foi divertido. Bati muito na mulher má!"

Sem pensar muito no assunto, Thalia levou a comida que comprara para a cozinha e começou a cozinhar.

Zane viu as costelas na sacola e riu surpreso. "Mamãe, essas são as comidas favoritas do papai!"

Sem se virar, Thalia falou, "Ele brincou com você vários dias sem pedir nada em troca. Cozinhar para ele é o mínimo que posso fazer".

Sem achar que aquilo era suficiente, Zane gesticulou para Jacob e sussurrou no ouvido dele: "Mamãe já tomou a iniciativa. Papai, por que você ainda está parado aqui?".

Jacob ficou confuso. "O que você quer dizer com isso?"

Zane pulou no sofá, virou a mochila de cabeça para baixo e pegou uma caixa de brocado em meio a uma pilha de brinquedos. Depois correu e a colocou na mão de Jacob. "Papai, este é o colar de diamantes que comprei com o seu dinheiro. Não o desperdice. Dê logo de presente para a mamãe. Ela com certeza ficará muito feliz!"

Jacob franziu a testa e perguntou: "Isso é para sua mamãe? Você acha que ela vai gostar?"

"Mesmo que ela não goste, é melhor do que não dar nada."

Ao perceber que não convencera o pai teimoso, Zane foi para a cozinha e puxou as mangas de Thalia. "Mamãe, olha, você gosta deste colar de diamantes?"

Thalia abaixou a cabeça e viu um colar de diamantes de excelente qualidade na mão do filho.

Por trabalhar na indústria de joias há tantos anos, logo percebeu que aquela joia não era barata. O corte do diamante era realmente excepcional, e a peça deveria custar pelo menos dois ou três milhões de dólares. Como seu filho tinha comprado algo tão valioso?

Ela olhou ao redor e viu Jacob parado na porta da cozinha com os lábios comprimidos.

Depois continuou a cortar os vegetais e concluiu: "Não gostei dele".

O rosto rechonchudo de Zane desanimou na mesma hora. "Mamãe, é um lindo diamante rosa. Você não gosta?"

"Não sou mais uma garotinha. Por que gostaria de coisas rosa? Zaney, onde você conseguiu esse colar?"

"Peguei em um lugar por aí."

Desapontado, o menino saiu da cozinha e colocou a joia nas mãos de Jacob. Depois abaixou a cabeça parecendo deprimido.

Jacob deu uma risadinha. "Zaney, você ainda não conhece sua mãe bem o suficiente."

"Papai, eu me esforcei muito para comprar esse colar, e fiz isso por você!"

"Nossa, como a sua linguagem está melhorando!" Jacob encolheu os ombros e pesou o colar de brilhantes na mão. Em seguida, ele o jogou com força e precisão na lata de lixo. "Zaney, gastamos dinheiro para comprar lixo. Sou rico, você não precisa se preocupar com isso. Entendeu?"

O menino entendeu o significado implícito nas palavras do pai.

O colar tinha sido comprado de Agnes, então era apenas lixo mesmo, não importa o quão caro fosse, e ele não deveria ter irritado a mãe com aquilo.

Ao servir os pratos e ver de relance a joia na lata de lixo, Thalia estreitou os olhos e perguntou:

"Por que vocês jogaram o colar fora?"

"Mamãe, se você não gosta, é lixo. E por isso, deve ser jogado na lata de lixo. Você não acha?"

Após fitar Jacob, Thalia se aproximou e se abaixou, pegando o colar de diamantes rosa.

Apenas o presidente da Fremont-Garrison Corporation poderia se dar ao luxo de jogar fora uma joia que custava cerca de um milhão de dólares conforme sua vontade.

Aquela peça não podia ser rotulada de lixo só porque ela não tinha gostado dela. Qual era a lógica por trás daquilo?

"Jogue fora, mas não na minha lata de lixo."

Depois disso, ela falou: "Zaney, pegue os talheres. O jantar está pronto!".

O menino logo obedeceu a ordem e entrou na cozinha com as pernas curtas.

Jacob segurou o colar de diamantes com um sorriso de escárnio.

Após tantos anos, ele nem tinha o direito de jogar lixo na casa dela...

Eles terminaram a refeição pensando em assuntos diferentes. Zane era barulhento, mas era apenas uma criança. Após o jantar, Thalia deu banho nele e o colocou na cama. Por fim, leu uma história até que o garoto adormecesse.

Quando saiu do quarto, viu Jacob fumando ao lado da janela da sala.

"Você não está com uma cara boa. O que aconteceu?"

Jacob apagou a ponta do cigarro e encolheu os ombros. "Tenho algo para te contar."

Thalia o ouviu enquanto arrumava os brinquedos jogados no sofá.

"Ouvi dizer que o mestre Cloude não está se sentindo bem e reservei um tempo para visitá-lo durante o dia. Ele não vai sobreviver. Acho que é só questão de alguns dias."

Thalia parou de repente.

Jacob deu a ela um olhar significativo. "Se quiser visitá-lo, posso ajudá-la com isso."

"Não quero ir."

Thalia respondeu em voz baixa, mordendo o lábio.

Ela havia cortado qualquer contato com a família Cloude cinco anos antes, e aquela Thalia tinha morrido havia muito tempo. Afinal, o que a morte do mestre Cloude tinha a ver com ela?

Ele tinha feito alguma coisa por ela quando precisara?

Thalia abaixou a cabeça e continuou arrumando os brinquedos.

Ela começou a se lembrar da infância, quando o mestre Cloude havia representado o papel de avô na vida dela. Ele costumava abraçá-la e colocá-la sobre os joelhos, dando-lhe doces... Ela ainda se lembrava de que escrevera sobre ele no primário e até ganhara o concurso de redação por causa disso.

Por mais que as coisas tivessem mudado, eles já tinham tido um relacionamento muito próximo, como se de fato fossem um avô e uma neta.

Ela queria visitá-lo?

Não, ainda não estava pronta para se encontrar com a família Cloude.

Ela fingia ter perdido a memória, fingia não ter nenhuma lembrança do passado, mas o abismo escuro em seu coração sempre a lembrava do pesadelo que vivera.

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