O clima no apartamento de Enzo não era um dos mais agradáveis quando a campainha foi tocada. Enzo levantou-se do sofá com o semblante entristecido e ao abrir a porta deparou-se com Raoul, mas não era o seu primo, era outra pessoa.
–Raoul.. o que está... – antes que pudesse terminar de falar, Raoul o empurrou e entrou no apartamento indo em direção ao quarto, sendo interrompido por Enzo – onde pensa que vai? Este aqui é meu apartamento, não pode entrar aqui e sair andando por onde quiser.
–Não posso? – sorriu irônico – seu imbecil. Ela é minha esposa e não sua, ainda não entendeu isso?
–Seu babaca arrogante. Não cansa disso?
–De ir atrás da mulher que eu amo? Não – Raoul respondeu sério – pode me soltar ou prefere apanhar?
Enzo o olhou seriamente sem acreditar que o homem que encontrava-se a sua frente fosse o mesmo com quem havia conversado na seguradora.
–Raoul, ela não esta aqui – Enzo disse calmamente – pode se acalmar e ir embora?
–Eu estou calmo, Enzo, mas sabe o que esta me deixando louco? É saber que ela esta por ai achando que eu não a amo, o que não é verdade. Pela primeira vez em minha vida, eu lhe digo, eu estou apaixonado por alguém.
–Não pode estar falando sério.
–Nem eu mesmo acredito nessas palavras. Sabe o quão denso é imaginar estar apaixonado por uma garota anos mais jovem que você? É doloroso. Você imagina como será a sua vida dali em diante porque não acredita nos sentimentos dela, pois ela esta em uma idade volúvel. O que mais pode fazer é confiar, e você sabe melhor que qualquer um que não sou bom nisso, por isso demorei tanto. A cada instante pensei que ela fosse me deixar por alguém mais novo do colégio ou ate por você, patético, não? E agora me deparo com isso. – murmurou- quando eu estava prestes a dizer a verdade a ela. Estava prestes a dizer que eu a amava e isso acontece.
–Raoul..eu não sabia – Enzo murmurou pensativo. Atônito olhou para trás e viu Emma parada com as mãos sobre os lábios e em seus olhos lagrimas caiam em abundancia. Sentiu o seu coração se apertar, mas em seguida ficou aliviado. – “Tudo esta como deveria estar” pensou ao largar o braço de Raoul – acho que ela já sabe.
Raoul virou-se lentamente e ao deparar-se com a jovem, cujo rosto encontrava-se banho em lagrimas, sorriu, aliviado. Não pelas suas lagrimas, mas pelo olhar caloroso e amoroso que ela lhe emanava.
–Emma eu...
–Raoul... –ela murmurou emocionada ao caminhar em sua direção. – Você... me ama?
–Sim – respondeu confiante.
–Isso... não é mentira, é?
–Não consigo mentir tão bem assim. – aproximou-se dela e a olhou – eu te amo, Emma.
–Raoul..
–Não se atreva a fugir de mim novamente. – tornou autoritário.
Ambos se olharam de forma terna ao se abraçarem. Não houve beijos, apenas olhares carinhosos e um carinho amoroso. Aquela declaração havia acabado com as inseguranças da jovem e deixado o coração do homem frio leve. Ele havia admitido amar pela primeira vez e isso o estava deixando nas alturas. Raoul acariciou as costas dela apoiando a sua cabeça na dela. Um sorriso gentil brotou em seus lábios.
–Eu estava louco procurando por você. Não faça mais isso – ele murmurou.
–Não farei..
–Não se afaste de mim, novamente.
–Não farei.. – prometeu emocionada – mas.. não minta mais para mim.
–Eu prometo – falou sincero sem dar-se conta de que não fazia isso há algum tempo com ela. Sem perceber havia abaixado todas as barreiras. Enzo olhou para o casal e suspirou, não de frustração, mas de decepção. Ele havia esperado por tanto tempo que ela lhe olhasse daquela forma recebendo apenas compaixão e amizade dela.
–Já está na hora de parar. Eu não consigo mais – Enzo murmurou para si ao virar de costas e sair do seu apartamento com o coração aos pedaços.
***
–Mais uma vez sozinho, mas dessa vez não me sinto tão mal – Enzo murmurou ao levar o copo com uísque aos lábios. Olhou em volta a procura de algum conhecido, mas sorriu consigo mesmo ao perceber não ter ninguém – realmente sozinho.
Christina não sabia o motivo que havia a levado para aquele bar no centro da cidade com as amigas, mas assim que sentou-se em uma mesa avistou um homem solitário no bar.
–Isso só pode ser alguma brincadeira – ela murmurou sorrindo.
