Raquel tirou os óculos escuros do rosto ao olhar para a construção imponente a sua frente. Ela sorriu feliz por perceber ter feito a coisa certa, em ter guardado tudo o que Raoul havia lha mostrado sobre seus planos. Retirou o cigarro de sua bolsa e o acendeu, havia adquirido aquele habito após ser largado por Raoul, era o único modo de acalmar a sua ansiedade. Tragou e logo se acalmou, ficou em pé, esperando os alunos serem liberados, o que aconteceu horas depois. Emma caminhava com um sorriso na face ao lado de Caroline, a qual assentiu e sorria.
–É realmente cansativo – Emma disse espreguiçando-se – queria férias logo.
–Eu também, se tiver vai viajar com ele? – apesar de todos saberem no colégio, elas faziam o possível para não pronunciar o nome de Raoul.
–Não sei, eu espero que sim – sorriu entusiasmada. – ultimamente..estou mais feliz. Não consigo esconder, não é?
–Não – negou sorrindo – espero um dia ter essa felicidade também.
–Você terá e talvez mais rápido do que imagine – disse misteriosa.
–Com licença, posso falar com você, Emma? – uma voz feminina as fez parar e olhar para a elegante mulher parada ao lado delas. A olharam de cima a baixo tentando encontrar algum vestígio de sua origem. – só irá demorar uns dois minutos, eu prometo. – sorriu tentando não transparecer a sua ansiedade.
–Como..sabe o meu nome? – Emma indagou apreensiva – não me lembro de tê-la visto antes.
–Sou Raquel, trabalhei para seu marido.
–E o que deseja comigo?
–Conversar. Desejo lhe contar toda a verdade – disse séria, segurando-se para não rir – podemos falar em algum lugar ou prefere que seja aqui?
Emma pode jurar que seu coração parou por alguns segundos ao escutar aquelas palavras. Olhou para a sua amiga buscando algum apoio, mas encontrou apenas confusão em seu olhar. Olhou em volta em busca de Raoul, mas suspirou ao ver que ele não tinha chegado.
–Muito bem, irei falar com você – respondeu decidida ainda insegura. Ao ver o sorriso reluzente no semblante da mulher a sua frente, sentiu um arrepio frio lhe percorrer o corpo. – “Isso é algum mal pressagio” pensou ao segui-la.
***
Raoul estacionou o seu carro em frente ao colégio de Emma, olhou em volta esperando encontrá-la com o olhar ansioso apesar da raiva em seu semblante por ter se atrasado. A reunião acabara mais tarde do que ele havia planejado. Saiu do carro e suspirou frustrado ao não ver mais nenhum estudante em volta. Pegou o aparelho celular de seu bolso e discou para o numero de sua esposa. A medida que escutava os toques do outro lado da linha, um barulho lhe despertou a atenção, pois era a musica que Emma havia colocado em seu aparelho como toque de celular. Prestou atenção e ao olhar para atrás de si, a viu. Emma estava parada, com o celular em mãos, olhando para o nada.
–Emma – Raoul a chamou, despertando-a de seu transe. Ele a viu erguer os olhos e encará-lo com tristeza – me perdoe pelo atraso – desculpou-se ao caminhar ate ela – esta brava?
–Nunca mentiria para mim, não é? – ela indagou olhando-o de forma suplicante – você nunca faria isso, não é?
–Emma.. – murmurou ao sentir os braços dela em volta de seu corpo. Por algum motivo sentiu que a partir dali, sua vida iria mudar – está tudo bem com você?
–Não – negou segurando as lagrimas – eu.. estou triste, frustrada e decepcionada. O que faria se estivesse em meu lugar?
–Que lugar esta falando?
–O lugar de vitima. O lugar de uma pessoa enganada.
–Emma o que esta falando, afinal? – perguntou sério, segurando em seus ombros a afastou de seu corpo e a encarou – o que é isso que esta dizendo? Fale coerente.
–Estou falando, só não acho que irá escutar – murmurou ao suspirar – em algum momento... você me amou de verdade?
Raoul a encarou perplexo sem saber como agir, a puxou para si abraçando-a. Passou a mão pelos seus cabelos sem dar-se conta das lagrimas que teimavam em cair pelo rosto dela. Emma estava segurando-as desde o momento em que Raquel revelara tudo a ela.
–Porque esta me perguntando essas coisas sem sentido? Emms.. o que houve?
–Eu...descobri a verdade – disse com um sorriso triste na face – você mentiu para mim esse tempo todo, não foi?
–Eu...o que te falaram?
–A verdade – afastou-se dele, passou o dorso da mão pelo seu rosto e esboçou o seu sorriso mais triste – poderia ter me falado a verdade.
–A verdade? Do que fala tanto?
–Não precisa mais mentir. Sei que não sente nada por mim – olhou para a sua mão esquerda e o encarou – tudo estava em minha frente. Eu que fui tola em não ver. Nunca demonstrou nada, nunca fez questão de mostrar a todos que estou com você e muito menos fez questão demonstrar seu, suposto, amor por mim. Não se preocupe, não irei pedir o divorcio antes de um ano. Você fez muito para perder tudo por culpa de uma criança como eu – abaixou o olhar tristemente e tentou sorrir – obrigada pelas lembranças, apesar de serem uma mentira.
–Emma o que esta dizendo afinal? Não estou entendendo e sobre o que é isso de eu não te amar?
–Raquel me contou tudo. Não precisa mentir mais – uma buzina soou perto deles, o que os fez olhar. Raoul ficou pálido ao ver Enzo parado dentro do carro, enquanto Emma demonstrava alivio em vê-lo – vou indo agora, irei sair de sua vida. Não precisará suportar esse sofrimento.
–Emma.. – murmurou sem saber o que fazer. Assim que ela lhe deu as costas, agarrou em seu braço forçando-a a encará-lo – Emma, escute bem.. eu gosto de você. De verdade. O que ela disse.. foi passado e...
–Esta tudo bem – Emma murmurou ao interrompe-lo. Colocou um dedo sobre o seu lábio e o beijou na face – não precisamos mais fingir. Meus sentimentos.. serão como uma brisa no verão..Foi refrescante durante um tempo, mas logo passou. É assim que me sentirei em relação ao nosso tempo juntos.
–Não vá – falou sério – como pode escutar alguém que nem conhece enquanto estou tentando me explicar e você nem me escuta. ISSO TEM LOGICA? – gritou frustrado ao apertar o braço dela com força – ME ESCUTE. EU TE AMO.
–Eu realmente queria acreditar.
Emma o olhou com sinceridade, no momento em que seus olhares se encontraram, seu coração palpitou. Ela deseja acreditar nele, na verdade ela queria acreditar, mas imaginou ser tudo mentira. Desvencilhou o seu braço dele e afastou-se. Antes de entrar no carro de Enzo ainda escutou o seu nome ser gritado pelo homem que amava, mas não olhou para trás por ter medo de não seguir em frente.
–Por favor, vá rápido – Emma pediu a Enzo ao entrar no carro e fechar os olhos.
Enzo sentiu-se realizado quando Emma ligou para ele, mas a sensação de vitoria só durou alguns instantes, pois ao vê-la triste sentiu um aperto em seu coração. Sentiu-se culpado pelo que estava fazendo.
“Eu não deveria estar feliz?” se perguntou a medida que dirigia.
***
Enzo abriu a porta do seu apartamento dando espaço para Emma passar. Apesar dela estar caminhando, sentia o seu coração despedaçado a cada passo que dava. Após passar pela porta deixou as lagrimas saírem livremente. As lagrimas caiam pelo seu rosto continuamente, sentiu os braços de Enzo ao redor de seu corpo, mas não sentiu calor e sim frieza. Ela sentia falta do calor que Raoul emanava. Ela sentia falta dele.
–Como ele pode me enganar – murmurou chorosa – eu fui tão fraca assim? Ele tinha que me enganar? Eu só tenho ele nessa vida.
–Você tem a mim agora – Enzo falou ao abraçá-la com força – não chore. Você tem a mim.
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