–Encontrou alguém? – uma das mulheres indagou sorridente ao olhar em volta – é bonito?
–Não é ninguém – Christina disse sorrindo – o que vamos pedir? – começou a conversar com sua amiga, entretanto a sua atenção estava no homem solitário sentado no bar. Após uma hora, deu-se por vencida – Tenho..que falar com uma pessoa, me espera? – levantou-se após suspirar profundamente. Caminhou entre as pessoas e parou ao lado de Enzo – A mesma bebida que ele – pediu ao barman, o qual assentiu.
–Christina – Enzo disse ao olhar para o lado e vê-la sorrir para ele – o que faz aqui?
–Estou com uma amiga e você?
–Bebendo como sempre – murmurou ao erguer o copo na direção dela.
–Não deveria estar mais feliz? Quero dizer, está em um local animado, a musica é ótima e está cheio de gente bonita. É realmente estranho estar tão deprimido.
–Eu não estou deprimido – a corrigiu – estou... um pouco aliviado, eu acho.
–Com o que?
–Com Emma.
–Vocês.. Estão juntos? – indagou com medo do que escutaria, mas ao vê-lo sorrir enigmático sentiu um bom pressagio.
–Juntos? Talvez fiquemos estranhos um com o outro agora, ou apenas nos daremos melhor. Quem sabe?
–Não esta falando nada com nada – bufou ao sentar ao seu lado quando um banco foi vago.
–Ela está com Raoul. Eles estão bem e juntos.
–E você aqui, solitário, bebendo – falou sem conseguir-se se conter – me perdoe.
–Pelo o que? É a verdade – sorriu – mas pelo menos não estou tão só, afinal está aqui comigo.
–Sim – assentiu feliz – então ficará bebendo a noite toda aqui?
–Não sei e você ficará me acompanhando? – indagou esperançoso.
–Não, vim acompanhada, seria errado deixá-la pra ficar com você.
–Acompanhada?
–Pela minha amiga – olhou para trás e a viu olhar para os lados entediada – é melhor eu ficar. Foi ótimo revê-lo, Enzo e se cuida, sim? – virou-se de costas, mas logo sentiu o seu braço ser puxado.
– Isso soa como uma despedida, é assim mesmo?
–Talvez – sorriu levemente ao olhar para o rosto dele – Enzo, não precisa se agarrar tanto a mim assim. Logo tudo ficará bem e não precisará mais se preocupar com isso.
–Me.. agarrar a você?
–Sim, sei que esta assim comigo porque esta triste pelo o que houve, mas não se preocupe. Tudo ficará bem e.. – antes que pudesse terminar, Enzo se levantou e a puxou para si, a beijando calorosamente – o.. porque fez isso? – perguntou nervosa logo que ele se afastou.
–Eu não sei, apenas.. senti que seria o certo.
–O certo? Você esta apenas triste e carente – soltou-se dele e o encarou seriamente – não faça mais isso, por favor.
–Christina.. eu..
–Não importa. Deixe para lá. –virou-se de costas a fim dele não perceber os seus olhos marejados. Ela não queria admitir, mas havia se apaixonado por ele. Havia se apaixonado por um homem que nunca teria. Caminhou em direção a sua amiga tentando não olhar para trás. Ela desejava que tudo acabasse rápido e pudesse sair dali para nunca mais vê-lo. – Me desculpe, demorei mais do que havia imaginado – disse ao olhar para a sua amiga, a qual apenas sorria – porque esse sorriso?
–Bem...presumo que eu deva te deixar só – falou ao levantar-se – leve-a para casa e cuide dela – olhou para atrás de Christina e disse sorrindo – divirta-se.
Christina temeu olhar para trás e ver Enzo, mas não precisou o fazer, pois ele logo ficou em sua frente com uma expressão estranha no olhar.
–O..que foi?
–Já nos beijamos, não foi? – Enzo indagou com um sorriso no rosto – quando bebo demais costumo esquecer as coisas, é verdade, mas não todas.
Christina empalideceu ao escutá-lo. Fingiu não estar abalada, mas ao perceber que ele se aproximava dela, começou a caminhar para trás não demorando para se esbarrar em alguém.
–Enzo.. eu.. não sei do que esta falando.
–Idiota – Enzo murmurou ao segurar em sua cintura e a puxá-la de encontro ao seu corpo – não estou fazendo isso para esquecer Emma e nem quero que pense isso. Admito que estou me precipitando, mas de alguma forma sei que é o certo.
–Enzo está louco? Me solte.
–Não posso. Me lembrei que te beijei e que dormimos juntos.
–NN..Nunca fizemos nada disso.
–No principio achei que tinha sido um sonho, mas com o seu beijo recordei-me de tudo.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Lição de Amor